Um problema difícil.

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*Nota: Inspirado numa daquelas historinhas do aplicativo "duolingo".

[ ... ]

Daniel tinha um problema e somente Anderson poderia ajudá-lo.

Colegas de sala na faculdade, fizeram amizade muito rápido e saber que teriam a companhia um do outro era o maior dos incentivos para comparecerem as aulas.

Adoravam conversar, trocar ideias, contar piadas enquanto prestavam atenção nas aulas e faziam anotações. Todos, alunos e professores sempre ficavam impressionados que mesmo os dois não calando a boca um segundo sequer durante as aulas e explicações, eles conseguiam ficar entre as maiores notas da sala em todas as provas e trabalhos.

Tanto Anderson, quanto Daniel com o passar dos dias, semanas e meses foram se conhecendo mais e mais, amando a companhia um do outro durante as aulas, ficando mais próximos e descobrindo que tinham muitas coisas em comum e querendo muito conversar num ambiente fora da sala de aula, fora da faculdade; E ambos sempre pensavam em chamar o amigo para sair, porém nunca chamavam com medo de que o outro entendesse errado e achasse que estava sendo convidado para um encontro e se sentisse constrangido e assim, a amizade deles iria por água abaixo.

Tanto Daniel, quando Anderson tinham certo interesse romântico um no outro, mas o medo de ser rejeitado e acabar estragando a relação entre eles era maior e então não conseguiam marcar nenhum encontro.

Porém Daniel estava disposto a mudar isso, apesar do medo de estragar tudo.

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Anderson chegou cedo na sala, sendo um dos primeiros a entrar e sentar-se no lugar de sempre. As poucas pessoas que já estavam ali mantinham suas caras enfiadas dentro dos livros e cadernos, pois teria outra prova bem importante e difícil hoje. Ele estava tranquilo, tinha estudado bastante e sabia muita coisa do conteúdo. Optou então por ficar apenas sentado, esperando Daniel aparecer.

E passados poucos minutos, Daniel adentrou a sala de aula. Anderson sorriu assim que o viu; Contudo, seu sorriso foi desaparecendo ao notar que o amigo estava com a expressão meio séria e perdida no rosto e não retribuiu o sorriso. Anderson ficou preocupado no mesmo momento.

Daniel andou até ele, sentando-se ao seu lado e deixou sua mochila no chão, perto dos seus pés.

─ Ei, Andy... – disse com a voz totalmente desanimada, olhando para a própria mesa.

─ Você está bem, Dani? – perguntou Anderson cuidadosamente.

Daniel suspirou.

─ Na verdade, eu tenho um problema... – respondeu, levantando a cabeça, encarando Anderson.

─ Bem... Quer dividi-lo comigo? Talvez eu possa ajudar. – sugeriu.

Daniel mordeu o lábio inferior por dentro da boca, torcendo para Anderson não ter reparado. Daniel estava nervoso, mas prometeu para si mesmo que nada iria atrapalhar seu plano.

─ Hm... Eu acho que você pode me ajudar sim... – disse, ainda mantendo seus olhos em Anderson.

─ Você fez a pesquisa que o professor pediu? – perguntou. Tudo bem que Daniel nunca tinha esquecido de fazer nada até agora, mas sempre tem uma primeira vez para tudo. – Se foi isso, eu te empresto a minha e você copia, mudando pequenas coisas. Tenho certeza que o Paulo nem vai perceber! – terminou animado, mas percebeu que Daniel não tinha mudado sua expressão.

─ Não é isso, Andy... – Daniel suspirou. – Eu fiz a pesquisa sim.

─ Ah... – Anderson refletiu por alguns momentos. – Você tá pronto pra prova? – sem esperar Daniel respondê-lo, continuou. – Além de você ser super inteligente, eu sei que você estudou muito, então não tem com o que se preocupar! – afirmou numa voz otimista. – Mas se você quiser cola, eu te passo sem problemas. – finalizou, recebendo outro suspiro cansado de Daniel, junto com um risinho.

─ Andy, você é ótimo... – disse, percebendo o amigo sorrir timidamente. – Mas eu estou pronto pra prova sim. – afirmou com a voz desanimada, mantendo o personagem e torcendo para Anderson seguir todo o roteiro que já tinha planejado na sua cabeça.

─ Bem, então... Ah... – Anderson novamente pensou por alguns momentos. - ... Você precisa de uma... caneta? – questionou, já ficando sem ideias.

─ Eu tenho uma caneta, mas obrigado, Andy. – respondeu, deixando Anderson com uma expressão confusa no rosto.

As pessoas estavam chegando aos poucos na sala, tomando seus lugares e abrindo os livros e cadernos, estudando por mais alguns minutinhos.

─ Então qual é o problema, Dani? – questionou com a voz levemente confusa, preocupado e curioso.

Daniel respirou fundo, juntando toda a coragem que tinha. O plano estava quase finalizado e ele só torcia para que Anderson seguisse o roteiro.

─ Eu tenho dois ingressos para o cinema amanhã... – falou, observando a expressão de confusão no rosto de Anderson ficar ainda mais evidente.

─ E isso é um problema? – Anderson estava realmente perdido.

─ Sim! Mas você pode me ajudar! – Daniel exclamou num tom não muito alto para não atrapalhar as pessoas que estavam estudando, sentindo o coração começar a acelerar e suas mãos suarem.

Anderson definitivamente estava confuso e antes que ele falasse algo, Daniel continuou.

─ Você pode ir comigo! – disse no mesmo tom de antes, porém um pouquinho mais baixo, sentindo o coração completamente acelerado e seu rosto ameaçando esquentar.

Anderson arregalou os olhos, surpreso pela solução para o tal problema. Abriu a boca, mas logo a fechou, ainda em choque e sem saber o que responder. Era isso mesmo? Daniel estava o chamado para um encontro fora da sala de aula? Daniel estava o chamando para sair?

Daniel podia jurar que seu coração podia pular para fora do seu peito a qualquer momento. Suas mãos suavam mais, mas ele as limpou na calça, desviando seus olhos dos de Anderson, que agora estava entendendo que, ao que tudo indicava, Daniel queria sair com ele, tanto quanto ele queria sair com Daniel, mas aparentemente, os dois tinham o mesmo medo e receio de serem rejeitados e estragar tudo.

Ao constatar que era isso mesmo, sentiu seu rosto quente, sabendo que tinha as bochechas rosadas. Com um pequeno e bobo sorriso, falou meio sem jeito:

─ Ah... Claro! – exclamou, chamando a atenção de Daniel que ao ouvir a resposta, voltou a encarar Anderson e ao perceber as bochechas coradas dele, sentiu o próprio rosto esquentar mais, sabendo que agora ele estava igual ou pior que o amigo. – Sim, eu posso ajudar você com esse problema! – Anderson afirmou, sentindo o coração bater mais rápido ao ver que Daniel também estava corado e que ele sorria timidamente.

Eles estavam nervosos, felizes e levemente envergonhados, continuando a se encarar. Não sabiam direito o que falar no momento, porém para a sorte deles, o professor havia entrado na sala, já anunciando a prova.

Ambos trocaram mais um sorriso tímido, olhando nos olhos um do outro enquanto os outros estudantes pediam um pouquinho de tempo a mais para poderem estudar mais, pedido este que foi negado pelo professor.

A prova estava entregue e enquanto a turma toda se lamentava tentando responder da melhor forma possível as questões, Anderson e Daniel não tinham tantas dificuldades quanto os colegas. Porém, sem sombra de dúvidas, essa era a prova que ambos estavam com mais dificuldade de se concentrar até o momento, pois os dois estavam com a cabeça meio nas nuvens, lendo e interpretando as perguntas com sorrisos completamente idiotas na cara e ás vezes, se olhavam de canto de olho, felizes esperando pelo amanhã chegar logo.

Daniel estava tão aliviado e contente pela primeira etapa do seu plano ter dado certo e apenas torcia para que a próxima fase fosse tão boa quanto a primeira. Se tudo desse certo e saísse como o planejado, o cinema renderia vários beijinhos e muitos mais encontros com Anderson daqui pra frente.

One Shots - BarbixasOnde histórias criam vida. Descubra agora