Bar.

1.1K 67 259
                                    

*Nota: já peço desculpas, pois isso aqui está meio/bastante/muito triste. De qualquer forma, boa leitura a quem for continuar. <3

*Desculpem qualquer erro na escrita.

Pov Narrador

Era uma sexta-feira que amanheceu ensolarada. Para muitos, esse é o famoso #sextou, onde depois do trabalho, já começa o final de semana.

Para Elídio, sexta-feira é o melhor dia da semana. Não é que ele não goste do seu emprego, ele gosta sim, pois trabalha e mora junto com seus melhores amigos desde a época do colégio: Anderson, Eduardo e Marco. Os quatro trabalham juntos na produção dos teatros da cidade. São os responsáveis por quase tudo e dividem as tarefas entre si, cuidando desde os bastidores dos teatros, até as redes sociais, olhando quem o público quer assistir e assim mantém seu negócio.

Como a semana deles é sempre muito corrida, é um alívio quando chega na sexta, quando finalmente podem descansar. Mas ao invés de irem para casa, eles saem do escritório do teatro depois de um dia cheio e vão para um barzinho, o de sempre, o tradicional Bar do Seu Antônio. E isso já dura uns 2 anos.

Apesar de ser feliz trabalhando nos teatros, o que Elídio mais gosta de fazer é tocar samba e pagode com seus amigos. Assim que entra no bar com seus amigos, seu Antônio, que já tem certa idade, abre um sorriso assim que os olha, pois sabe que agora terá música até as 04:00hrs da manhã, horário que fecha seu bar. Elídio o cumprimenta com um abraço e pede uma rodada de cervejas para sua mesa, dizendo que dessa vez vai pagar, mas como sempre, Antônio não o deixa fazer isso.

─ Hoje eu quero pagar, e o senhor não vai me impedir! - disse sério, mas tudo que recebeu foi um sorriso.

─ Meu querido, você me paga tocando essas músicas. A melhor parte da minha semana é escutar vocês tocarem. - falou Antônio. - Não precisa pagar nada, a cerveja e tudo que pedirem é por conta da casa, como sempre. - finalizou.

Elídio somente aceitou, abraçando novamente o senhorzinho. Sentia falta de sua família de sangue, mas tendo Antônio e seus amigos, a saudade amenizava. Eles também são sua família. Foi até sua mesa, brindando seu copo com seus amigos. O bar estava relativamente cheio, então logo pegaram seus instrumentos e começaram a tocar. Alguns casais dançavam, outras pessoas cantavam junto, e também pediam músicas. Definitivamente, sexta-feira é o melhor dia para ele. Qualquer um que o olhasse via sua alegria ao tocar. Elídio é a alegria em pessoa.

Mas nem todo mundo gosta da sexta-feira. Enquanto de um lado da cidade estava rolando festa, do outro lado não era a mesma coisa.

Daniel, um homem sem amigos, de poucas palavras. Desistiu de si mesmo já tem muito tempo. Trabalha num escritório, fazendo a contabilidade. Não se importa com nada, desistiu de tudo e todos. Ele tem direito a uma folga por semana, e sempre escolhe quinta-feira. Na sua folga, passa o dia todo no Bar do Seu Antônio, literalmente o dia todo. Chega ás 10:00hrs e vai embora 23:00hrs. Só não fica até o amanhecer porque precisa ir para o trabalho no dia seguinte. Ele gosta de ir ao bar ás quintas-feiras porque sempre está muito vazio. Sabe que ninguém bebe numa quinta, todos vão na sexta, sábado e também domingo.

É sempre a mesma coisa: chega ao bar, senta-se no balcão ou numa mesa, e bebe, na companhia de Antônio. Só assim para esquecer sua vida. Daniel sofreu grandes desilusões amorosas. Em todos seus relacionamentos foi traído. Decidiu desistir das pessoas, incluindo sua família. Quando se assumiu gay, com 22 anos, não foi aceito. Seu pai bateu muito nele e o expulsou de casa, e sua mãe só sabia falar que ele não era mais seu filho. Era um qualquer. Um estranho.

No dia seguinte, mudou-se de cidade, vindo para onde mora atualmente. No mesmo dia que chegou na nova cidade, entrou num bar qualquer. Sentou-se numa mesa isolada e bebeu muito, até não lembrar seu nome e desmaiar na mesa. No outro dia, acordou num quartinho, com muita dor de cabeça. Lembrou-se do dia anterior e começou a chorar. Um senhor entrou no quarto, o abraçando. Daniel estava confuso, como chegou ali? Mas não perguntou nada, apenas aceitou o abraço. O homem o acalmou, deu um comprimido para dor de cabeça e explicou que ele bebeu tanto na noite passada, que passou muito mal. Como estava sozinho, decidiu ajudá-lo, pois parecia ser uma boa pessoa. Contou também que Daniel lembrava seu antigo filho, que infelizmente faleceu.

One Shots - BarbixasOnde histórias criam vida. Descubra agora