A sombra de uma consciência culpada

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Depois de me acalmar e retomar o controle das minhas emoções, voltei para a mansão dos Azumabito, ciente de que devia milhões de desculpas à senhora Kiyomi. No entanto, minha maior preocupação era Aurora e Luz. Entrei sorrateiramente na mansão, procurando por ambas, e o que encontrei partiu meu coração ainda mais.

Os corredores silenciosos pareciam ecoar a solidão que pairava no ambiente. À luz tênue das lanternas, percorri os corredores em busca de qualquer sinal de vida. A cada passo, minha apreensão aumentava, e a atmosfera sombria da mansão amplificava minhas preocupações.

Ao chegar ao quarto de Aurora e Luz, a porta entreaberta revelou uma cena que fez meu coração se contrair. Luz estava de pé próxima à janela, observando o horizonte com apreensão. Deitado na poltrona próxima à lareira estava Zeke, que havia se recomposto em questão de vestimenta e se regenerado dos ferimentos que eu o causei. Seu olhar era melancólico e vazio, refletindo as tempestades emocionais que certamente o assolavam.

No colo do loiro estava minha pequena Aurora, que parecia ainda agitada, com seu rosto avermelhado e os olhinhos molhados. Mesmo assim, ela parecia ter se acalmado e estava agora sonolenta.

Ao ver a cena, percebi que, de alguma maneira, eles não precisavam de mim naquele momento. O descontrole que eu havia manifestado era o catalisador de todos os problemas, e embora Zeke também compartilhasse sua parcela de culpa, ele permaneceu, cuidando delas e assumindo a responsabilidade pelo estrago das últimas horas. Enquanto isso, eu fugi, afastando-me para longe na tentativa de evitar causar mais danos. Era um padrão meu, escapar das pessoas sob a desculpa de que estava fazendo isso para o bem delas. A verdade, no entanto, era que eu nunca aprendi a lidar com meus sentimentos, e, por isso, a fuga tornou-se meu refúgio habitual.

Saí silenciosamente da mansão e fiquei observando-os de longe. A distância permitia-me testemunhar a dinâmica que se desdobrava entre Zeke, Luz e Aurora sem interferir. O loiro cuidava delas com uma atenção e ternura que eu talvez não fosse capaz de oferecer naquele momento de desequilíbrio emocional.

Enquanto os observava, uma mistura de emoções tumultuava dentro de mim. O peso da responsabilidade e a percepção de que minha presença poderia, na verdade, ser mais prejudicial do que benéfica atormentavam meus pensamentos.

Com o nascer do dia, eu e Zeke mantivemos nossos respectivos papéis. Ele dedicava-se ao cuidado da preciosa família que havia construído, enquanto eu permanecia exilada, afastando-me por conta de minha consciência autodestrutiva. O sol iluminava a mansão dos Azumabito, trazendo uma nova luz ao ambiente que contrastava com a tempestade emocional que ainda persistia dentro de mim.

Longe dos terrenos da embaixada na nação de Hizuru, eu podia ouvir o barulho festivo do festival que estava acontecendo em Liberio. Os ecos distantes das celebrações chegavam até mim. Em poucas horas, pude testemunhar Luz e Aurora embarcando em um automóvel, acompanhadas da senhora Kiyomi e de Zeke. O veículo seguiu até o porto, onde caixas e malas foram cuidadosamente carregadas para dentro do navio.

Não tive tempo de passar as instruções corretas para Luz sobre como chegar a Sina e as precauções que ela deveria tomar. Sabia que a senhora Kiyomi havia designado um de seus seguranças de confiança para acompanhá-las quando desembarcassem em Paradis, mas ainda assim, eu tinha minhas preocupações.

Vi que Zeke permaneceu próximo a Rory e Luz pelo máximo de tempo que pôde, mas em determinado momento, ele precisou voltar para suas obrigações como militar de Marley. Aproveitei o momento para invadir o navio. Escrevi uma carta detalhada para Luz, pedindo perdão por tudo o que aconteceu. Também fiz um cartão com pedidos de desculpa para a senhora Kiyomi. Coloquei as cartas sorrateiramente em seus pertences.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora