Honra, Promessas e Cicatrizes

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Com uma sensação de retorno à realidade, percebi que estava novamente em meu próprio corpo, vestindo as mesmas roupas que usava antes de ser incinerada pelos Titãs Colossais. Com cuidado, segurei Zeke com apenas um dos braços, apoiando sua cabeça em meu peito. Com a outra mão trêmula, desabotoei o fecho da capa e gentilmente a coloquei sobre o que restava dele.

Caminhei em meio à neblina por algum tempo, incapaz de enxergar claramente o que estava à minha frente. O silêncio ao meu redor era ensurdecedor, e a névoa densa parecia abafar qualquer som. No entanto, após algum tempo, comecei a perceber o som turbulento do mar, ecoando ao longe.

Ao alcançar a praia, deparei-me com uma imensidão desolada que outrora havia sido um dos movimentados portos de Marley. A areia se estendia à minha frente, varrida pelo vento e marcada apenas por vestígios do que um dia fora uma importante rota comercial. Destroços de navios naufragados jaziam à beira-mar, testemunhos silenciosos dos conflitos e da destruição que assolaram esta terra.

O som das ondas batendo contra a costa ecoava tristemente, como um lamento pela perda da vida que um dia prosperara neste lugar. Observando a vastidão desolada diante de mim, senti uma mistura de melancolia e determinação. Este era um cenário que testemunhara o peso da história e o preço da guerra.

À deriva, sem destino ou tripulação, um pequeno barco balançava suavemente ao sabor das ondas, como um testemunho solitário de dias melhores. Apesar da solidão que o envolvia, sua estrutura permanecia milagrosamente intacta. Com cuidado, envolvi meu companheiro com firmeza na minha antiga capa e o coloquei em um local seguro, antes de me lançar no mar revolto e nadar até alcançar a pequena embarcação.

Com habilidade, consegui subir a bordo do barco e o guiei até a costa, ancorando-o onde encontrei uma área estável. Peguei a cabeça decepada de Zeke e estava prestes a subir a bordo da embarcação quando avistei uma silhueta se aproximando.

Os cabelos curtos e negros, dançando ao vento, e a expressão serena, porém determinada, denunciavam a figura familiar que se aproximava. Mikasa e eu, em silêncio respeitoso, nos preparamos para levar nossos entes queridos de volta para casa, onde poderiam finalmente descansar em paz.

Com uma sensação de choro instalada em mim, embora já tivesse derramado todas as lágrimas, segurei Eren com cuidado enquanto caminhávamos pela areia. Mikasa parecia surpresa ao me ver ali, mas não hesitou em mostrar quem estava carregando. Assim que vi Eren em seus braços, uma onda de tristeza me inundou, embora nenhum pranto escapasse dos meus olhos naquele momento.

Estávamos em alto mar quando ela me questionou sobre o que eu carregava com tanto cuidado. Fiquei sem jeito, mas não pude deixar de mostrar a ela. Durante nossa jornada pelo vasto oceano, pude explicar a ela sobre a visão que tive, mesmo que meus motivos não estivessem completamente claros para mim mesma. Mikasa ouviu em silêncio, absorvendo minhas palavras. Apesar de não compreender totalmente, ela simplesmente concordou. E assim, seguimos viagem, cada uma de nós carregando os últimos Yeagers e os precursores da maior devastação do mundo.

Ao chegarmos a Paradis, seguimos caminhos distintos. Mikasa compartilhou comigo onde pretendia enterrar Eren e me convidou a visitá-lo sempre que quisesse. Agradeci-lhe sinceramente pelo gesto e segui meu próprio caminho, rumo ao meu destino.

Minha jornada até Sina foi longa e cansativa, como de costume. Evitei os militares a todo custo, navegando pelos caminhos menos frequentados e mantendo-me oculta. Quando finalmente cheguei às terras da minha família em Sina, estava exausta em todos os sentidos - física, mental e emocionalmente. Luz, minha fiel companheira, recebeu-me com alegria e trouxe minha amada filha consigo, correndo ao meu encontro com um sorriso radiante no rosto.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora