Mundo Perfeito

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Ao despertar, encontrei Levi ainda adormecido. Com ternura, ajeitei a coberta sobre ele e depositei um beijo suave em sua testa. Com passos silenciosos, saí da cabine e me dirigi ao convés, onde percorri o navio em absoluto silêncio. Encontrei um local aparentemente deserto e, recostando-me na amurada, entreguei-me à contemplação tranquila do mar.

Meus pensamentos seguiam um ciclo incessante, sempre aprisionados às mesmas reflexões, enquanto a culpa corroía minha mente. Cada lembrança parecia um eco constante, ressoando em minha mente e alimentando a culpa, que se entranhava cada vez mais fundo. Eu tentava escapar desse ciclo vicioso, mas as sombras do passado persistiam em me envolver. A brisa marinha tentava acalmar meu espírito inquieto, mas a tormenta interna persistia.

De repente, uma voz feminina interrompeu meus pensamentos.

— Você é a S/n, certo? — ouvi a voz chamar. Voltei minha atenção para a pessoa e deparei-me com uma jovem mulher de estatura consideravelmente baixa, cabelos curtos e loiros. Seu rosto apresentava uma forma oval, olhos azuis, um nariz afilado e pele pálida. — Armin e Jean me falaram sobre você. — A voz da mulher soou com curiosidade, enquanto seus olhos azuis buscavam os meus em busca de confirmação.

— Se você já sabe quem eu sou, por que veio me importunar? — Retorqui, a frustração misturando-se com a perplexidade em minha expressão.

A mulher pareceu surpresa com minha resposta direta. Seus olhos azuis encontraram os meus, e por um momento, houve um silêncio tenso entre nós, como se a brisa marinha também tivesse decidido respeitar o impasse.

— Não é minha intenção incomodar, S/n. Eu apenas gostaria de te agradecer. Por anos, você conversou comigo enquanto eu estava presa naquele cristal. Eu estava tão sozinha que pensei que iria ficar louca, mas você, Armin e Hitch sempre vinham me contar histórias. Obrigado. — Ela expressou com gratidão, rompendo a barreira de tensão no ar.

— Ontem, você me questionou sobre meus motivos para falar com você, considerando que nós duas não chegamos a nos conhecer. — recordei-me de nossa conversa anterior. Annie apenas assentiu em um gesto simples. — Foi para isso que veio me procurar?

Annie manteve seu olhar firme, como se ponderasse cuidadosamente sobre como expressar seus pensamentos.

— Sim, em parte. Eu queria não apenas agradecer, mas também entender melhor a pessoa que compartilhou aquelas histórias durante anos com uma "pedra" sem qualquer reação — ela admitiu, revelando um tom de curiosidade e apreciação genuína.

— Basicamente, aqueles que te conheciam viviam fazendo comparações entre nós duas, diziam que tínhamos a mesma personalidade solitária... — compartilhei meus motivos com a loira, deixando transparecer um indício de melancolia em minhas palavras — Fui ingênua e pensei que talvez não fosse tão ruim se fizéssemos companhia uma para a outra. Eu precisava desabafar com alguém sem ter que tomar cuidado com cada palavra que proferisse, e você precisava de algo para manter a lucidez.

Annie ouviu atentamente, seus olhos azuis refletindo compreensão diante da revelação. O silêncio pairou por um momento, como se as palavras ditas ainda ecoassem entre nós.

— De qualquer maneira, obrigado — expressou Annie.

O agradecimento de Annie ecoou no ar, e por um instante, percebi que havia uma conexão singular entre nós, algo que ia além das comparações superficiais que os outros faziam. Um entendimento mútuo começava a se formar, alimentado pela solidão compartilhada e pelas histórias que trocamos mesmo em circunstâncias tão singulares.

— Não há de quê. Se você precisar conversar ou simplesmente ficar em silêncio, estou aqui — respondi, permitindo que uma ponta de empatia suavizasse a tensão que existia entre nós.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora