Um longo sonho

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Levantei-me com dificuldade, tentando entender o que havia acontecido. Observei minhas mãos, minhas pernas, tudo em meu corpo havia voltado ao normal, até mesmo meu cabelo. Dei um pequeno suspiro de desânimo e, em seguida, um sorriso grato. Finalmente acabou.

A batalha havia chegado ao fim e eu estava de volta à minha forma humana. Olhei ao redor, vendo meus companheiros também retornando à sua forma original. O alívio era palpável no ar enquanto nos recuperávamos do tumulto da batalha.

No entanto, as palavras que ecoaram na minha mente trouxeram uma pontada de tristeza. "Para o menino que buscou a liberdade, adeus." O sacrifício do vilão não seria esquecido, e agora era nossa responsabilidade honrar sua memória e garantir que seu legado não fosse em vão.

Com um coração pesado, mas cheio de determinação, ergui-me ainda me vendo em volta de muita neblina, mas em meio ao nevoeiro, podia ver silhuetas e sentir algo estranho, como se aquelas figuras me observassem. O ar estava carregado de tensão e incerteza, mas também de uma sensação de renovação.

Com passos firmes, avancei através da neblina, as silhuetas foram ficando mais nítidas, as figuras desconhecidas ganharam rostos. Lado a lado, vi uma fileira de mulheres de todas as idades se formar, mas nenhuma delas era familiar para mim.

O olhar delas era gentil e amável, mas também havia uma aura de compaixão e força. Elas tinham uma aparência parecida umas com as outras, o que as diferenciava eram suas roupas que aparentavam ser de gerações diferentes. No entanto, havia algo que se destacava entre elas, algo que eu conhecia muito bem.

Não importava de qual forma era usado, seja como adorno em uma coroa, um broche ou uma joia, aquele cristal continuava sendo o mesmo: o cristal de Ymir, o cristal que foi destruído sob a minha posse.

Eu não as conhecia, mas aquelas mulheres eram minhas ancestrais, todas aquelas que receberam o título de Rainha dos Demônios. A descoberta deixou-me sem palavras, uma mistura de surpresa, admiração e uma sensação de conexão profunda com o passado e a linhagem que me precedia.

Segui a fileira que se estendia, e a cada mulher que eu passava, fazia-lhe uma reverência em reconhecimento à linhagem que se seguiu e à responsabilidade que recaía sobre meus ombros como a última Rainha. Cada gesto era carregado de respeito e gratidão pelo legado que elas representavam, pelo peso da história que elas carregaram.

Quando finalmente cheguei à última mulher, senti uma familiaridade instantânea. Seus olhos encontraram os meus e, por um momento, pareceu que o tempo parou. Em seu rosto, vi traços de todas as mulheres que vieram antes dela, uma amalgama de todas as rainhas que moldaram nossa linhagem.

Um nó se formou em minha garganta enquanto as lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas. Fazia quantos anos desde a última vez que eu a vi? Naquele maldito dia quando ela me deixou, no dia em que eu roubei o cristal da sua mala. Eu não sabia que aquilo mudaria nossas vidas para sempre.

— Há quanto tempo, mãe? - murmurei, deixando que as palavras escapassem em um sussurro trêmulo.

Seus olhos, tão familiares, encontraram os meus com uma intensidade que me tirou o fôlego. Havia uma mistura de tristeza e amor em seu olhar, uma história inteira contida naquele único momento de reconexão.

Ela apenas sorriu para mim, e eu estendi minha mão tentando tocar seu rosto, buscando o último abraço que nunca tivemos. Mas sua imagem vacilou entre meus dedos, dissipando-se como um sonho ao amanhecer. Com um soluço sufocado, caí de joelhos diante dela, coloquei minhas mãos em frente ao rosto e fechei os olhos, tentando segurar o momento por mais tempo, sabendo que era apenas um vislumbre fugaz.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora