Freedom Wings - Levi Ackerman

Entrelaçados Nos Caminhos

De onde estávamos, vi um Titã vindo da floresta se aproximando. Ele se arrastava sem ter o movimento das pernas, e isso era a última coisa que eu precisava. O Titã ignorou Levi e eu, indo em direção a Zeke. Por instinto, segurei o corpo de Levi com apenas um dos braços e com o outro criei um dardo de cristal do tamanho suficiente para acabar com o Titã. No entanto, antes de lançá-lo, percebi que o Titã agia de forma estranha. Aquele monstro abriu sua própria carne e entranhas antes de pegar o que restava do corpo de Zeke e o colocar dentro de si.

Um arrepio percorreu minha espinha enquanto testemunhava a grotesca cena diante de mim. A imagem era surreal e macabra, um espetáculo que desafiava a lógica. Em meio à minha perplexidade, uma terrível compreensão começou a se formar em minha mente: aquilo era obra de Ymir, a fundadora. Jamais deixaria que algo acontecesse a um descendente de sangue real; assim, ela salvaria Zeke. Por outro lado, ela não se importava com o destino dos demais Eldianos, e nesse aspecto, deixaria Levi à própria sorte.

Eu não podia aceitar um destino como esse. Sempre tive acesso livre aos caminhos, mas nunca quis depender deles ou de Ymir para qualquer coisa. No entanto, neste caso, é diferente. Pela primeira vez na vida, desejo entrar nos caminhos. Sei que lá poderei curar o corpo de Levi.

Com essa determinação em mente, concentrei minha energia, buscando acessar os caminhos. Fechei os olhos, mergulhando na escuridão interior, esforçando-me para transcender a realidade física.

Ao adentrar os caminhos, uma sensação única de conexão com o tecido do tempo e espaço envolveu-me. Minha presença tornou-se etérea, desprendendo-se das limitações do mundo físico. Nesse plano transcendental, buscava apenas curar meu amado capitão e, em seguida, partir dali o quanto antes. Não sabia qual seria o destino que meu corpo tomaria enquanto eu estivesse ali.

Eu não fazia ideia do que fazer, mas segui meu instinto. Coloquei Levi deitado sobre a areia alva, preenchendo suas feridas com aquela mesma areia. Enquanto trabalhava freneticamente para preencher as feridas de Levi com a areia dos caminhos, minha mente estava em alerta máximo. Cada segundo parecia uma eternidade, e eu sentia uma urgência crescente em completar a cura antes que algo indesejado acontecesse.

O corpo de Levi repousava frágil diante de mim, e minhas mãos moviam-se com uma mistura de desespero e determinação. As feridas começaram a se fechar lentamente, à medida que a areia dos caminhos agia como um agente de cura transcendental.

O ambiente ao redor permanecia envolto em uma atmosfera misteriosa, e minha preocupação com a presença da fundadora aumentava a cada instante. Enquanto continuava a minha tarefa, mantive um olhar vigilante, temendo qualquer interferência indesejada.

Meu coração congelou quando comecei a ouvir passos na areia. Eu tinha noção de que Ymir deveria estar furiosa comigo. Eu prometi que viria até ela mais vezes desde que me lembrei de toda a história que envolvia nosso mundo, mas eu não cumpri essa promessa. Muito antes da minha fuga, eu havia me afastado da fundadora.

A presença de Ymir era palpável, e eu sentia o peso de sua ira pairando sobre mim enquanto continuava a minha tarefa de curar Levi. Cada passo que se aproximava intensificava a ansiedade em meu peito.

Continuando com minhas mãos sobre Levi, tentando ao máximo acelerar o processo de cura, Ymir apareceu diante de mim. Ela mantivera aquela aparência infantil, a franja comprida cobria seus olhos, ela carregava um balde de madeira e tinha suas roupas surradas e sujas.

— Você finalmente voltou? — A voz de Ymir ecoou, carregada de descontentamento. Engoli em seco enquanto ela fitava o corpo moribundo de Levi, que se regenerava lentamente com o auxílio dos poderes que os caminhos nos proporcionavam.