Asas Da Liberdade

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Quando a aurora iluminou o horizonte, dirigi-me à cabine de Levi para ajudá-lo a chegar ao hangar. Juntos, equipamo-nos com as armas e os acessórios necessários. Ajudando-o a ajustar os cintos e as fivelas de proteção, notei como a ferida em sua perna o obrigava a permanecer sentado na maior parte do tempo. No dia anterior, ao me despedir da senhora Kiyomi, sugeri a ela a ideia de um mecanismo para a perna de Levi. Mesmo ciente de que não estava em posição de pedir favores, ela concordou em apoiar a iniciativa.

O hangar estava em frenesi com os preparativos para a iminente jornada. Cada membro da equipe estava mergulhado em suas tarefas, e a tensão no ar refletia a gravidade dos eventos prestes a se desenrolar. Ao lado de Levi, eu me preparava para enfrentar o desconhecido.

— Hange! Estaremos partindo em algumas horas! — anunciou Onyankopon, que passara a noite inteira auxiliando os engenheiros de Hizuru.

— Entendido! — respondeu Hange, voltando-se para nós — Ouviu, pessoal?

O chamado de Onyankopon ecoou no hangar, indicando a proximidade do momento crucial.

— Verifiquem seus equipamentos novamente. — Ordenou Levi com firmeza.

A voz de Levi, imponente e autoritária, silenciou a agitação no hangar, centrando a atenção de todos na iminente tarefa.

— Entendido. — Os jovens responderam em uníssono.

Enquanto nos preparávamos, observei Levi. A adaptação ao equipamento tornava-se um desafio sem os dois dedos da mão esquerda. A preocupação era visível em todos, mas a notável habilidade de Levi estava sendo posta à prova pela lesão, embora a determinação em seus olhos permanecesse inabalável.

— ...Dois dedos são suficientes. Não há problema! — afirmou Levi, transmitindo confiança apesar da adversidade.

De longe, os jovens avistaram Annie embarcando no navio, acenando para ela. A indiferença de Levi à partida da loira sugeriria que ele ainda carregava as memórias do confronto com a Titã fêmea, ocorrido quatro anos antes.

Por fim, também acenei para Annie. Diferentemente dos outros, eu não a conhecia do passado e, tecnicamente, não tinha razões para ter algo contra ela. Rapidamente, Annie subiu a bordo do navio, enquanto Pieck e Reiner se aproximavam de nós.

Enquanto Hange conversava com os dois, ajoelhei-me diante de Levi. Era reconfortante observar seus olhos.

— Você está com aquela expressão novamente — ele comentou, tocando meu rosto com delicadeza. — Sempre fico curioso para descobrir o que se passa na sua cabeça.

Levantei os olhos para encontrar os dele, sentindo a familiaridade do toque de Levi. Um sorriso suave brincou em meus lábios.

— Nada jamais será como era antes. Eu simplesmente parti, sem conseguir te explicar... foram as minhas falhas que nos conduziram a este desfecho, e esse é o resultado.

O silêncio pairou por um momento entre nós, como se as palavras fossem inadequadas para expressar a complexidade dos sentimentos que compartilhávamos. Levi segurou minha mão suavemente, transmitindo uma conexão que transcendia as palavras.

— Com certeza não é o momento certo, mas... não acho que daqui pra frente vá haver outra chance de te dar isso — Levi começou a dizer, interrompendo-se brevemente enquanto retirava algo do bolso. — Carrego isso comigo desde o dia em que a Hange me fez comprá-las, a explosão do meu acidente acabou estragando o embrulho, mas elas ainda estão intactas...

Ele estendeu delicadamente as mãos, revelando uma caixinha um pouco surrada. Imaginei o que estaria dentro dela e baixei os olhos, sentindo ainda mais a culpa me consumindo.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora