A Dolorosa Aceitação

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Ao Erwin, ordenei que abandonasse seus sonhos e aceitasse a inevitabilidade da morte, levando consigo os jovens recrutas. A Hange, implorei que entregasse seu coração à causa. Então, por que é tão difícil para mim simplesmente aceitar que S/n se sacrifique?

A resposta sempre foi óbvia, essa verdade é amarga e me machuca. Dizem que aquilo que é bom acaba durando pouco. Talvez isso seja uma explicação, mas não está impedindo as lágrimas de escorrerem dos meus olhos.

Durante o tempo em que ela estava longe, me acostumei a olhar no espelho e vê-la refletida em mim. Nós dois sempre fomos incomuns; ela é o meu reflexo. Tudo o que via era a S/n. Ela é... Ela é o amor da minha vida. Porém, agora só posso pedir para que ela mantenha seus olhos em mim, porque eu não quero perdê-la. Eu sempre escolhi protegê-la.

Quando nossas vidas viraram de cabeça para baixo? Sobreviver foi um milagre ou uma maldição? Às vezes me pergunto se teria sido melhor sucumbir ao caos, do que carregar o fardo de viver neste mundo transformado.

Ah, se não fosse tarde demais, sinto que ainda poderia salvá-la. Como eu gostaria de voltar atrás. Será que não havia outro caminho? Fomos vítimas da malícia deste mundo.

Mas agora, aqui estamos nós, envolvidos pelas garras da circunstância, impotentes diante das escolhas que foram feitas. É como se fôssemos peões em um jogo cujas regras nunca nos foram reveladas. O peso da responsabilidade nos oprime, enquanto nos perguntamos se algum dia poderemos nos redimir dos nossos erros ou se estamos condenados a carregar o fardo da nossa própria culpa para sempre.

Fiquei paralisado ao ver todo o esquadrão correr até Hange, imobilizando-a. Estava tão focado nos garotos que não a vi passar por nós. Foi somente quando Hange me implorou para impedir S/n que minha ficha finalmente caiu. Novamente, ela estava disposta a nos deixar. Mais uma vez, ela quebraria a promessa que me fez.

Com a determinação ardente, avancei em direção a S/n, ignorando as vozes de dúvida que sussurravam em minha mente. Eu não podia permitir que ela se sacrificasse mais uma vez, não podia suportar vê-la partir novamente.

Agarrando sua mão com firmeza, encarei seus olhos, buscando transmitir toda a intensidade do meu desejo: ficar juntos.

— S/n... Eu te amo... — minha voz saiu embargada de mágoa e tristeza. Porque eu não suportaria perdê-la. Estou olhando diretamente para a minha outra metade. O vazio que se instalou em meu coração é um espaço que agora ela ocupa. Mostre-me como continuar a lutar.

Ela passa as mãos com carinho no meu rosto, lágrimas escorriam descontroladamente por seu rosto. Sinto que falhei com ela. Impulsivamente, S/n selou nossos lábios em um beijo doce e ao mesmo tempo melancólico, como em um adeus silencioso.

Se já não fosse tarde demais, juro que agora eu te amaria. Eu te agarraria e não te soltaria mais. Minha dor é não ter te dado o meu amor. Se eu soubesse que isso iria acontecer, teria me entregado completamente para você.

A sensação dos lábios dela nos meus era agridoce, um misto de desespero e resignação. Eu queria poder mudar o curso do destino, arrancar-nos deste triste desfecho, mas o peso das nossas escolhas já havia sido lançado sobre nós.

Mesmo assim, naquele momento efêmero, senti-me completo, como se todas as batalhas e perdas valessem a pena apenas por este instante de conexão pura. Mas o sabor amargo da despedida já se insinuava em nossos lábios, e eu sabia que o adeus era inevitável.

— Eu também te amo, seu nanico ranzinza — S/n disse aquilo com um sorriso verdadeiro nos lábios, o mesmo sorriso que eu esperei receber por tantos anos — Eu juro que vou voltar para você!

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora