Freedom Wings - Levi Ackerman

Traidora

O caminho para Sina se estendia à frente, e enquanto cavalgávamos pela noite silenciosa, o peso das escolhas e segredos compartilhados pairava sobre nós. Levi reclamava e se debatia, mas ele não tinha forças para escapar. Em algum momento, ele desistiu.

A casa da minha família em Sina se erguia imponente, silenciosa sob o manto noturno. O cavalo trotou pela estrada tranquila, e a ausência de curiosos ou observadores permitiu que chegássemos sem incidentes. A cidade, envolta em uma atmosfera serena durante a noite, parecia distante dos tumultos e conflitos que haviam marcado nossa jornada até então.

Desmontei do cavalo, fui até Levi desamarrando as cordas que o prendiam, e com um pouco de esforço, o carreguei. Sua resistência inicial havia cedido ao cansaço, e ele permanecia silencioso, uma sombra de sua presença normalmente assertiva. Levei Levi até a entrada da casa, onde as luzes estavam apagadas, indicando que todos dormiam.

Com o mínimo de barulho possível, abri a porta e entrei, conduzindo Levi para dentro. A escuridão no interior contrastava com a claridade da lua lá fora, mas eu conhecia cada canto daquela casa como a palma da minha mão.

Coloquei Levi deitado no sofá da imponente sala. A tarefa de subir as escadas carregando-o parecia quase impossível. Decidi deixá-lo repousando por um momento, aproveitando para buscar ajuda no andar superior.

Corri pelas escadas, a ansiedade marcando cada passo. Encontrei o quarto onde Luz estava hospedada e a acordei com pressa. Seus olhos, inicialmente confusos, logo se encheram de preocupação ao me ver tão agitada.

— Senhora, o que está acontecendo? — ela perguntou, mas antes que eu pudesse responder, seus braços já estavam ao redor de mim, oferecendo conforto em um abraço apertado.

Desabei em lágrimas sobre seu ombro, despejando todas as angústias e confusões que se acumularam durante aquela noite tumultuada. Contei sobre os eventos recentes, sobre Hange, Levi e a facção Yeager tomando controle do forte. A cada palavra, sentia um peso se aliviar, compartilhando com ela os fardos que se tornaram insuportáveis de carregar sozinha.

Luz permaneceu em silêncio, ouvindo atentamente e oferecendo seu apoio incondicional. Quando finalmente consegui me acalmar, expliquei a situação com Levi e implorei por sua ajuda.

Luz parecia evidentemente animada em conhecer Levi. Ela já conhecia a verdade sobre minha conexão com ele, e desde que nos conhecemos, ela foi minha maior ajuda e apoio. Seus olhos brilhavam com uma mistura de curiosidade e determinação enquanto descíamos as escadas juntas.

Levi ainda repousava no sofá quando voltamos à sala. Sua respiração era tranquila, mas seu rosto mostrava os sinais da tormenta emocional que havia enfrentado. Luz se aproximou dele com respeito, consciente da complexidade do momento.

— É ele, não é? — sussurrou Luz, seu olhar alternando entre Levi e eu.

Assenti, sentindo um aperto no peito ao ver Levi naquele estado. Luz colocou a mão gentilmente em meu ombro, como se pudesse transmitir algum conforto.

Levi nos encarava desconfiado, seus olhos revelando uma mistura de desconforto e, talvez, um lampejo de reconhecimento diante da presença enérgica ao meu lado. Era evidente que algo em Luz o incomodava ou, quem sabe, evocava lembranças de uma persona semelhante. Por muito tempo, Hange carregou essa mesma energia vibrante, mas o peso do nosso mundo gradualmente apagou seu brilho.

Levi questionou, erguendo seu tronco para sentar:

— O que pretendem fazer?

Luz e eu trocamos olhares rápidos, conscientes da tensão no ar. Eu me aproximei dele, buscando escolher as palavras certas.