Freedom Wings - Levi Ackerman

Sombras Do Passado, Chamas Do Futuro

Inspirei profundamente, corrigi minha postura e ajeitei Rory com cuidado no meu colo. Abandonei o quarto, dando passos hesitantes pelo corredor, um tanto desorientada. Ao alcançar o corrimão da escada, agarrei-me a ele para descer até o térreo. A cada degrau vencido, as vozes de Hange e Luz ganhavam intensidade, trazendo-me de volta à realidade.

Ao chegar ao térreo, avistei Hange e Luz sentadas no sofá, de costas para a escada, enquanto Jean ocupava o sofá de frente para elas. Assim que me notou descendo, Jean arregalou os olhos e se ergueu, claramente surpreso. Recordando o dia em que Jean me descobriu em Liberio ao lado de Luz e Rory, percebi que ele as viu à distância naquela ocasião. Parecia justo que sua expressão boquiaberta refletisse a mesma surpresa que experimentou naquele momento.

Hange e Luz notaram a reação de Jean e viraram-se na direção para a qual ele estava encarando. Um sorriso caloroso se formou nos lábios de Luz ao me ver, evidenciando sua satisfação com nosso reencontro. Enquanto isso, Hange permaneceu momentaneamente imóvel, parecendo absorver a situação. Avancei em direção aos três, cruzando a base da escada em poucos passos até o centro da sala.

Minhas mãos trêmulas sustentavam Aurora, cujos olhinhos observavam o ambiente com curiosidade. Ao parar diante dos meus convidados, Hange deu um passo na minha direção. Seu olhar refletia surpresa, enquanto seus lábios entreabertos indicavam que ela estava prestes a expressar todo o choque que sentia, pronta para gritar e exteriorizar a estranheza do momento.

Luz, por outro lado, permaneceu serena, mantendo o sorriso afetuoso. Jean, ainda visivelmente perplexo, recuou alguns passos, seus olhos alternando entre mim e Aurora. O ambiente ficou tenso, como se o peso da revelação pairasse no ar.

Ao concentrar seu olhar em Hange, minha filha soltou uma gargalhada, como se a pequena Aurora já a conhecesse, apesar de nunca terem se encontrado antes. Essa familiaridade aparente talvez se devesse ao estilo enérgico e peculiar que caracterizava Hange.

Com um suspiro, Hange quebrou o silêncio, balbuciando palavras ininteligíveis antes de finalmente encontrar a voz.

— Essa... essa... essa... — Hange repetiu essa palavra incessantemente por pelo menos dois minutos, até que eu a interrompi.

— Essa é a criança de sangue real que mencionei antes, e também minha filha... — Diante da minha revelação, o grito de espanto de Hange finalmente escapou de sua garganta. Dei um passo para trás, fechando os olhos como se meu gesto pudesse amenizar o grito agudo e estridente de Hange. Rory, por sua vez, riu ainda mais diante da reação da comandante. — Hange, esta é Aurora Yea... — Interrompi minha fala ao perceber qual sobrenome estava prestes a mencionar. — Aurora Ackerman!

A expressão de Hange mudou instantaneamente ao ouvir o sobrenome "Ackerman". Seus olhos se arregalaram, revelando uma mistura de surpresa e perplexidade.

— Ackerman? — Luz me encarou espantada.

Ao revelar o verdadeiro nome de minha filha, senti um peso sendo retirado, um alívio por não carregar mais o sobrenome manchado de Zeke Yeager ou o da minha própria família . Não era da minha escolha impor à minha filha o nome sujo da família real, e isso me trouxe uma sensação de liberdade.

— Você nem precisava ter dito — Jean comentou, encarando a pequena de perto — esse bebê é a cara do capitão, S/n, você conseguiu reproduzir uma cópia quase idêntica...

— Quase? — Hange disse, ainda boquiaberta com a semelhança.

— Sim, ou essa criança veio com defeito ou os Ackermans perdem a habilidade de sorrir com o tempo, isso explicaria a carranca antipática do capitão Levi.

Em resposta à piada desagradável de Jean, consegui equilibrar Aurora com apenas uma mão e usei a outra para dar um soco no ombro do rapaz, que sorriu fraco para mim. Rory, por outro lado, pareceu não gostar de Jean, franziu as sobrancelhas e fez biquinho de brava.