*Samuel
*Quinta-feira - 11 de junho de 1995*
Acordo com o telefone do quarto tocando sem parar, me levanto com cuidado para não acordar Diana e sigo até o mesmo.
- Alô?
- Finalmente, liguei nos dois quartos e ninguém atendeu. - era João do outro lado. - Já estava ficando preocupado.
- Bom dia, tio João. - fecho os olhos e me escoro na parede, ele dá risada do outro lado da linha.
- André falou que vocês inventariam um apelido pra mim, fico feliz que resolveram me chamar de tio. - ele fala e eu bocejo, querendo voltar pra cama. - Reservei mais uma noite para vocês no hotel, tive um imprevisto e não vou conseguir ir aí agora pela manhã, podemos nos encontrar para jantar?
- Claro, podemos sim.
- Pelo tom da sua voz imagino que te acordei, pode voltar a dormir garoto. - ele dá risada. - Sete e meia da noite no restaurante do hotel, certo?
- Certo, tio João. - respondo e escuto ele dar risada e desligar. Abro os olhos e coloco o telefone no gancho, olho para a cama e Diana já não estava lá.
Ouço o som do chuveiro ligar e me jogo na cama novamente, sinto o cheiro do perfume dela impregnado no travesseiro e suspiro.
- Que porra que eu estou fazendo no chão? - escuto Bento resmungar e me viro vendo ele se sentar e se escorar na parede.
- Bom dia, bela adormecida.
- Fala baixo, cara. - ele leva a mão até a cabeça. - Está gritando por que?
- Vem dormir na cama. - levanto e ainda bocejando procuro pelo meu chinelo. - Diana está tomando banho, vou buscar a mochila dela. - me aproximo do mesmo e estendo a mão para ele que segura e se levanta, caminho até a porta e escuto ele jogar na cama.
Saio do quarto e não dou nem dois passos e estou na porta do quarto onde Júlio e Dinho estavam, começo a bater na porta sem parar e escuto um grito irritado, seguro a risada e continuo batendo na porta.
- Espero que a pessoa que esteja fazendo isso tenha plano de saúde, porque vai precisar. - Dinho resmunga e abre a porta. - Fala o que você quer, animal.
- A mochila da sua irmã. - falo e ele arregala os olhos.
- MINHA IRMÃ, CADÊ A DIANA? MISERICÓRDIA. - ele corre pra dentro do quarto novamente e eu reviro os olhos e sigo o mesmo deixando a porta do quarto aberta. Enquanto ele procurava Diana pelos lugares mais improváveis do quarto, pego a mochila dela que estava do lado da mesinha de cabeceira.
- Que gritaria é essa? - Júlio pergunta saindo do banheiro.
- Que merda que eu fiz ontem pra ficar louco ao ponto de esquecer a Diana? Meu Deus, cadê essa menina? - Dinho pergunta desesperado e Júlio me encara confuso.
- Você perde ela e acha que vai a encontrar atrás da cortina? - ele pergunta e eu gargalho. - A Diana está no quarto do Samuel com o Bento, relaxa que ela está viva.
- Não graças a você. - falo ainda rindo e Dinho me fuzila com o olhar. - Vocês exageraram ontem, mas isso é conversa pra mais tarde. O João ligou e disse que não vai poder vir tomar café com a gente e que vai jantar aqui no hotel para conversarmos, ele reservou mais um dia nos três quartos.
- Diana está bem? - Dinho pergunta e eu assinto. - Diana estando bem e a reunião cancelada, vou voltar a dormir. - ele se deita na cama e Júlio o puxa pelo pé, fazendo o mesmo cair no chão.
Ouço passos pesados e vejo Cláudia entrar igual a um furacão no quarto. Ela usava uma camiseta amarela de Sérgio que batia em seus joelhos, os olhos estavam inchados e o cabelo todo bagunçado.
- Eu juro que vou matar vocês se fizerem mais algum barulho. - ela fala irritada e Sérgio entra no quarto correndo.
- Cláudia, misericórdia. - ele leva a mão até o peito. - Como você sai do quarto correndo desse jeito igual uma doida? Parecendo que vai matar alguém?
- Mas eu vou matar alguém e esse alguém vai ser o Dinho que não me deixa dormir. - ela resmunga.
- Ninguém vai dormir. - Júlio fala sem paciência. - Vamos curtir a praia, então vão se arrumar logo. - ele empurra Cláudia e Sérgio para fora do quarto, volta e me puxa pelo braço para fora do quarto também fechando a porta na nossa cara.
- Que grosso. - Cláudia resmunga e eu dou risada.
- Você entra no quarto parecendo o doido de sexta feira treze e ele que é grosso? Só faltou a faca. - falo e ela me encara irritada. - Tá bom, tá bom, já estou indo embora.
Volto para o meu quarto e entro vendo o Bento esparramado na cama e com a cara enfiada no travesseiro.
- Sam? Bento? - ouço Diana chamar e sigo até o banheiro e bato na porta, ela abre a mesma e coloca o rosto para fora. Estendo a mochila e ela sorri e pega a mesma, entrando no banheiro e fechando a porta novamente.
...
Nós já estavamos no local para tomar café da manhã e éramos os únicos presentes, já que estava quase acabando o horário disponível para o café.
Dinho se aproxima da mesa com um prato cheio de coisa, ovo, pudim, presunto e queijo, pão, salsicha, bolo de chocolate, pão de queijo e entre outras coisas.
- O quê? - ele pergunta quando percebe que todos estão o encarando. - Preciso recuperar as minhas forças.
- Estou achando muito engraçado vocês quatro de óculos escuros. - Júlio fala e eu assinto.
- Isso se chama ressaca, meu amigo. - Sérgio fala.
- Falando em ressaca, já podemos dizer o que vocês fizeram ontem? - pergunto e Bento suspira. - Começando pelo Bento que insistia que era um super herói e que tinha super poderes e um deles era ficar invisível, ficou se arrastando pelo chão como se ninguém tivesse vendo ele e dormiu agarrado com a cortina.
- Caralho, japonês. - Dinho fala dando risada e enfiando um pão de queijo na boca.
- Esta rindo do que, Dinho? - meu irmão pergunta com um sorriso maldoso no rosto. - Você confessou para Diana que quebrou a cabeça daquela boneca dela anos atrás e ela chorou e aí você viu ela chorando e chorou também, queria sair no meio da noite pra comprar outra boneca pra ela e quando conseguimos te acalmar você decidiu arrumar uma namorada e queria ir pra balada.
- Foi você? - Diana pergunta incrédula e acerta um tapa no irmão. - Filho da puta.
- Não xinga a mamãe. - Dinho resmunga. - Foi mal, pitchula. - ele força um sorriso.
- Vocês dançaram "Conga" da Gretchen na varanda e gritavam para cada um que passava. - falo e Cláudia e Diana reviram os olhos. - Diana, você chorou porque o Bento pisou em uma formiga e usou pedaços da caixa da pizza pra fazer um mini caixão pra ela.
- Misericórdia, que bebida é essa que vocês beberam? - Cláudia pergunta incrédula e Sérgio da risada.
- Amor, quando eu fui te dar banho você chorou e disse que não queria ficar sozinha no banheiro, porque iria se afogar. - ele fala e ela leva as mãos até o rosto, sem graça.
- Eu nunca mais vou beber. - ela resmunga.
- Nem eu. - Dinho fala e Diana assente.
- Eu também não. - Diana fala massageando as têmporas.
- Eu vou. - Bento fala e todos o encaram. - Voces estão mentindo que eu sei, eu pelo menos estou falando a verdade.
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Escrito: 08.12.2023Postado: 02.01.2024
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Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)
Teen FictionO que fazer quando se é apaixonada por um dos melhores amigos de infância? Diana Alves nunca imaginou que viveria aquela cena, perdida e lutando contra as próprias inseguranças e medos, ela se sentia incapaz ao pensar em conquistar o rapaz. Mas o d...