*Diana
O público gritava e cantava e os meninos estavam tão surpresos quanto nós. Já era a quarta vez que eles estavam cantando Vira-vira e a platéia continuava pedindo por mais, do canto do palco consegui olhar para a mesa onde estava João e o André e ambos estavam assustados e de boca aberta.
- Infelizmente precisamos encerrar galera, já se passou uma hora do limite de tempo aqui no palco. - Dinho fala e plateia resmunga. - Mas ainda vai ter bastante música para vocês, outros artistas vão se apresentar ainda.
- Gostoso! - uma menina da plateia grita e eu dou risada.
- Obrigado, minha mãe acha a mesma coisa. - ele sorri e a mulherada grita. - Fico muito feliz de ver que vocês curtiram as nossas músicas e quem sabe até uma próxima, nós somos os Mamonas Assassinas.
Os meninos se despedem e descem do palco rapidamente, eu e Cláudia seguimos eles e paramos no corredor que tinha a saída para a pista da boate.
- É impressão minha ou eles estavam mais animados do que no sábado? - Júlio pergunta assustado.
- Não é impressão sua. - Samuel responde.
Todos os meninos estavam suados e ofegantes do tanto que pularam e dançaram no palco.
- Acham que ele gostou? - Sérgio pergunta apreensivo.
- Pergunta pra ele. - Bento responde ao ver João e André se aproximando.
- Garotos, precisamos conversar. - João fala de forma séria e os meninos trocam olhares apreensivos. - Tem algum lugar reservado que eu possa conversar com eles?
- Tem a minha sala, vou levar vocês até lá. - André fala e segue pelo corredor, seguimos o mesmo e subimos uma escada, parando em frente a uma porta branca. - Fiquem a vontade, vou estar lá embaixo.
Ele avisa e abre a porta, nós entramos e João fecha a porta atrás de si. A sala era grande, tinha uma mesa, uma cadeira de couro e um sofá.
Bento, Júlio, Sérgio e Dinho se sentam no sofá, Cláudia senta no colo de Sérgio e eu e Samuel nos sentamos no chão. Apoio minhas costas na pernas do meu irmão e encaro o homem a nossa frente.
- Eu quero no mínimo dez músicas e todas precisam ser nesse estilo, vocês que vão tocar os instrumentos nas gravações e usaremos o mínimo de arranjos do estúdio mesmo. - ele fala se sentando na cadeira de couro e nos encarando. - Eu preciso voltar para o Rio de Janeiro e nesse período vocês vão me me prometer e se comprometer que a prioridade é da EMI durante uma semana, vocês trabalham?
- Sim... Quer dizer, não todos. - Júlio fala nervoso.
- Vou fazer um adiantamento para vocês de três mil reais para cada um dividido em duas parcelas, preciso que larguem os empregos e se comprometam com a banda.
- Então, isso quer dizer que... - Bento não termina a frase.
- Parabéns, vocês são os novos contratados da EMI. - ele fala e abre um sorriso. - Vocês são ótimos e a garotada gosta desse estilo de música, logo será o Brasil inteiro ouvindo. Estão felizes?
- Eu poderia te dar um beijo na boca agora. - meu irmão fala e João faz careta, mas dá risada.
- Eu preciso ir embora porque hoje é aniversário da minha esposa, aproveitem que ainda não passou das nove e vão comemorar. - ele se levanta e tira um papel do bolso, me estendendo. - Registrei vocês no hotel aqui da rua, é só chegar e apresentar esse número de reserva, peguei três quartos para hoje. Amanhã eu volto para tomarmos café juntos e resolvermos algumas coisas mais sérias, como o termo de comprometimento e o que a EMI espera de vocês.
- Que horas? - Bento pergunta e João parece pensativo por alguns segundos, antes de responder.
- Sei que vão comemorar hoje, então umas dez horas? - ele sugere e nós assentimos. - Parabéns rapazes, vocês merecem e vocês duas... - ele aponta pra mim e para Cláudia. - Vamos precisar de vocês também, mas conversamos sobre isso amanhã.
Dinho se levanta me derrubando no chão e corre em direção ao homem, ele segura seu rosto e enche o mesmo de beijos. Não demorou muito para os meninos imitarem o mesmo e João tentar se soltar dos cinco.
- Nós te amamos, tio João. - meu irmão fala e o homem o encara de forma séria, mas acaba caindo da risada.
- Sinto que vou ter trabalho com vocês. - ele segue até a porta e abre a mesma. - Boa noite e juízo, crianças.
- Boa noite, tio João. - nós falamos em uníssono, o mesmo sorri e sai da sala fechando a porta.
Nos encaramos por alguns segundos antes de começarmos a pular animados, nos abraçavamos e rodavamos como crianças e quando finalmente nos separamos, os sete estavam chorando.
As lágrimas escorriam de nossos rostos de forma desesperada, a felicidade em meu peito me dava a sensação de que eu iria explodir a qualquer momento. Nos abraçamos um por um e ainda emocionados, Dinho sorri e me puxa para um abraço apertado.
- Eu amo você. - sussurro para o mesmo e escuto ele suspirar, assim que nos soltamos me viro para os meninos e sorrio, passo as mãos no rosto para limpar as lágrimas e respiro fundo. - Eu estou muito orgulhosa de todos vocês, vocês merecem tudo isso e mais um pouco, só Deus sabe o que passaram para chegar aqui.
- Vocês duas também merecem, esse mérito não é só nosso. - Júlio fala e os meninos assentem.
- Não seríamos ninguém sem vocês ao nosso lado, vocês duas são o coração da banda. - Bento fala e eu sinto meu olhos marejarem novamente.
- Parem, eu vou chorar de novo. - Cláudia fala levando a mão até o rosto e eu dou risada.
Samuel e Sérgio se abraçam e Cláudia, Júlio e Bento pulam nos mesmos, se enfiando no meio do abraço.
- Obrigado por nunca desistir de nós, obrigado por sempre me apoiar, obrigado por ser minha melhor amiga. - Dinho fala segurando a minha mão. - Obrigado por existir, eu não seria ninguém sem você ao meu lado... Eu te amo muito, pitchula.
Ele me abraça novamente e eu suspiro me aconchegando em seu abraço e sentindo a proteção e segurança que só os braços de um irmão mais velho pode te dar.
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Escrito: 07.12.2023
Postado: 31.12.2023
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Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)
Genç KurguO que fazer quando se é apaixonada por um dos melhores amigos de infância? Diana Alves nunca imaginou que viveria aquela cena, perdida e lutando contra as próprias inseguranças e medos, ela se sentia incapaz ao pensar em conquistar o rapaz. Mas o d...