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*Samuel

Ela me encara e abre a boca para responder, mas volta a encarar o sofá.

- Não é como se já não tivéssemos feito isso antes. - falo e ela assente.

- Teve aquela vez que você dormiu em casa e todo mundo dormiu no chão juntinho. - ela fala e eu assinto.

- Aquela vez que fomos pro sitio do Bento e dormimos todo mundo no mesmo quarto. - falo e ela assente. - Não vai ser tão diferente já que o Sérgio e Cláudia também vão estar no quarto, não é? - pergunto e coço a nuca, nervoso.

- Sim, claro... Óbvio.

- É isso.

- É isso. - ela repete e puxa a barra da camiseta nervosa.

- Então vamos. - falo e sigo para o quarto, ela me segue e quando entramos fecho a porta devagar. - Quer dormir na parede? - sussurro pra mesma e ela assente, ela segue até a cama e se deita, me deito ao lado dela.

Ambos de barriga pra cima e encarando o teto, totalmente desconfortáveis.

- Boa noite. - ela sussurra.

- Quer saber? Que se foda. - sussurro e ela me encara confusa, me viro para a mesma e a puxo para mais perto. Ela vira de lado ficando de frente pra mim, passo meu braço por sua cintura e ela deita a cabeça em meu peito. - Boa noite.

Segunda-feira - 08 de junho de 1995

07h45 A.M

Acordo com uma tosse forçada, abro os olhos e olho para o lado vendo Cláudia e Sérgio me encarando.

- O quê? - pergunto e quando vou levantar, sinto uma respiração em meu pescoço. Diana estava encolhida contra o meu corpo e com o rosto em meu pescoço, meu braço entrelaçava sua cintura e minha perna estava cruzada com a sua. - Ah, bom dia. - falo sem graça e meu irmão me encara de forma séria, enquanto Cláudia sorria igual uma boba.

A respiração serena de Diana se acelera e eu percebo que ela acordou, a mesma se afasta um pouco e abre os olhos. Ao ver Sérgio e Cláudia ela arregala os olhos e se senta rapidamente, como nossas pernas estavam entrelaçadas, ela acaba puxando a minha, resmungo e ela me olha desesperada.

- Meu Deus, Sam. - ela tira a perna de cima da minha. - Me desculpa, te machuquei? - ela pergunta e Sérgio pigarreia tentando chamar sua atenção. - Eu já vi vocês, porra. - ela resmunga e eu dou risada e me sento.

- Eu estou bem, relaxa. - respondo e me viro para meu irmão e cunhada. - O que foi?

- Vocês dois dormindo juntinhos aí. - Sérgio fala de forma séria e Cláudia da um tapa no namorado.

- Deixa eles, amor. - ela fala e joga a mochila de Diana na direção da amiga. - Vai se trocar, já estamos atrasadas.

- Não vai dar tempo nem de tomar um banho? - ela pergunta e Cláudia nega, Diana levanta resmungando e sai do quarto com Cláudia.

A acompanho com o olhar e Sérgio entra na minha frente, atrapalhando a visão. Meu irmão me encara de braços cruzados e olhos cerrados.

- O quê? - pergunto confuso e ele bufa irritado.

- Vai me falar que não rolou nada entre vocês dois? - ele pergunta e eu reviro os olhos e me levanto.

- Tá viajando, Sérgio. - abro o guarda-roupa.

- E se o Dinho chega aqui do nada e pega vocês dormindo juntos? Porra, vocês estavam igualzinho a um casal.

- Nós só estávamos dormindo. - pego uma camiseta e visto a mesma.

- Ah claro, você sem camiseta, ela com um shortinho de pijama e os dois agarrados. - ele fala exasperado e eu me viro pra ele e abro um sorriso. - Tá sorrindo igual idiota por que?

- Porque você está com ciúmes.

- O quê? Claro que não, eu... - interrompo o mesmo.

- Relaxa, Sérgio. - passo por ele e dou uns tapinhas nas costas do mesmo. - Ela está dormindo comigo, deixa pra se preocupar quando ela for dormir com o namorado.

- Mas... Ah, que vontade de te meter a porrada. - ouço ele resmungar e dou risada.

Saio do quarto e vejo Diana sair do banheiro, ela já estava vestida com o uniforme.

- Vamos que estamos atrasadas. - Cláudia fala desesperada e puxando a amiga pra garagem.

- Perai. - Diana resmunga e volta pra pegar a mochila, ela se aproxima e beija o meu rosto. - Bom dia e obrigada.

Antes que eu consiga falar algo, Cláudia entra e puxa Diana para garagem novamente. Sérgio continua me encarando e pega a chave do carro.

- Abre a locadora, nossos pais já saíram. - ele joga a chave da locadora em minha direção. - Quando eu chegar vamos conversar.

Ele sai de casa, vou até a cozinha e vejo que minha mãe havia deixado café pronto e um bilhete ao lado com um "Amo vocês, se cuidem". Pego o bilhete e coloco na geladeira com um imã o prendendo na mesma, pego a garrafa de café e duas xícaras e saio de casa, indo para os fundos onde ficava a locadora.

Me sento e coloco um pouco de café em uma das xícaras, repasso tudo o que aconteceu desde sexta de madrugada até hoje e suspiro.

- O que foi que tá encarando o nada igual a um tonto? - ouço a voz de Sérgio e vejo o mesmo se aproximar, ele deixa a chave sobre o balcão e abre a garrafa de café colocando um pouco na outra xícara.

- Eu estava pensando em nossos pais, fico feliz que eles e os pais dos meninos tem o mesmo nível de amizade que nós. - falo e ele assente.

- E sobre a Diana?

- O que tem ela? - pergunto e ele bate no balcão.

- Porra, Sam. - ele coloca a xícara vazia no balcão e cruza os braços. - Eu te conheço desde quando você nasceu... - interrompo ele.

- Isso é óbvio considerando que você é mais velho. - falo e ele me dá um tapa no braço. - Aí.

- O que tá rolando entre você e a Diana? - ele pergunta de forma séria.

- Quer a verdade? Eu não sei, nós estamos nos aproximando e... Talvez eu esteja gostando dela.

- Eu sei. - ele fala convencido e eu reviro os olhos.

- Se sabe por que está perguntando?

- Você precisa ter certeza se é isso mesmo, não quero que você se precipite... Lembre que estamos falando da Diana e se algo acontecer com ela não vou me importar de quebrar a sua cara e tenho certeza que os outros três também não vão.

- Eu sei, eu sei. - resmungo e ele suspira.

- Você sabe que aquele verdade ou desafio foi importante pra ela, foi o primeiro beijo dela e... - engasgo com o café e ele bate nas minhas costas. - Porra, não morre.

- O que você disse? - pergunto e ele me encara surpreso.

- Você não sabia? - ele retruca a pergunta. - Ih, fodeu.

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Escrito: 28.11.2023
Postado: 23.12.2023

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Onde histórias criam vida. Descubra agora