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*Samuel

Sexta-feira - 05 de junho de 1995

20h40 P.M

Coloco o baixo sobre a cadeira e suspiro cansado. Estávamos ensaiando na casa do Dinho, seus pais estavam viajando e estávamos liberados para fazer todo o barulho que quiséssemos. Júlio e Bento conversavam animadamente sobre algum jogo de vídeo game o qual não me dei o trabalho de prestar atenção.

Dinho termina de arrumar o microfone e se aproxima, antes que ele consiga dizer algo, sua irmã passa por nós.

- Boa noite, meninos. - ela cumprimenta com a voz mais baixa que o normal.

- Eai, pitchula. - Dinho fala e ela revira os olhos.

- Não estou falando com você, Alecsander. - ela fala em um certo tom irritado.

- Caralho, Dinho. - Bento da risada. - O que você fez para a pirralha?

- Não deixei ela ir para a boate que ela iria hoje. - ele responde e se vira para a irmã, mandando um beijo no ar para a mesma. - Nossos pais não estão em casa e eu não quero sair hoje, prometo que vou com você outro dia.

- Tanto faz. - ela dá de ombros. - Estou indo deitar, estou com dor de cabeça.

- Di, não fica assim. - Dinho fala, mas a garota já tinha entrado em casa novamente.

- Ela ficou brava mesmo, hein. - Sérgio fala se levantando.

- Logo ela me perdoa, sou o irmão favorito dela. - Dinho fala dando de ombros.

- Você é o único irmão dela, ô animal. - Júlio fala e ele dá risada.

- Por isso sou o favorito.

- 'Aê galera, foi foda o ensaio de hoje. - coloco o baixo dentro da capa e eles me encaram confusos. - Mas tenho que ir, tenho um compromisso.

- Você? Com um compromisso em plena sexta-feira a noite? - Bento pergunta incrédulo.

- Ele tem um encontro. - Sérgio fala com um sorriso malicioso e eu reviro os olhos.

- E com mulher ainda? - Bento continuava incrédulo. - Depois falam que milagres não existem.

- Cala a boca, japonês. - resmungo e coloco a alça da capa do baixo no ombro. - Vou indo, ensaio amanhã às nove?

- Só se for da noite. - Dinho responde e todos o encaramos. - Eu não vou acordar nove horas da manhã em um sábado nem que me paguem.

- Preguiçoso da porra. - Sérgio xinga e Dinho nega.

- Preguiçoso não, cansado.

Ambos começam a discutir sobre os possíveis motivos de cansaço do Dinho, dou um tchau geral, que duvido que eles tenham escutado e sigo até o portão, abro o mesmo e volto a fechar assim que saio.

A casa de Dinho ficava a uns dez minutos a pé da minha, então fui andando tranquilamente. Ao chegar em casa, meus pais não estavam, deveriam estar na casa de minha irmã ou na igreja. Sigo para o banheiro e tomo um banho rápido, coloco uma camiseta preta e uma calça jeans, pego a jaqueta e as chaves do carro.

Eu e Sérgio dividíamos um Fiat Uno, deixo um bilhete avisando que sai com o carro e demoraria para voltar. Em poucos minutos eu já estava entrando na boate, sorrio ao avistar Jessica.

Nos conhecemos hoje mesmo em uma locadora, por coincidência queríamos alugar o mesmo filme e combinamos que ela iria levar o filme, mas me entregaria no mesmo dia na boate e assim poderíamos bater um papo. Ela estava com uma calça colada e um top preto, a mesma sorri ao me ver e se aproxima.

- Você veio. - ela fala animada, me puxando entre o mundaréu de pessoas até chegarmos ao bar.

- Eu disse que viria. - sorrio para a mesma. - Você está linda... Diana?! - a mulher a minha frente fecha a cara instantaneamente.

- Jéssica! O meu nome é Jéssica. - ela fala em um tom rude.

- Eu sei, eu só... - deixo a frase no ar ainda acompanhando com o olhar a mulher de vestido preto a alguns metros de nós. - Me desculpa, eu vi uma conhecida.

- Certo. - ela responde, ainda meio desconfiada. - Vamos dançar?

- Claro. - seguro a mão dela e ela me puxa para a pista, o DJ tocava uma música animada e as pessoas estavam agitadas. Jéssica dançava de forma sensual, tentando chamar a minha atenção, mas infelizmente eu só conseguia manter o olhar em Diana.

Ela usava um vestido preto e colado, os cabelos estavam soltos e de maquiagem apenas um batom vermelho, apertava a bolsa de forma nervosa enquanto as colegas ao seu lado conversavam com garotos os quais deveriam ser uns cinco, seis anos mais velhos que ela.

- Olha, preciso ir ao banheiro. - falo para Jéssica, "gritando" para que ela pudesse me ouvir. Ela apenas assente e volta a dançar.

Sigo em direção ao grupinho e puxo Diana pelo braço até o corredor do banheiro, ela estava pronta para me bater quando eu a solto. Seus olhos que antes estavam arregalados e o pavor em seu rosto deram lugar para o alívio e logo a raiva.

- Ficou louco, Samuel? - ela pergunta irritada.

- Eu fiquei louco? O que você está fazendo aqui?

- O que você está fazendo aqui? - ela retruca.

- Dinho mandou você ficar em casa, Diana.

- E eu sou maior de idade e faço o que eu quiser da minha vida, agora me dá licença. - ela passa por mim, mas seguro seu pulso e ela volta a me olhar. - O que quer agora?

- Você precisa ir embora.

- O quê? Por quê? - ela pergunta incrédula.

- Por que eu quero curtir e não vou conseguir curtir com você aqui.

- Do que você está falando? - ela pergunta confusa e eu bufo irritado.

- Porra, você é a irmã mais nova do meu melhor amigo. - passo as mãos no rosto. - Como ele não está aqui, alguém precisa ficar de olho em você e eu não estou afim de ficar de babá.

- Eu não estou pedindo para você ficar de babá, estou pedindo para me deixar curtir.

- Aí está você, ele está te procurando. - uma voz feminina se aproxima, a garota loira olha Samuel de cima a baixo e sorri de forma maliciosa. - Quem diria, Diana.

- Não enche, Estela. - Diana resmunga, mas a loira a ignora.

- Podemos conversar a sós? Tenho mais a te oferecer do que ela. - ela fala segurando meu rosto. - E você deveria estar com o... - Diana a interrompe.

- Vai pra porra, Estela. - ela fala me puxando pelo braço até a pista de dança novamente.

- Quem é ela? - pergunto e ela me encara incrédula. - O quê? Vocês não parecem ser amigas.

- E não somos.

- Com quem você veio? - pergunto desconfiado. Ela abre a boca para responder, mas logo olha para o lado, procurando por alguém. - Diana!

- Eu estou esperando uma pessoa, tá legal?

- Quem eram aquelas pessoas com você quando eu me aproximei? - pergunto e ela dá de ombros.

- Eu sei lá, eu cheguei e eles se aproximaram e ficaram lá. - ela continua olhando ao redor. - Agora vai embora, Samuel.

Observo ela se afastar e quando vou atrás da mesma sinto alguém puxar meu braço, me viro e vejo Jéssica.

- Você sumiu.

- Acabei me perdendo. - minto e ela sorri, me puxando para o centro da pista novamente.

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Escrito: 14.11.2023
Postado: 15.12.2023

Me desculpem pelos erros ortográficos e até o próximo capítulo ❤️

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Onde histórias criam vida. Descubra agora