*Samuel.
Quinta-feira - 08 de julho de 1995.
O dia estava nublado e o céu estava fechado, indicando que um possível temporal iria cair. Estávamos reunidos na casa de Júlio ensaiando para o show que teríamos na gravadora em poucas horas.
Dinho ainda ofegante se aproxima da mesinha e pega uma garrafa de água, do quarto conseguimos escutar as risadas de Cláudia, Valéria, Aninha e Diana.
- Elas estão se dando bem. - meu irmão fala e se levanta, ele pega a garrafa da mão de Dinho e toma todo o resto da água.
- Fico feliz com isso. - Dinho fala olhando em direção a porta da cozinha, nós estávamos nos fundos da casa de Júlio, onde era o lugar mais espaçoso para ensaiarmos.
- Terminamos por hoje? - Júlio pergunta e eu assinto. - Vou ir tomar um banho.
Júlio segue para dentro de sua casa e Bento e Sérgio seguem o mesmo dizendo que iriam procurar algo para comer. Resolvo ir atrás dos dois, mas eles desistem e se jogam no sofá afim de descansar, sigo até a cozinha para pegar água.
- Oi amor. - ouço a voz de Diana, ela se aproxima e me beija, retribuo e logo afasto a mesma. - O que foi?
- Não é isso que a gente faz agora? Beijos e abraços rasos? - pergunto e ela suspira. - O que está acontecendo, Diana? Por que você se afasta toda vez que o Dinho entra no cômodo?
- Eu não quero dar motivo pra ele continuar com a impressão de que eu sou... Olha Sam, me desculpa. - ela segura minhas mãos. - Eu não percebi que estava te incomodando, me perdoa.
- O Dinho não quis dizer aquilo e no fundo você sabe disso. - seguro seu rosto e acaricio sua bochecha. - Estou sentindo falta da minha namorada.
- Eu sinto muito, estou sendo uma idiota. - ela resmunga e eu abraço a mesma.
- Vocês precisam se resolver. - falo e ela apoia a cabeça em meu ombro. - Você não virou amiga da Valéria?
- Sim, ela é super gente boa. - ela levanta o rosto pra me olhar. - Sabia que ela trabalhou na Disney? Seria super legal se ela pudesse ir na viagem com a gente.
- Não duvido nada que o Dinho não vá encher o saco do João para poder levar ela. - falo e Diana sorri. - Se a Valéria não é mais um empecilho, por que vocês ainda estão brigados?
- Eu não sei. - ela suspira frustrada. - É a primeira briga que tivemos nesse nível, não sei como fazer para nos resolver.
- Vocês vão dar um jeito. - beijo sua testa e a solto quando escuto Cláudia a chamar, quando ela vai se afastar a puxo pela mão e seguro seu rosto, beijando a mesma.
Com uma mão aperto sua cintura e puxo seu corpo de encontro ao meu, ela entrelaça os braços em meu pescoço e eu me escoro no balcão. Quando nos afastamos ela me encara de olhos arregalados e ainda ofegante.
- O que foi isso? - ela pergunta surpresa e eu sorrio para a mesma.
- Pra você não esquecer do seu namorado, vai ficar com esse beijo na mente o dia inteiro. - falo e ela revira os olhos e da risada, dou um selinho na mesma e observo ela a se afastar.
Pego um copo com água e volto para os fundos da casa de Júlio.
- Vai conversar com a Diana? - pergunto para Dinho, o único presente, e ele suspira.
- Não sei como abordar o assunto.
- Diana, fui um babaca, me perdoa? - imito a voz dele e ele revira os olhos. - Olha, vocês dois erraram e vocês dois precisam conversar. Ela 'tá cagando se você está namorando ou não, Dinho.
- Não parece.
- Ainda não entendeu que ela está chateada pelo modo que você falou com ela? Nem eu entendi o porquê você agiu daquele jeito se estava todo receoso para contar pra ela.
- Não dá uma de sonso, Samuel. - ele resmunga.
- Porra, tem noção que desde a maldita briga de vocês ela mal encosta em mim? - pergunto e ele me encara surpreso. - Ela não estava nem me beijando, Dinho!
- Por que?
- Porque ela acha que está fazendo algo errado graças ao que você falou, eu sinto muito pelo que viu, mas tem que entender que sua irmã é adulta e que nós somos um casal. - respondo e cruzo os braços.
- Foi mal, eu exagerei mesmo.
- Os dois exageraram, ela também não precisava ter agido daquele jeito, mas ela está arrependida.
- Vou falar com ela depois do show. - ele fala decidido e eu assinto. - Foi mal, Sam.
- Não se preocupa. - dou um sorriso maldoso. - Agora que você está namorando eu vou ser o maior empata foda da história.
...
Os funcionários da gravadora cantavam Vira-vira a plenos pulmões e já era a terceira vez que estávamos cantando a música.
- Aí, como dói. - Dinho repete pela terceira vez a frase final da música, já com a voz rouca.
- Certo, deixem os meninos descansarem. - João fala subindo no palco improvisado e pegando o microfone de Dinho que apenas da risada.
O pessoal começa a dispersar e ir para suas devidas mesas, Diana e Cláudia estavam sumidas desde a primeira música e não subiram para dançar Vira-vira. Sérgio se levanta e se aproxima, tiro meu baixo do ombro e seguro o mesmo.
- Viu a Clau? - ele pergunta ainda ofegante e eu nego.
- Diana também sumiu. - falo e desço do palco.
Bento e Dinho já estavam com suas respectivas namoradas e Júlio conversava com uma moça loira.
Vejo Diana e Cláudia entrarem no salão, ambas com sacolas de papel brancas nas mãos e dando risada. Guardo o baixo junto com os outros instrumentos e Diana sorri ao me ver se aproximar da mesma.
- Onde estavam? - pergunto confuso e Diana troca olhares com Cláudia.
- Fomos ao shopping. - Cláudia responde e Sérgio que tinha parado ao meu lado encara ela.
- No meio do show? - ele pergunta confuso. - O que vocês tinham de tão importante para fazer no shopping que não poderiam esperar? - ele pergunta meio irritado, Cláudia estende a sacola para ele e quando o mesmo abre a sacola, arregala os olhos e logo abre um sorriso gigante. - Entendi, era importante mesmo.
- O que tem nessa sacola para você estar sorrindo que nem um tonto? - pergunto e meu irmão da risada.
- Nem te conto, Samuel. - ele fala abraçando a Cláudia de lado e se afastando com ela.
- Filho da puta, agora estou curioso. - resmungo e Diana sorri. - E o que tem na sua sacola, amor?
- Surpresa!
- Isso é maldade, Diana. - cruzo os braços e ela dá risada e me entrega a sacola, abro a mesma e vejo uma camiseta azul.
- É meu pedido de desculpas por estar agindo como uma idiota. - ela fala e eu me viro para ela novamente.
- Eu amei, mas não acho que azul vai combinar comigo. - falo e ela dá risada, puxo a mesma e a beijo e dessa vez ela não se afasta ou evita. Mordo o lábio dela levemente quando nos afastamos e ela suspira. - Eu quero ir embora. - balanço a sacola e ela nega.
- Mas esse não é o presente, olha embaixo da camiseta. - ela fala e eu pego a sacola e tiro a camiseta azul, embaixo dela tinha uma camiseta do São Paulo. Um sorriso toma conta do meu rosto e ela dá risada.
- OLHA LÁ O SORRISÃO DO MOLEQUE, DIANA MOSTROU PRA ELE TAMBÉM. - escuto Sérgio gritar e me viro vendo ele ainda abraçado com Cláudia e apontando em minha direção, seguro a mão de Diana e a puxo até nossos amigos.
- Família, tô indo embora agora. - falo de forma séria e ela dá risada enquanto os outros, menos Sérgio e Cláudia, nos encaravam confusos.
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Capitulo escrito: 30.01.2024
Capítulo postado: 30.01.2024
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Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)
Ficção AdolescenteO que fazer quando se é apaixonada por um dos melhores amigos de infância? Diana Alves nunca imaginou que viveria aquela cena, perdida e lutando contra as próprias inseguranças e medos, ela se sentia incapaz ao pensar em conquistar o rapaz. Mas o d...