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*Narrador on

Sábado - 6 de junho de 1995

09h30 A.M

Sérgio não acreditou na cena que viu ao entrar no quarto, Diana e Samuel estavam abraçados e jogados no chão, ao redor deles tinha um pacote de bolacha vazio, a câmera, papéis e canetas e lápis espalhados pelo chão.

Samuel usava o vestido preto que Sérgio viu Diana usando na noite anterior e Diana usava uma camiseta e bermuda do mesmo, em sua cabeça estava um boné preto de Sérgio.

- Amor, que demor... - Cláudia deixa a frase no ar ao ver a cena, quando ela vai rir, Sérgio tampa a sua boca e faz sinal de silêncio.

Na ponta dos pés ele se aproxima e pega a a câmera ligando a mesma e filmando os dois. Ele olha para a namorada e sorri de forma maldosa, o mesmo entrega a câmera para ela e pega a jarra que tinha só um restinho de água, sua intenção era jogar no Samuel, mas ele acabou escorregando no pacote de bolacha.

A cena que se passou foi hilária e Cláudia não se aguenta e acaba gargalhando, a água da jarra foi pro rosto de Diana que acorda gritando no mesmo momento que Sérgio cai de bunda no chão.

- O QUÊ? QUEM? ONDE? MATA. - Samuel grita se levantando desesperado e ficando na frente de Diana.

Cláudia da zoom no menino de vestido e com o olhar desesperado e gargalha.

- O que foi isso? - Manoel entra no quarto dos filhos preocupado e ao ver a cena ele os encara confuso. - Espera... Diana?

- Fodeu. - Samuel e Diana falam em uníssono.

...

Os quatro estavam sentados ao redor da mesa da cozinha e Sérgio se segurava para não rir, ver Diana e Samuel sentados lado a lado e super sérios vestidos daquele jeito era uma tortura.

- Então a garota de ontem era a Diana? - Manoel pergunta incrédulo. - Você ficou louco, Samuel? Como vamos explicar isso para os pais dela e... - Samuel o interrompe.

- Pai, não aconteceu nada. - ele fala e o pai suspira. - Outra coisa, nós somos maiores de idade e... - ele é interrompido.

- Mas ainda estão sobre o meu teto. - ele fala de forma séria. - Se estiver rolando algo entre vocês dois, você vai fazer a coisa certa e vai pedir autorização para os pais dela.

- Senhor Manoel, não está acontecendo nada entre a gente. - Diana fala sem graça. - Somos só amigos, eu prometo.

- Vou acreditar em vocês, a sua sorte é que a sua mãe saiu cedo para ir para a feira. - o mais velho fala encarando o filho. - Fiquei de ajudar o pai do Júlio a pintar a casa e vou precisar sair, mas estou de olho em vocês.

Os quatro presentes acompanham com o olhar o seu Manoel sair de casa. Diana suspira aliviada, mas logo encara Cláudia com raiva ao ver a mulher sorrindo e apontando a câmera para eles.

- O quê? - ela pergunta com um sorrisinho no rosto.

- Que horas são? - Diana pergunta se levantando.

- Meio dia. - Cláudia responde e Diana arregala os olhos.

- MEU DEUS. - ela puxa Samuel que se levanta confuso. - Tira, tira, tira.

- Tira o quê? - ele pergunta se desesperando com o desespero da garota.

- Meu vestido! - ela responde apreensiva puxando o vestido do Samuel, o garoto se afasta meio zonzo de tanto que ela o sacudiu.

Ela segue até o quarto deixando os três completamente confusos na sala e em menos de um minuto volta, arrumando o vestido no corpo.

- Você está bem? - Sérgio pergunta confuso e ela nega.

- O Dinho está para acordar, eu preciso ir para casa. - ela responde e eles entendem o desespero da mesma, mas é só quando ela arregala os olhos que todos se desesperam.

- Ô DE CASA. - a voz de Dinho ecoa na sala e Diana sente a pressão abaixar.

- Puta que pariu, acode a menina. - Cláudia fala desesperada empurrando Diana pro sofá e correndo até a cozinha, ela volta com um copo de água e uma colher de sal e vê os dois irmãos a encarando confusos. - Puta merda, Reolis... Façam alguma coisa.

- Você manda a gente fazer alguma coisa e não diz o que é pra fazer. - Samuel fala cruzando os braços e Diana revira os olhos.

- Você acha que homem pensa? - ela pergunta segurando a mão de Cláudia.

- Vão falar com o Dinho. - Cláudia resmunga irritada e volta a dar assistência para a amiga.

Samuel sai para a garagem e Sérgio segue o mesmo, mas ao chegar na porta volta e vai de encontro com a namorada.

- Amorzinho, só não dá essa colher toda de sal para ela e... - ele é interrompido ao levar um tapa no braço e um olhar fuzilante da namorada. - Aí.

Ele segue até a garagem e vê Samuel abrindo o portão para Dinho entrar.

- O que aconteceu, cara? - Samuel pergunta ao ver a angústia do amigo.

- Diana não está em casa. - ele coça a nuca, nervoso. - Fiquei com a consciência pesada de não ter deixado ela sair ontem, mas eu estava com um mal pressentimento e por isso nao deixei, aí resolvi acordar mais cedo hoje para preparar um café para ela.

- E que horas você acordou? - Sérgio pergunta.

- Onze e quarenta. - Dinho responde e Samuel dá risada.

- E isso é cedo? - ele pergunta ainda rindo.

- Não vem ao caso, ela não está em casa e eu estou preocupado.

- Relaxa cara, ela deve ter saído para ir no mercado ou algo do tipo. - Sérgio fala colocando a mão no ombro do amigo. - Por que você não entra, toma uma água e relaxa? - ele pergunta guiando Dinho até a sala, mas Samuel arregala os olhos e dá uma cotovela no irmão sem Dinho ver. - Não, não pode... Sem água para você.

- Por quê? - Dinho pergunta confuso.

- Porque a Cláudia está aí. - Samuel responde rapidamente e Dinho continua o encarando confuso. - Pelada.

- Pelada? - Dinho e Sérgio perguntam em uníssono.

- Calem a boca e entrem de uma vez. - Cláudia fala sem paciência abrindo a porta da sala. - Não vamos mentir para ele, vai ser pior.

- Mentir? - Dinho entra na sala e vê Diana deitada no sofá. - O que aconteceu?

- Ela me ligou e disse que queria conversar, nós fomos até a pracinha aqui do lado e ela começou a passar mal. - Cláudia fala passando a mão na testa da amiga. - A pressão abaixou e eu a trouxe pra cá.

- E por que vocês não falaram? - Dinho pergunta para Sérgio e Samuel.

- Porque eu mandei eles não falarem nada. - Diana fala de forma séria. - Já estou melhor e já iria voltar pra casa.

- Diana, foi mal por ontem. - Dinho suspira.

- Tudo bem, não estou brava com você.

- Não? - ele pergunta confuso, a irmã se levanta e o abraça.

- Não, você tem razão... Poderia ter acontecido alguma coisa ruim. - ela fala olhando para Samuel por cima do ombro do irmão.

- Que bom que não está brava comigo, mas eu estou bravo com você. - Dinho fala quando a irmã o solta, deixando todo mundo confuso. - Isso é roupa de ir pra pracinha? Esqueceu o resto do vestido em casa?

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Escrito: 21.11
Postado: 15.12

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Onde histórias criam vida. Descubra agora