*12*

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*Diana

Estávamos encharcados a ponto de pingar água enquanto andávamos, as pessoas na rua nos observavam, algumas de cara feia e outras achando a situação engraçada. Ficamos algumas horas brincando e zoando na água e esquecemos que teríamos que ir embora e bom, estávamos todos com as roupas ensopadas.

- Tadinha da minha Brasília. - Dinho choraminga e eu dou risada.

- Descobriu o que tinha de errado com a mesma? - pergunto e Cláudia que apertava o cabelo tentando tirar o excesso de água da risada.

- Cinco homens, mexendo e remexendo no motor e eu que descobri que o problema era a gasolina que tinha acabado. - ela fala e nós duas caímos na risada.

- Parem de rir igual duas malucas e entrem no carro. - Bento resmunga e nós continuamos dando risada.

Samuel e Sérgio já estavam no banco de trás, entro e me sento ao lado de Samuel e Cláudia no colo de Sérgio, Bento nos olha e nega.

- Bento, entra logo. - Júlio fala e o japonês entra reclamando, ouço um barulho alto e olho para Samuel que dá risada.

- Eu acho que estou com fome. - ele fala passando a mão na barriga.

...

Já estávamos a algumas horas na estrada, uma viagem que demorava cerca de duas horas, estava sendo o dobro de tempo graças ao trânsito.

- Galera, eu escrevi o começo de uma música. - Dinho fala nos olhando pelo retrovisor. - Mas empaquei e não consegui terminar.

- Canta aí. - Sérgio fala e meu irmão começa a batucar no volante.

- Só de pensar que nós dois éramos dois, eu feijão você arroz, temperados com Sazon. - ele começa a cantar, Júlio pega o ritmo e começa a batucar o painel do carro. - Só de lembrar nós na Kombi no domingo, nosso amor era tão lindo, nós desciamos pro Boqueirão.

- Só isso? - Bento pergunta e meu irmão assente. - Mas o que você imaginou?

- Eu vi um casal daqueles adolescentes da Kombi brigando, daí escrevi esse comecinho e uma outra parte pro refrão. - ele volta a batucar. - Subiu a serra, me deixou no Boqueirão, arrombou meu coração e depois desapareceu, fiquei na merda, nas areias do destino, me tratou como suíno, cuspiu no prato que comeu. - o carro a nossa frente começa a andar depois de vários minutos parado graças ao engarrafamento. - Mas eu queria algo que desse sentido antes dessa parte.

- Eu pensei em algo, canta aí de novo. - Samuel fala e Júlio começa a batucar no painel e Dinho começa a cantar.

- Nós descíamos pro Boqueirão... Aí imaginei que aqui poderia ter uma paradinha sabe? - ele fala e Samuel assente.

- A Kombi quebrada lá na praia e você de mini saia dando bola para um alemão, o alemão de carro conversível e eu mexendo nos fusível, nem vi quando você me deixou... Aí começa a parta do subiu a serra. - Sam fala e eu escuto Sérgio dar risada.

- Porra, ficou bom. - Júlio fala abrindo o porta treco do carro e pegando um bloquinho e um lápis. - Vou anotar.

- O alemão do café nem te irritou, não é, Sam? - Sérgio pergunta e Cláudia da risada.

- Cala a boca. - Samuel resmunga e volta a encarar a janela.

Samuel seguiu em silêncio a viagem inteira e de cara fechada, cansada, encosto minha cabeça em seu ombro e escuto o mesmo suspirar. Os meninos e Cláudia conversavam sobre o show de ontem e sobre o desenvolvimento da nova música, a qual eles apelidaram de "Alemão do café" em minha homenagem.

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Onde histórias criam vida. Descubra agora