ᴠᴏᴄê ᴘʀᴇᴄɪsᴀ sᴇʀ ғᴏʀᴛᴇ

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎

Saímos do carro e ele foi até o interfone do lugar.

— oque vamos fazer aqui?

Ele não me respondeu, apenas me olhou como se estivesse mandando eu me calar.

Eu não entendia o por que do seu comportamento, ele sempre foi tão amoroso comigo e legal. Do interfone saiu uma voz masculina, perguntando quem era que estava do lado de fora.

— Johnny... Johnny Raiol.

— só um momento.

A porta se abriu quase de imediato, entramos e subimos duas escada. Meu tio bateu na porta e um homem alto e forte abriu.

— muito bom vê-lo novamente, senhor Raiol.

— o prazer é meu.

Os dois se cumprimentaram com um aperto de mão. O homem voltou sua atenção para mim, me encarando com um sorriso de canto a canto do rosto.

— essa é a garota?

— si... Sim.

Eu percebi que meu tio estava nervoso, e eu estava com medo.

— olá, qual é o seu nome?

Perguntou o homem.

Eu olhei para ele e depois para o meu tio.

— fale.

Disse meu tio.

— Diana.

— muito prazer, sou o Edgar.

O homem pegou na minha mão e a beijou.

Entramos na sua sala e nos sentamos nas cadeiras a frente da sua mesa.

— de quanto você precisa?

— 10 mil.

Edgar franziu a testa e olhou novamente para mim.

— a garota vale 10 mil?

Eu me mantia calada por que acho que estava entendendo o contexto da conversa. Eu apertava minhas mãos com tanta força que em um certo momento eu já não sentia mais dor.

— ela vale muito mais, Diana ainda é virgem.

— como você tem tanta certeza?

— ela não sai de casa, só da casa pra escola e virse-versa. E ela mesma pode confirmar, não é Diana?

Meu tio me cutucou com o cotovelo e eu me assustei.

— sim...

Falei, deixando uma lágrima cair.

Edgar e meu tio voltaram a conversar, e a todo momento eu rezava para aquilo ser um pesadelo. Meu tio estava me vendendo? Meu próprio tio. Vi quando Edgar pegou um cheque na gaveta da mesa e começou a escrever nele. Meu tio lhe entregou meus documentos e pegou o cheque. Os dois apertaram as mãos novamente e meu tio se lavantou da cadeira, e eu fiz o mesmo.

— Diana, agora você vai morar aqui.

Ao ouvir isso eu comecei a chorar descontroladamente.

Ele se despediu de Edgar e foi até a porta, no momento em que eu ia correr, Edgar me pegou pelo braço.

— não me deixe aqui, por favor.

Gritei desesperada.

— por favor, tio.

Ele apenas me deu uma última olhada e fechou a porta.

— por favor.

Repeti.

— se acalme garota, aqui você estará segura...

𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄

Sem eu perceber as lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto. E quando eu olhei para Dalila ela também estava chorando.

— por que ele fez isso com você?

Perguntou com a voz embargada.

Eu passei o dedo em seu rosto limpando as lágrimas que caiam.

— aparentemente, ele devia a alguns agiotas.

— como pode?

Disse ela, se sentando na cama.

— oque?

Perguntei confusa.

— sua história ser tão parecida com a minha.

Eu me sentei na cama e segurei seu rosto.

— somos mais parecidas do que parece, você me lembra minha inocência, a qual se eu pudesse nunca teria deixado se trancar na escuridão. Ouça, querida, se eu pudesse te proteger de todo mal que frequenta essa boate, acredite, eu te protejeria com unhas e dentes. Não vai ser nada fácil para você quando tiver que se deitar com alguém pela primeira vez.

— como você aguentou?

Suas lágrimas caíam como água em uma cachoeira. A abracei com força e passei a mão pelos seus cabelos dourados.

— eu apenas fechei os olhos, como se eu estivesse dormindo e aquilo so fosse um pesadelo. Enganei a mim mesma fingindo que a dor não existia. E naquele momento, bom, eu apenas tentei lembrar dos bons momentos que vivi com a minha mãe. 

Afastei ela e olhei em seus olhos.

— Dalila, você vai ter que ser forte para suportar tudo que passamos aqui. Você vai poder chorar e gritar o quanto quiser, mas só quando você estiver sozinha em seu quarto. Você vai ter que manter as aparências e tentar agradar os clientes como eles querem, finja prazer e finja que está gostando. E o mais importante, nunca conte a ninguém como você veio parar aqui e nem o seu verdadeiro nome.

— verdadeiro nome?

— sim, de noite você vai ter que usar um apelido, assim como todas nós temos. Você so pode nos chamar pelo nossos verdadeiros nomes quando estivermos só entre nós.

— e qual vai ser o meu apelido?

Fiquei a examinando por um tempo e pensando como poderia chama-la.

— que tal Esmeralda?

Ela pensou por um momento e depois concordou.

— pode ser.

Sorri e beijei sua testa.

— agora enxugue essas lágrimas e vamos descer, toda essa história me deixou com fome.

— vamos.

Seu lindo sorriso havia voltado.

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