ɢɪɴᴇᴄᴏʟᴏɢɪsᴛᴀ

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

Assim que Hector deu partida no carro, entrei no consultório e fui direto para o balcão, onde estava uma jovem moça.

- bom dia.

- bom dia, senhorita, no que posso ajudar?

- eu queria marcar uma consulta com um ginecologista.

A mulher digitou algumas coisas no computador e depois falou:

- o próximo horário que temos é o das 11:30.

Olhei no relógio e vi que ainda era 10:30, mas eu precisava passar no ginecologista o mais rápido possível.

- pode ser.

- me de seu RG, por favor.

Entreguei o documento a ela e esperei ela fazer meu cadastro.

- aqui está, já marquei, pode ficar sentada esperando se quiser.

- obrigada.

Fiquei sentada na cadeira que tinha perto do balcão. Fiquei mexendo no celular, vasculhando o instagram enquanto esperava. Enquanto descia o feed, vi as sugestões de seguidores que o instagram me recomendou, e lá eu achei o perfil da minha tia, da mesma que deixou aquele desgraçado do Johnny me vender para aquele lugar. Cliquei no perfil e olhei as fotos que tinha, ela tinha engravidado de novo, 1 ano depois de eu ter saido de lá, era uma menina, que agora já deve estar com os seus 6 anos, ela era linda.

Também tinha fotos com o meu primo, o filho mais velho deles, Rafael agora já estava com os seus 25 anos, casou e também tem filhos, 2 meninos. Eu fiquei me perguntado como seria se eu tivesse ficado com eles, se ele nunca tivesse feito aquilo comigo, eu teria sido feliz ao lado deles? Senti a raiva começar a tomar conta do meu corpo, eu precisava respirar o ar fresco da rua, me levantei da cadeira e avisei a mulher que iria ficar um pouco lá fora.

Quando pisei meus pés na calçada, puxei o ar como se ele estivesse faltando dentro do meu pulmão, olhei os carros passando na rua, as pessoas que passavam pela calçada. "Eu preciso saber a verdade" pensei, eu sentia que aquilo que o Edgar me falou não era tudo, eu sabia que tinha algo a mais e eu queria saber. Voltei para dentro da clínica e continuei esperando a médica me chamar, e depois de longos minutos que pareciam uma eternidade, finalmente ela me chamou.

- Diana Raiol Guerra.

Me levantei da cadeira e fui ao seu encontro.

- Bom dia, eu sou a Doutora Estela, pode entrar.

A médica me fez algumas perguntas e depois me examinou, eu havia ido ao ginecologista apenas 2 vezes na vida depois de implorar para Edgar me levar. Quando ela terminou pediu para que eu colocasse de volta a minha roupa.

- Bom, Diana, você está saudável, aparentemente está tudo certo com você, mas vou lhe dar a certeza quando os seus exames estiverem prontos. Você veio aqui só para coletar o papá ou tem mais alguma coisa?

- eu quero começar a tomar anticoncepcional

- tem algum de preferência?

- o de pílula.

- ok, você sabe que tem que tomar todo dia, né? Caso você esqueça, e não tome durante o resto do dia, você pode vim a engravidar, e pelo visto não é isso que você quer.

- não, não quero ter filhos... Por enquanto talvez.

- então vou te entregar a receita do anticoncepcional.

Enquanto a médica prescrevia a receita, eu chamei um uber para que ele me levasse onde eu pretendia ir.

- aqui está.

- muito obrigada.

- seus exames ficaram prontos em 1 semana.

- Ok, virei busca-los.

- até mais, Diana.

- até, Doutora.

Saí da sua sala e paguei a consulta no balcão. Fui para a rua e fiquei esperando o carro chegar, o que não demorou muito.

Foram longas 3 horas até Campos do Jordão, o município que nasci e fui criada até os meus 16 anos, quando o carro chegou no lugar, muitas lembranças do que eu vivi aqui começaram a vir na minha cabeça. O lugar não tinha mudado muita coisa desde que saí daqui. O uber parou o carro bem em frente a casa da minha tia, e lá estava ele, brincando no quintal com a filha mais nova, a menina se divertia no balanço enquanto ele a empurrava. Ver essa cena me embrulhou o estômago.

- você poderia me deixar naquela cafeteria.

Falei, apontando para a cafeteria que eu costumava a ir toda manhã.

O motorista me deixou onde pedi, paguei a corrida e saí do carro. Entrei na cafeteria e me sentei em uma das mesinhas.

- boa tarde, oque a senhorita vai querer?

- um capuccino e uma rosquinha.

O garoto anotou meu pedido e voltou para trás do balcão.

Eu estava com fome, e precisava comer antes de ouvir oque ele tinha a me dizer. A essa altura, Hector já deveria estar sabendo que eu não havia voltado, ele me ligava insistentemente, eu não queria atender a sua ligação e nem conversa com ele agora, faria isso quando chegasse em casa.

O meu pedido chegou e enquanto eu comia eu fiquei imaginado como seria a reação deles quando me visse, queria saber se a consciência deles havia pesado durante um tempo ou durante todos esses anos por terem me vendido igual a um objeto que compra em uma loja, eu precisava saber. Terminei o café e caminhei até a casa, ele já não estava mais la fora, parei em frente, respirei fundo e abri a cerca que tinha em volta de toda a casa. Bati na porta e ouvi a voz do Johnny de lá de dentro.

- já vai.

A chave da porta começou a girar de lá de dentro e ele a abriu.

- olá, no que posso ajudar?

- não se lembra de mim?

Ele me olhou bem e depois com uma cara de espanto disse:

- Diana...

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