ᴄᴏᴍᴏ ᴠᴏᴜ ᴄᴏɴᴛᴀʀ ᴘᴀʀᴀ ᴇʟᴇ?

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

Meu corpo já não doía mais igual a uns minutos atrás, mas eu ainda mal sentia os movimentos que fazia com o rosto. Os curativos nele me fez imaginar que agora eu não estaria tão feia assim. A enfermeira estava me fazendo algumas perguntas sobre mim, as quais algumas nem eu mesma sabia oque responder. A porta do quarto se abriu e uma policial entrou, ela olhou para o vidro preto que tinha na parede e depois olhou para mim.

— Boa noite, enfermeira.

Disse ela

— Boa noite.

A policial se aproximou de mim e tirou uma agenda do bolso da calça.

— Boa noite, poderia me confirmar seu nome e sua data de nascimento?

— Diana Raiol Guerra.

Falei com um pouco de dificuldade.

— sua data de nascimento?

— 21/04/2000

Ela anotou na agenda e depois apoiou as mãos na grade da cama.

— consegue me contar oque aconteceu com você?

Fiquei em silêncio por tempo, pensado se falaria a verdade a ela ou não. E a resposta era não, mas eu também precisaria contar algo que se encaixasse em uma história que Hector poderia dizer a ela, mas eu não sei até onde ele sabe da verdade.

— foi um cliente que fez isso.

Comecei.

— eu sou balconista em uma boate, um dos clientes estava bêbado e um pouco alterado, queria sair sem pagar e quando eu fui tentar impedi-lo, ele me bateu.

— você se lembra de como é esse cliente?

— não muito, só me lembro que ele era alto, tinha cabelos grisalhos e sua pele era branca.

— por que não foi direito dar queixa na delegacia ou procurou um hospital?

— no estado que eu me encontrava eu só queria ir pra casa, achei que não estava tão grave assim. E também eu não quero fazer queixa, quero esquecer oque aconteceu!

— você tem certeza?

— tenho, era só mais um cliente bêbado, não o conheço e também não quero mais vê-lo. A única coisa que eu quero no momento é descansar.

Ela ficou me olhando por uns 5 segundos, esperava que ela tivesse mordido a isca e não perguntasse mais nada.

— os dois homens que estão lá fora, são oque seu?

— dois?

Perguntei confusa, até então só sabia que Hector estava lá fora.

— sim, tem um homem loiro mais velho, e um garoto dos olhos puxados mais novo.

— o mais velho é meu amigo, o outro não sei quem é, talvez seja algum amigo dele.

— foi ele quem a trouxe?

— sim.

— tem certeza que esta me contando a verdade? Não foi ele quem agrediu você?

— ele nunca faria isso comigo.

— tem certeza?

Perguntou novamente.

— tenho.

— então está bem, obrigada pelas informações. Já que você não quer seguir com a queixa, vamos fechar o seu caso. Mas caso mude de ideia, procure uma delegacia.

Eu concordei com a cabeça e a policial começou a ir em direção a porta.

— tenha uma ótima noite.

Disse ela.

— você também.

Assim que ela saiu a enfermeira também deixou o quarto. Eu não fiquei sozinha nem por 10 minutos, o médico que me atendeu quando eu cheguei, abriu a porta e entrou, Hector entrou logo atrás dele. Percebia-se que ele estava preocupado comigo. Hector se aproximou de mim e passou a mão na minha cabeça

— como você está?

Perguntou.

— um pouco melhor.

— a senhorita está sentindo alguma dor?

Perguntou o médico.

— não.

— que bom! Eu até poderia te dar alta e pedir para que você voltasse aqui toda semana até estar 100% melhor, mas acho melhor você ficar por aqui, pelo menos até seu rosto desinchar e eu poder pedir mais um raio-x pra ter a certeza de que não fraturou nenhum osso.

— quanto tempo, doutor?

Perguntou Hector, assim que o médico terminou de falar.

— pelo menos umas duas semanas. Ou talvez até antes se a recuperação dela for boa.

— compreendo.

"Droga, não acredito que vou ter que ficar duas semanas na cama de um hospital" pensei.

— qualquer coisa é só apertar esse botão e uma das enfermeiras virá até vocês. Com licença.

O médico saiu da sala nos deixando a sós.

— Diana.

Hector se abaixou e ficou na minha altura

— sim?

Disse, virando o rosto para olhar para ele

— me desculpa por não ter tirado você daquele lugar antes. Se eu não tivesse concordado com as suas exigências, e tivesse te tirado de lá na primeira oportunidade, isso não teria acontecido.

— não foi culpa sua, Hector.

Respire fundo e continuei.

— eu que não queria sair de lá, eu escolhi ficar lá. Isso não tem nada haver com você, não se culpe.

Eu estava me sentindo péssima por Hector achar que oque aquele maltido do Edgr fez foi sua culpa. Ele não tinha nada haver com isso. Segurei sua mão e falei:

— eu não acreditava que você realmente ia me tirar de lá, eu fui uma boba em pensar que você era igual aos outros homens que frequentava a boate.

— Diana, eu quero que você esqueça da vida que você vivia e oque fazia. A partir de hoje, você vai ter outra vida, vai começar tudo de novo, e eu quero que seja ao meu lado.

— Hector...

Eu não estava preparada para ter essa conversa, e eu não queria decepciona-lo.

— não diga mais nada, você precisa descansar, quando você receber alta vamos conversar direitinho sobre tudo e com calma.

— ta bom.

— eu vou para casa, meu irmão esta aqui comigo e não tivemos uma boa conversa. Amanhã de manhã eu vou vim te ver, pode ser?

— pode.

Ele beijou minha testa e colocou minha mão em cima da cama

— até amanhã, menina.

— até.

Hector foi embora e agora finalmente eu estava sozinho naquele quarto.

Eu já sei quais são as intenções de Hector comigo, ele quer que eu fique com ele, quer ter algo a mais comigo, mas eu não sou a pessoa certa para ele ter ao seu lado. Hector é um grande advogado, vive uma vida de luxo e festas grandes, oque as pessoas vão pensar dele quando verem ele com uma ex garota de programa? Eu não quero destruir sua vida e nem sujar sua carreira. Mas como vou dizer isso a ele?

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