ᴇᴜ ɴãᴏ ǫᴜᴇʀᴏ ɴᴀᴅᴀ ᴅɪssᴏ

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

Lá estava eu de novo, em pleno sábado as 14:00 da tarde, e dessa vez, estava sozinha. Pelo menos a maioria dos sintomas tinha passado e agora eu só precisava saber o resultado do exame. Eu já estava esperando a uma hora, já levantei, sentei, fui beber água, usei o banheiro e nada do médico me chamar.

- hoje está lotado, né?!

Disse, uma mulher loira e alta com um barrigão enorme.

- sim, haja paciência.

Falei, lavando as mãos na pia do banheiro.

- estou aqui para ganhar a minha filha, mas já estou de molho esperando a duas horas.

Depois de dizer isso, a mulher colocou a mão na barriga e gemeu.

- está tudo bem?

Perguntei.

- está, foi só um contração.

- ah sim.

Sequei minhas mãos e antes de sair falei.

- é melhor eu voltar antes que me chame e eu não ouça.

- verdade.

Concordou a mulher, rindo.

Saí do banheiro e voltei para a sala de espera, mas antes que minhas nádegas tocassem a acolchoado da cadeira, o médico chamou meu nome.

- Diana Raiol.

Fui em sua direção, ele me comprimentou e pediu para eu entrar.

- como você se sente, Diana?

- bem melhor, só pra comer que ainda tenho um pouco de dificuldade.

- porque?

- não estou sentindo fome, só como para não passar mal.

- você vai ter que mudar isso, Diana, precisa comer, ainda mais agora.

- porque ainda mais agora? Oque mostrou no exame?

- como eu suspeitava, você está grávida.

Ok, naquele momento o mundo parou para mim, eu não sentia e não ouvia mais nada, na verdade eu ainda conseguia ouvir bem distante a voz do médico.

- agora você vai ter que se alimentar por 2, precisa comer bem e saudavelmente.

- não, doutor, espere.

Falei com dificuldade.

- você disse que eu estou grávida? Foi isso mesmo que eu ouvi?

Perguntei, não querendo acreditar nisso.

- sim, você está grávida, para ser exato, de 1 mês.

- não, isso é impossível, eu tomo anticoncepcional.

- na verdade é bem possível, Diana, talvez você tenha esquecido de tomar algum dia, ou então, o remédio pode ter falhado, é raro mas pode acontecer.

Eu estava tentando ingerir aquela informação mas eu não queria acreditar que aquilo era verdade. Minha vida acabou!

- podemos começar o pré-natal agora se quiser e também marcar uma ultrassom.

- não.

Falei, apoiando as mãos na mesa.

- não?

Perguntou o médico com duvida.

- não, eu não quero nada disso.

- eu não estou entendendo, Diana.

- eu não quero esse bebê, não quero fazer pré-natal, não quero fazer ultrassom. Isso não deveria ter acontecido.

O médico ficou calado me observando.

- meu deus, oque que eu vou fazer.

Disse, colocando a mão no rosto.

- oque você pretende fazer em relação a isso, Diana?

- eu não sei, eu não sei.

- Diana, ter um filho não é a pior coisa do mundo, pelo contrário, é uma bênção.

- pra você é uma bênção, pra mim é o fim do mundo.

Falei, sem pensar.

- eu não posso fazer muita coisa em relação as suas decisões, mas enquanto você não sabe oque fazer, vou passar umas vitaminas para você tomar.

Ele digitou e digitou no teclado, depois me entregou o papel.

- você precisa comer mais, esse bebê vai precisar de nutrientes para se desenvolver. Você não pode beber, fumar, carregar peso, e nem fazer muito esforço. Quero que volte aqui na próxima semana, até lá, pense muito bem em relação ao seu filho, Diana.

Me levantei da cadeira e fui até a porta.

- obrigada, e me desculpe pela forma como falei com você.

- não tem problema, já esqueci.

Saí da sua sala e na sala de espera me deparei com a mesma moça do banheiro, ela gritava de dor enquanto duas enfermeiras a colocava na cadeira, havia líquido e sangue no chão. Olhei para aquela cena, para aquela mulher, e alí a minha certeza só aumentou, eu não quero esse bebê, não quero passar por isso, não quero ficar com a barriga enorme e cheia de marcas da gravidez. Isso não é pra mim.

Enquanto eu voltava para casa eu decidi que não contaria para Hector a verdade, já que isso não duraria muito tempo. Ao mesmo tempo, eu precisava contar isso a alguém, eu queria desabafar e poder contar tudo que aconteceu comigo durante esses meses, e eu sabia exatamente para quem eu queria contar, Talia e Rebecca seriam as únicas que me entenderia, mas como eu vou falar com elas. Eu teria que voltar naquele lugar, e pagar para falar com as meninas, tudo isso era contra oque Hector me fez prometer.

Mas nesse momento, nessa situação, eu teria que ir contra a vontade de Hector, eu tenho que me escolher nesse momento e pensar em mim primeiro. Quando cheguei em casa e passei pelo quintal, vi Hector e Daniel jogando bola, meu noivo me viu e pediu para que eu fosse até ele.

- como você está?

Perguntou, me beijando.

- bem.

- oque o médico disse?

O encarei com os olhos semicerrados por conta do sol que batia em meu rosto.

- é uma virose, uma virose terrível, mas que daqui a alguns dias, estarei 100% melhor.

- que bom, meu amor.

- com essa cara de enterro eu achei que era algo pior.

Falou, Daniel.

- vai catar coquinho, Daniel.

- eu comprei sorvete, vá comer um pouco.

- ta bom.

- antes de você ir, meu bem, eu e Daniel vamos sair hoje a noite.

Disse ele, com cara de quem estava com receio da minha resposta.

- pra onde?

- vamos jogar boliche.

- boliche?

Falei, fazendo careta.

- sim, gostamos de jogar boliche de vez enquando.

- bom, então ta.

Soltei sua mão e entrei na casa.

Hoje vai ser o dia perfeito para ir até a boate, quando Hector saír com Daniel, eu vou inventar algo para Ellen e também vou sair. Já está tudo pensado, vai dar certo.

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