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Aparecida

Algumas semanas depois

Meu pai sorria muito satisfeito por estar me levando para o jantar de noivado, essas últimas semanas foram maravilhosas ao lado de Luís, foi muito importante dar a oportunidade a ele e a mim de conhecê-lo mais intimamente, saímos para almoços, jantares, cafés da manhã e dormi em sua casa muitas vezes, ele respeitou a mim em todos os dias que fiquei em sua casa. Não tivemos nenhum tipo de contato íntimo, e fiquei feliz por isso.

— Pai, queria agradecê-lo por cuidar de mim durante todo esse tempo, daqui poucos dias serei uma mulher casada graças ao senhor.

— Filha, eu falei que cuidaria de você, infelizmente ainda não consegui encontrar o seu irmão mas não se preocupe, estou intensificando as buscas e acredito que irei encontrá-lo em breve. Quero saber, minha filha, se está feliz?

Apesar de ainda haver um sentimento grande em relação a Edgar, estou realmente determinada a seguir em frente com Luís, ele conseguiu conquistar minha amizade e afeto, penso que logo poderemos ser mais que amigos, falamos sobre ter filhos e o cuidado com a casa e os demais interesses domésticos.

— Estou feliz, pai!

Estamos totalmente alinhados em muitas opiniões, por isso estou feliz com a decisão que tomei em relação ao casamento, quando chegamos no restaurante reservado por Luís para o noivado, algumas pessoas já nos esperavam, Luís ao perceber nossa chegada sorriu indo até nós.

— Raimundo, se permite o elogio, sua filha está lindíssima.

O vestido foi presente dele, uma peça longa da cor azul marinho, as joias também foram presentes dele, Luís foi muito atencioso comigo. Receber presentes dele tem outro significado pois sei que faz por carinho e não por imposição, Luís nos levou até a mesa, Patrícia chegou logo depois com seu pai, a noite está tão agradável, e realmente estou contente pelo andamento de tudo.

— Pessoal, quero agradecer a presença de todos, dizer que estou realmente feliz por tê-los aqui nesse momento, eu não sou muito bom com palavras, porém preciso realmente fazer uma exceção hoje. A algumas semanas atrás conheci uma mulher especial, dócil e gentil que conseguiu me fazer ver que a vida tem um jeito diferente de mostrar que todos podemos ter uma segunda chance, por isso, Aparecida quero oficializar perante todos aqui presentes o nosso noivado, portanto quero pedir a sua mão em casamento. Aceita começar uma nova história comigo?

Luís estendeu um lindo anel de ametista em minha frente, eu concordei com o pedido recebendo aplausos e comemorações de todos, meu pai apertou a mão de Luís selando assim o acordo, eu não me importo com o lado financeiro desse compromisso, apenas quero me casar e ter uma linda família como sempre sonhei.

De repente como se não fosse merecedora de nenhuma felicidade enquanto Edgar estiver perto de mim, o vejo entrando no restaurante acompanhado por uma senhora aparentemente jovem, o olhar de Luís foi diretamente para ela e naquele momento soube que fazia parte de um plano nojento de Cunha.

— Pai, eu vou falar com ele, isso precisa parar.

— Quem vai colocar esse desgraçado no lugar dele sou eu.

Meu pai impediu tanto a mim como Luís dizendo que Edgar queria fazer um show com nossos convidados, descobri depois por Luís que a senhora que está ao lado de Edgar é sua mãe, Luís segura minha mão e percebo que está tremendo.

— Querido, ela não vai atrapalhar o nosso dia feliz, fique calmo. Tudo bem?

— Ela vai, eu sei disso, minha mãe foi horrível com Sophie e será horrível com você também.

Eu não tenho medo dela. Já passei por muita coisa nessa vida, não será uma abusadora que vai colocar medo em mim.

Edgar

— O que está fazendo aqui, Edgar?

— Vim prestigiar o noivado da minha irmã e trazer a mãe do noivo, já que ele se esqueceu dela.

A mulher olhava para direção do filho de um jeito muito estranho, tentei descobrir o motivo que a fez ser internada mas ela não quis dizer. Aparecida está acalmando Luís beijando suas mãos com carinho, eu não entendia como ela deixou de ter amor por mim tanto rápido.

Quando tiver ela de volta vou fazê-la pagar por cada gesto de carinho e afeto que tem por este bosta, não aceito que seu olhar brilhe para outro que não seja eu, queria poder voltar no tempo e trancá-la em uma redoma para que ninguém pudesse tocar nela, Aparecida pertence a mim.

— A senhora Queiróz sabe muito bem porque não pode estar aqui, e você também sabe o motivo do porque não foi convidado. Sua intenção é estragar o noivado da sua irmã por crueldade, ela não pode ser sua, precisa entender isso de uma vez por todas.

A verdade é que tudo isso é um espetáculo armado pelo meu pai e sua mania de querer manipular todas as minhas ações que estão contra a sua vontade.

— Eu devo estar aqui sim, Raimundo, tenho que evitar que meu filho se case com uma empregada doméstica sujando o sangue da nossa família com a escória.

Nesse momento, Aparecida aparece ao lado de Luís ouvindo o comentário, o seu olhar em minha direção é de tristeza e decepção, ela já me olhou assim e odeio ver esse olhar novamente. Alguns seguranças apareceram retirando a mãe de Luís que gritava e ofendia Aparecida enquanto é levada para fora do restaurante.

Aparecida pediu para Luís e meu pai irem até a mesa para acalmar os convidados a intenção era mostrar para Aparecida que Luís não é esse homem perfeito que ela acredita que ele seja, porém não poderia imaginar que a mãe dele faria isso. Quando a tirei da clínica pagando uma boa quantia, pensei realmente que poderia revelar a Aparecida que o filho trancou a própria mãe em um manicômio portanto poderia fazer o mesmo com ela.

— Aparecida, não queria que isso tivesse acontecido.

— Edgar, você queria sim. Eu realmente lamento por ter tanto ódio de mim, por sempre querer atrapalhar a minha vida e fazer mal a mim. Amei você, entreguei o que tinha de melhor, relevei as humilhações e até mesmo pensei que tudo isso era culpa minha por ter sido tão burra em pensar que um homem tão bonito como você iria querer algo comigo. Mas na verdade, tudo isso é culpa sua, Edgar e da sua falta de decência e moral. Tudo isso só vai me fazer odiá-lo e aquele sentimento bom que ainda restava acabar.

— Luís não é quem você pensa. Meu pai sabe que ele não presta, e mesmo assim vai entregá-la a ele em uma bandeja de prata, eu me importo com você e quero o melhor para nós, Aparecida, porque não consegue entender?

— Não quer o meu bem, apenas continuar vivendo uma relação impossível. Eu entendo muito bem o que você quer, seu mais profundo desejo é pisar em mim e ter sua submissa pobre e sem defesa de volta, não se importa comigo, é egoísta demais para ter um sentimento tão nobre como empatia. O que eu preciso fazer para desaparecer da minha vida de uma vez por todas?

Ela nunca falou assim comigo, o ódio na voz e a raiva no olhar causaram um incomodo terrível em mim, tudo que fiz foi para protegê-la.

— Não consegue ver que está sendo manipulada, eu sei cuidar de você, Aparecida, somente esqueça dessa merda toda. Volte comigo para o Brasil, sabe muito bem que seu lugar é ao meu lado.

Tentei tocar no seu rosto sendo repelido por ela, Aparecida não pode negar o que sente, eu não vou suportar ficar sem ela.

— Voltar a ser sua empregada ou seu saco de pancadas? Não estou sendo manipulada, Edgar, eu realmente quero estar aqui com Luís, se gosta tanto de mim porque simplesmente não pode me deixar ser feliz? Vá embora, por favor, eu não quero ter que pedir para os seguranças de Luís tirá-lo daqui.

Não quero mais confronto, é melhor me preparar para próxima batalha, essa eu perdi mas não quer dizer que vou desistir tão facilmente de ganhar a guerra, Aparecida vai voltar a ser minha custe o que custar.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora