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Jonatas

- Tem certeza disso?

- Absoluta, certeza. Luís está com Maria, a descrição dos funcionários do hotel é idêntica à de Maria. Ele voltou alguns meses para Espanha, como fará para trazê-la de volta?

Maria e sua maneira de viver iria colocá-la na mira de alguém mentalmente louco, Luís nunca me enganou e depois que investiguei melhor sobre a internação da sua mãe fiquei assustado ao saber que transava com a mãe. Só parou por ter sido descoberto por sua noiva na época.

- Vou buscá-la, Maria está contra a vontade com ele, isso é lógico.

Coloquei meu irmão para investigar, demorou para ligarmos as visitas de uma prostituta a um hotel luxuoso a Luís, já que Maria sempre gostou de usar perucas e roupas provocantes para disfarçar quem era. Ele é o gringo que tanto pagava bem e em dólar.

Maria pensava que tendo dinheiro não precisaria se preocupar com nada e se esqueceu que nada vem fácil. Agora tenho que tirá-la das mãos de Luís, e sei bem como. Oriento Washington a seguir meus planos, depois vou para casa de Edgar.

Ao chegar vejo Susana com uma arma apontada para cabeça de Edgar, ele está atirado no chão com sangue ao seu redor, sou rápido pegando minha arma e aproveitando da distração dela para atirar no seu braço, ela solta a arma na hora, vários moradores olham a cena aterrorizados, alguns estão com celulares na mão filmando tudo.

Corro até Edgar ligando para polícia e ambulância, ele sorri ao me ver parece aliviado com minha presença, o jeito que olha para mim mostra que não está bem. Ele estende sua mão pedindo para segurar, minha mãe aparece chorando e gritando ao ver seu menino como costuma chamá-lo todo ensanguentado.

- Jonatas...eu não tenho muito tempo. Ouça, meu amigo, preciso....que cuide de Aparecida e do nosso filho. Não confio em ninguém além de você para fazer isso.

Segurei o sangue que jorrava de sua barriga, Edgar estava perdendo muito sangue e se o socorro não chegar rápido não vai sobreviver.

- Poupe suas forças, você vai cuidar do seu filho, eu vou apenas protegê-lo como um bom padrinho faz.

- Diga...para Aparecida...que eu a amo, e tudo que quero...é que seja feliz.

Ele desmaiou ainda apertando minha mão logo a ambulância chegou junto com uma viatura, os seguranças do condomínio manterá Susana afastada só depois entregando ela a polícia. Eu e minha mãe fomos junto com Edgar para o hospital, ele foi levado rapidamente para o centro cirúrgico. Ficamos na sala de espera aguardando informações sobre ele, mas nada foi dito, até que vejo Aparecida entrando na sala de espera chorando enquanto abraça minha mãe.

Não queria que minha mãe tivesse avisado Aparecida, faltando poucas semanas para o nascimento do meu afilhado, toda e qualquer situação pode causar algum problema a ela. O médico vai até nós com um semblante sério, Aparecida está de mãos dadas com minha mãe esperando pelo pior.

Aparecida

- O estado de saúde do paciente é instável. Tivemos que induzi-lo ao coma, o tiro atingiu um órgão vital, se não tivesse sido socorrido com urgência como foi com certeza teria morrido.

- Posso visitá-lo?

Eu estou apreensiva e com medo, não sei o que esperar, o semblante do médico é tão sério que me deixa apavorada.

- Ainda não. O estado de saúde dele depende das 24 horas seguintes a cirurgia feita, peço que aguarde o próximo boletim médico. Ele não está fora de perigo, apesar do procedimento ter sido bem sucedido, é preciso ser franco em dizer que a recuperação do paciente depende de como seu corpo irá se recuperar.

O médico saiu nos deixando com uma enorme incerteza, Jonatas aproveitou para avisar a família enquanto eu fiquei com Luzia. A sensação de impotência por não poder fazer nada para ajudá-lo é enorme. Os minutos foram se passando virando horas, a tia de Edgar veio acompanhada por seus filhos e marido, eles não olharam para mim.

É lógico que não iria falar comigo, eu sou a bastarda, a pobretona que Edgar se envolveu como uma brincadeira, fui para capela do hospital ficar perto de Jesus com certeza acalmaria meu coração e minha mente, de repente uma das primas de Edgar se sentou ao meu lado.

- Você deve ser Aparecida. Não tivemos oportunidade de nos conhecer devidamente. Sou Roseli, eu realmente lamento muito por Edgar estar assim. Na adolescência nós éramos muito próximos, fui muito mais próxima dele do que do meu irmão, mas depois fui internada na clínica e perdemos o contato.

Ela parecia simpática apesar de toda situação terrível que estamos vivendo.

- Edgar foi a favor da minha internação. Ele pensava que eu estava ficando louca por querer ser feliz com alguém de classe social diferente da nossa, e veja só, acabou se apaixonando por alguém como você.

- Roseli, eu imagino que sofreu por ter sido internada em uma clínica contra sua vontade. Eu não tenho condições nenhuma para defender ele nesse momento, agora temos que rezar pela recuperação dele e não pensar no passado. Quando ele se recuperar, deve abrir seu coração e dizer tudo que sente em relação a ele, mas falar para mim não vai mudar em nada.

Roseli ficou com olhos arregalados pois com certeza não esperava essa resposta vinda de mim.

- Seu primo está entre a vida e a morte por não ter deixado o passado para trás, eu não sou ninguém para dizer algo a você, mas me sinto no dever depois de tudo isso de dizer, a vida é curta demais para ficar andando eternamente no passado, viva o agora, Roseli. O ontem já passou, o hoje deve ser vivido e o amanhã deve ser esperança.

Foquei minha atenção em Jesus crucificado rezando para que ele tenha misericórdia do meu amor. Roseli percebeu que não iria conseguir nada comigo se levantando e indo embora, espero que ela possa encontrar um caminho diferente sem rancor e mágoa.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora