Algumas semanas depois
Edgar
— Como está a assistente, Luzia?
— Ela foi enviada pelos céus para mim, senhor, uma cozinheira de mão cheia e uma excelente cia. Vou apresentá-la para Jonatas, ela disse que já tem um namorado, mas sei que assim que ver meu menino vai terminar esse namoro bem rápido.
Por uma sacada do destino tive que fazer algumas viagens para promover uma nova marca de roupas que estou patrocinando, vários desfiles, festas, jantares e encontros de negócios, mas nada disso me tira Aparecida da cabeça. Eu sonho com o seu sorriso, sinto seu cheiro de baunilha de um perfume barato que usa e até imagino seu corpo nu mesmo que não tenha visto.
— Jonatas é um homem focado, Luzia, não tire meu melhor homem do caminho. Estou voltando no próximo fim de semana, vou mandar uma lista para você de itens para o próximo evento que pretendo dar.
— Perfeito, senhor. Até o final de semana.
Para Aparecida, estou trabalhando em outro condomínio, ela como sempre não questiona nada, apenas me abraça e aceita que por conta do "trabalho" não poderei vê-la com tanta frequência. Assino alguns documentos já me preparando para uma reunião com um renomado designer de joias.
Minha equipe já está me esperando junto com o designer na sala, a reunião é iniciada por mim, ele me mostra os desenhos e algumas peças produzidas para desfile, a responsável pelo desfile já havia escolhido tudo, apenas precisava do meu aval para seguir.
— Está tudo perfeito, podem seguir! Gostaria de conversar com o designer em particular.
Todos saíram ficando apenas o designer, Henri Sander é famoso no meio da joalheria herdando o talento do seu pai e avô no ramo.
— Como posso ajudá-lo, Edgar?
— Me disseram que tem um talento peculiar para criar joias sob medida apenas em ver uma imagem ou foto. Quero que faça uma coleção de joias com anéis, colares, gargantilhas, brincos e toda tipo de joia existente para essa mulher.
Imprimi uma foto de Aparecida, que mandei um fotógrafo de rua tirar no dia que formos na praia, ela me deu alegando que era para se lembrar dela quando estivéssemos longe.
— É linda. Ela merece diamantes e pérolas, tem uma beleza oculta, existe algo doce no olhar dela quase que inocente. Posso fazer tiaras também, parece um anjo perdido vivendo no meio dos pecadores.
Henri sem nem mesmo conhecê-la descreveu minha submissa, Aparecida tem essa doçura angelical que jamais conheci antes, um anjo no meio dos pecadores sem sombras de dúvidas.
— Pois faça. Tem meu aval, não se incomode com o preço, pago o valor que estiver disposto a cobrar.
Ele saiu sorrindo dizendo que era um prazer fazer joias para uma musa tão diferente. Acaricio sua foto sentindo uma saudade imensa dela, de seu sorriso e principalmente do seu beijo delicioso, que esse fim de semana chegue logo.
Aparecida
— Filha, vai lá atender a porta enquanto término de limpar o escritório.
Estamos limpando a casa para não ter nada fora do lugar ou de um jeito que o patrão não goste. Talvez finalmente conheça ele, porém estou mais ansiosa para ver meu Cunha, ele está trabalhando muito, meu namorado é um homem trabalhador e esforçado, alguém para casar-se, tomara que comigo.
Ao abrir a porta vejo Janaína com Venâncio e outra mulher, parece que a conheço de algum lugar, só não me lembro de onde. O primo do patrão tem entrada liberada por isso apenas abri a porta os recebendo, a moça olhava para mim de um jeito esquisito, mas esse povo rico é assim mesmo.
Normalmente Venâncio serve de bebidas e se precisa de algo nos chama, pedi licença e fui para escritório, Luzia precisava da minha ajuda. No entanto, a moça chamou por mim, Janaína riu e Venâncio ficou sem entender o que estava acontecendo.
— Janaína me disse que seu nome é Aparecida, certo? Você nunca ouviu falar que os serviçais não podem se envolver com seus patrões?
Fiquei sem entender. Será que ela está drogada? Só isso explica essa fala esquisita dela. Venâncio olha para Janaína sem entender o que está acontecendo, como se estivesse pedindo alguma explicação.
— Su, do que você está falando?
— Essa empregadinha é a nova namoradinha de Edgar. Você não sabia? Ele está passeando com a criadagem na praia como se fosse igual a ela.
Fiquei assustada com o que essa mulher está dizendo, nunca vi meu patrão na vida ainda mais estar com ele, realmente está drogada ou bêbada.
— Senhor Venâncio, não sei o que essa moça está falando. Eu tenho namorado, é um segurança, está havendo uma confusão, com certeza.
Ela e Janaína começaram a rir como se eu fosse uma piada, isso tudo é uma loucura. A mulher pegou seu celular mostrando a foto do meu Cunha, não sei por que estão brincando comigo desse jeito.
— Isso não tem graça. Senhor Venâncio, por que estão brincando comigo assim?
— Esse é Edgar Cunha, seu namorado, não é, empregadinha? Ele não contou para você quem era. Muito típico de alguém como ele, sabe que nós gostamos de coisas diferentes, provavelmente ele achou que era interessante mantê-la como serviçal comendo você no quartinho de empregada.
Um homem apareceu na hora com o celular na mão como se tivesse ouvido tudo e esperasse a hora certa para aparecer, Venâncio ficou branco como se estivesse vendo um demônio.
— Deve se retirar junto com essas mulheres, Venâncio. O seu primo disse que trazer ela aqui não foi algo prudente, e terá consequências não só para você, mas também para elas.
A cor de seu rosto voltou na hora, ele pegou no braço de Janaína e na outra mulher que agora consigo lembrar, é a mesma na praia que Cunha conversou, perguntei quem era na época e ele disse que era uma conhecida. Minha mente começa a processar tudo que está acontecendo, eu fui um brinquedo nas mãos dele, é claro, como pude ser tão burra.
Corri na direção do meu quarto pegando minha mala, eu preciso sair daqui o quanto antes, com certeza Luzia sabia, todos menos eu sabia dos planos dele. Era bom demais para ser verdade, Cunha nunca existiu, fui enganada. Antes que pudesse sair, o homem bloqueou minha saída.
— A brincadeira acabou, eu não quero problemas. Depois eu venho acertar os dias, mas se não quiserem pagar, não tem problema pensando bem é até melhor.
— Aparecida, o patrão exigi que fique. Ele irá adiantar o retorno, não se preocupe com o que foi dito. Susana foi uma ex-namorada do patrão, hoje é insignificante, todos serão punidos pelo que foi feito hoje. Eu garanto isso pois vou providenciar pessoalmente que paguem, peço desculpas de antemão, mas não pode ir embora.
Ele saiu trancando a porta, bati na porta e gritei por um bom tempo, mas ninguém veio, não sei o que querem de mim ainda. O joguinho de enganar a garota de baixa renda acabou, não precisa me dar satisfações, só preciso ir embora. No final, vovó tinha toda razão, eu sou como minha mãe vivendo no mundo dos sonhos pensando que poderia ser feliz quando na verdade isso nunca poderia acontecer.
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Entre Sombras e Redenção (concluído)
RomanceSob o véu da redenção, Edgar e Aparecida dançam na penumbra do destino entrelaçado. Entre sedução e resistência, uma obsessão floresce, guiando-os por caminhos inesperados. Chantagem tece laços que os aprisionam, mas nas sombras, uma conexão profun...