Aparecida
A festa está repleta de pessoas, muitas eu já vi na televisão, outras nunca vi, mas sei que são pessoas ricas que possuem negócios com Edgar. O vejo conversando com duas moças muito bonitas, bem diferente de mim, não deveria ter ciúmes de alguém que nem mesmo é meu. Edgar não tem amor por mim apenas sou uma de suas posses, a festa o fez se esquecer de mim portanto pude focar no meu trabalho e esquecê-lo também. Jonatas aparece na cozinha como sempre calado, preparo um prato com alguns salgados da festa colocando em sua frente, ele come alguns observando meu serviço.
- O que houve ontem, não pode acontecer mais. O que você fez não tem justificativa, Edgar vai enjoar de você como já expliquei, mas precisa ter paciência e não se jogar no mar com a intenção clara de se matar. Eu tomei a liberdade de vasculhar seu quarto, você está se drogando com remédios controlados, Aparecida. O que está pensando?
- Eu fui diagnosticada com depressão ainda muito jovem, tenho a receita de todos esses remédios portanto não estou me drogando sem consentimento de um psiquiatra.
Eu sabia bem que Edgar não iria acreditar em mim e que não iria apenas colocar aquele objeto em mim, logicamente iria pedir para seu cão de guarda investigar mexendo nas minhas coisas, eu não tenho liberdade de sair ou de morrer, tudo é controlado por Edgar.
- Informe o nome do seu psicólogo, vou agendar uma consulta para você, talvez procurar seu psiquiatra.
- Isso não é problema seu, Jonatas. Eu pensei que fosse meu amigo, alguém que eu pudesse confiar, mas você não é. É o braço direito de Edgar, provavelmente está esperando o momento certo para também se aproveitar de mim. Por que não faz agora? Seu patrão está ocupado de mais para perceber.
Estou sozinha aqui nessa casa. Luzia olha para mim como se soubesse que algo não está certo, Jonatas e essa conversa de que tudo vai acabar e Edgar e seu constante controle sob minha vida. Estou completamente à mercê de todos como sempre foi durante toda essa vida miserável minha.
- Se revoltar não vai resolver nada, Aparecida. Precisa manter a calma como já orientei a você.
- Ótimo, Jonatas. Agora, pode por favor me deixar trabalhar, eu ainda tenho muito a fazer, não posso perder meu tempo com conversas fiadas. Espero que meus remédios estejam no mesmo lugar que deixei, acredite, você não vai querer lidar com um corpo de uma garota pobre na casa de um homem rico e famoso como Edgar Cunha.
Entendi que eles só entendem a linguagem da ameaça, se minha vida é tão preciosa para eles vou usar este método para afastá-los principalmente Jonatas que é fiel apenas a Edgar e mais ninguém. Ele saiu, continuei com o meu trabalho de repente vejo Venâncio entrando na cozinha, eu continuo ajeitando as bandejas para serem servidas pelos garçons. Este homem provavelmente veio me ameaçar pensando que eu mandei bater nele, como se eu tivesse algum poder para isso.
- Meu primo mentiu para você, enganou e pelas marcas nos seus pulsos está usando você como o novo saco de pancadas dele, por que ainda está aqui?
- Venâncio, eu não pedi para Edgar fazer aquilo com você e Janaína, eu realmente lamento por tudo isso. Não estou aqui porque quero, se eu tivesse como pegar minhas coisas e ir embora já teria feito isso a muito tempo.
Se ele acredita ou não, na realidade não importa tanto. Minha vida já está infernal o suficiente, um demônio a mais um a menos não fará diferença nenhuma.
- Edgar vai destruir você até não restar nada para contar história.
- Grande novidade. Alguma informação nova ou apenas isso? Eu preciso trabalhar e você está me atrapalhando.
Ele pegou uma garrafa de champanhe e graça a Deus saiu, eu não preciso de mais alguém para encher minhas paciências, meu temperamento oscila por conta da medicação como também esse plug na minha bunda causando um grande incomodo em mim, não vejo a hora de tirar essa merda de mim. Vejo Edgar e já reviro os olhos ao perceber sua presença, o que este infeliz quer comigo agora?
- Venha aqui.
Fui até ele percebendo o que queria, eu não quero isso, não sem estar devidamente medicada. Eu tenho uma ideia para afastá-lo de mim.
- Eu não quero, estou ocupada além disso estou menstruada, vai acabar sujando você.
- Pensa que sou um tarado sexual que quero transar a cada minuto, não sou assim. Eu apenas estava com saudades de você, e queria vê-la e saber se está bem.
Claro que ele se preocupa comigo como um namorado extremamente zeloso, como é romântico. Eu não estou bem e esse imbecil decidiu deixar o meu dia pior.
- Estou bem, Edgar, agradeço a preocupação tão genuína da sua parte.
Sua mão vai direto para o meu pescoço apertando com uma certa força, eu não me importo, tomara que aperte mais até me sufocar. O que ele não percebeu ainda que não há mais medo algum em mim. Quando esse fetiche, ou seja, lá o que pensa sentir acabar, não vai sobrar nada de mim para contar história como o próprio primo dele pontuou.
- Está debochando de mim, Aparecida? Cadela, está precisando ser disciplinada parece que o plug diário não foi castigo suficiente
- Foi sim. Pode me soltar, eu tenho muito trabalho.
Parei de me importar, o caminho de ser calma e submissa esperando que se enjoei de mim não deu certo, por que tenho que continuar tentando ser assim? Segui os conselhos de Jonatas pensando que poderia ser um caminho bom pois ele mais que ninguém conhecia seu chefe, o que não parei para pensar é que tudo isso pode ser muito bem um plano de ambos para que Edgar consiga o que quer.
Ele solta meu pescoço depois dá uma risada diabólica, está debochando de mim como sempre, volto para o meu posto atras do fogão, Edgar é um grande desgraçado, gosta de criar essas situações para alimentar sua tara nojenta, ele fica um bom tempo me observando como se estivesse procurando algum sinal de temor, logo a moça que o vi cumprimentando mais cedo aparece, ouço o nome Fernanda saindo de sua boca. Ela é mais bonita de perto, por que ele não pode se interessar por alguém como ela? Parece pertencer ao mesmo nível social que ele enquanto eu sou uma miserável.
Ele segue com ela ficando longe de mim, agradeço a Deus por isso, estou exausta com tudo, só queria que essa situação acabasse logo, mas pelo jeito terei que esperar por um tempo até que enfim termine tudo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Sombras e Redenção (concluído)
RomanceSob o véu da redenção, Edgar e Aparecida dançam na penumbra do destino entrelaçado. Entre sedução e resistência, uma obsessão floresce, guiando-os por caminhos inesperados. Chantagem tece laços que os aprisionam, mas nas sombras, uma conexão profun...