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Edgar

A urgência do meu pai para um jantar era para um evento grandioso no restaurante Paradise, o lugar pertence a uma família tradicional da cidade, são amigos do meu pai de longa data, o ambiente está cheio com vários conhecidos, mas o foco do meu pai é exclusivamente no fato de ainda não estar casado. Agora que encontrei Aparecida, não tenho interesse nenhum em casar, talvez quando perder a sensação de novidade pense nesse assunto.

— Na sua idade já era casado e sua mãe esperava por você, está ficando velho, Edgar. Deve parar de arrumar namoradas que não querem nada com você além do status que nossa família possui, sua tia pode procurar boas pretendentes para você!

— Não estamos em 1900, pai, não preciso de uma tia casamenteira. Fazemos assim, caso não encontre ninguém, deixo que minha tia faça isso. Nesse momento, tenho preocupações maiores, preciso dos seus contatos na polícia rodoviária, temos uma carga que não pode ser interceptada.

A tática de mudar de assunto sempre funciona, seguimos conversando sobre os negócios, de repente meu pai fica branco como se estivesse vendo um fantasma olhei na mesma direção percebendo que olhava fixamente para um senhora que tirava as louças sujas das mesas.

— O senhor conhece?

— Sim. Faz parte de um passado que quero esquecer, não é nada que precise se preocupar.

A sua expressão assustada não me mostrava que não deveria me preocupar, mas isso é problema dele não meu. A conversa fluiu bem apesar da aparição desagradável a ele, agora é minha vez, Suzana aparece ao lado do pai vindo em nossa direção. Merda! Eu sabia que ela tinha voltado da Europa, só não contava que a viria depois de todos esses anos.

— Boa noite, Cunha, que bom rever você e seu filho depois de tanto tempo.

Forcei um sorriso na direção deles querendo sumir, Suzana não parava de olhar para mim com interesse. Pensei que poderia ter algum sentimento por ela, no entanto para mim parece que é mais uma que passou pela minha cama. Peço licença para eles alegando que iria até o banheiro, fui na direção da grande varanda do restaurante com uma vista maravilhosa para o mar.

— Jonatas, como está a vigilância da casa dela?

— Um policial ficou parado por um bom tempo na porta da casa dela, tentou tocar nela várias vezes, mas Aparecida resistiu. Teve uma pequena discussão entre o irmão e o policial.  Pedi para investigar o homem, o senhor deve avaliar o que mandei. É importante. Além disso, Formiga vai vender a dívida, enviei por mensagem as informações sobre o valor.

Desliguei a ligação feliz por ter um homem eficiente como funcionário, sinto um toque no meu ombro, é Suzana. Até o toque dessa mulher me dá nojo, vou fingir que gostei por mera formalidade, afinal, crescemos juntos.

— Como foi sua temporada na Europa, Suzana? Aproveitou bastante?

— Sim, aproveite muito, mas senti sua falta. Foi realmente uma pena que você não estava comigo.

Fingida. Minha Aparecida não faria isso comigo porque é abnegada, negou uma boa educação e viver uma vida melhor apenas para cuidar de uma avó abusiva e um irmão viciado, como pude pensar em ter alguma coisa com essa mulher.

— Eu tinha um império para assumir, Suzana, na verdade, visitei a Europa uma vez enquanto ainda estava lá. Eu pensei: poderia procurar Suzana, não sei, relembrar os velhos tempos. Mas foi melhor não ir atrás de você, bom, estou aproveitando a vida como você e se me der licença, estou indo tratar de assunto mais importante do que  perder meu tempo falando com você. Boa noite, Suzana.

Virei as costas me sentindo vitorioso, estou ocupado demais com minha Aparecida para perder tempo com essa vadia.

Raimundo

Precisava saber o que tinha acontecido com Nalva, a única que podia responder isso era sua mãe, procurei ela e até perguntei para o dono do restaurante mas para minha infelicidade, ela foi embora. Quando ia pegar as informações com o gerente do local, Suzana retornou da varanda em frente ao mar com uma cara horrível. Edgar deve tê-la rejeitado, meu filho era muito ingênuo quando começou a namorar Suzana, e eu um péssimo pai pelo que fiz nos anos que ficou com essa mulher.

O pai dela estava conversando com outras pessoas afastado de nossa mesa, eu pagaria fortunas para manter essa mulher longe da minha família, infelizmente não consegui. No entanto, sei bem como mantê-la longe, ela quer tentar se aproximar do meu filho novamente. Mesmo que tenha que matar ela para evitar que isso aconteça.

— Fique longe do meu filho, Suzana!

— E se eu não quiser? Você atrapalhou nossa vida quando fez meu pai me mandar para Europa.

— Fiz seu pai mandar você para longe daqui para proteger meu filho.

Sabia bem o que iria acontecer com meu filho, seria um homem traído, não poderia permitir isso. Não com meu único filho, não fui um bom pai em vários momentos da vida dele, mas não podia permitir que uma vadia manchasse o nome da minha família e o do meu filho.

— Me mandou para longe não para proteger Edgar e sim para que ele não descobrisse do nosso caso, não é? Eu sabia que ele iria me pedir em casamento, e você também sabia, por isso fez toda aquela ameaça com meu pai. Eu fui, segui suas ordens, mas agora voltei para ficar do lado do meu Edgar.

Cometi um erro mantendo um caso com essa mulher enquanto ela namorava meu filho, fui fraco ao ponto de aceitar os avanços de uma garota que tinha idade para ser minha filha. A tornei minha amante nos últimos três anos de namoro dela com o meu filho, quando percebi a grande idiotice que ele iria fazer afastei ambos.

Coloquei minha reputação e da minha família em risco por causa de uma boceta jovem, agora sofro com as consequências disso, ter que lidar com essa mulher que voltou para atrapalhar a vida do meu filho. Isso só pode ser um pesadelo.

— Ele não é seu, Suzana, se afaste de Edgar para o seu próprio bem e de toda sua família.

Essa conversa me cansou. Vou embora frustrado com toda essa situação e principalmente por não ter conseguido falar com a mãe de Nalva, preciso saber o que aconteceu com ela mesmo que tenha se passado tantos.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora