Entre Sombras e Redenção (concluído)

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Aparecida

— Eu comprei pensando em você, minha linda, agora quero ver seu sorriso. Coma à vontade.

Edgar veio cuidar de mim apesar de tudo está aqui ao meu lado. Estou assustada com toda repercussão da situação com Luís, isso é tão surreal, não imaginei que ficaria triste e desanimada querendo ficar deitada e dormir para esquecer tudo que houve, mas infelizmente aconteceu. Criei expectativas na pessoa errada, e o homem que jamais será meu está cuidando de mim como se fosse o ser mais precioso desse mundo.

— Obrigada por ter vindo. Edgar, eu queria que ficasse, você pode ficar comigo? Vou conversar com nosso pai, ele vai deixar você dormir aqui comigo.

— Claro, minha linda submissa, eu faço tudo que quiser, só não sei se meu pai vai deixar. Se quiser podemos ir para o hotel, depois voltamos para o Brasil, o que acha?

Eu não posso fazer isso. Mas com Edgar acariciando meu rosto como fazia no nosso início fico totalmente desarmada e sem defesa, meu pai nunca vai me perdoar se fizer isso. Edgar é meu irmão, não posso sentir essa vontade de beijá-lo e deixar que o desejo domine tudo.

— Eu não posso, queria muito, mas não podemos. Somos irmãos, é errado sentir o que sentimos, você sabe disso, não é?

— Isso não importa, Aparecida, ouça: Podemos viver como antes, você sendo minha sem reservas mas seria diferente, seria outro homem para fazê-la feliz, eu jamais trairia você com outra mulher, o que vou querer com as outras tendo você, minha cadelinha linda?

Coloquei um brigadeiro na boca deixando o chocolate acalmar minha mente e relaxar o meu corpo, eu queria beijar a ele e sentir o seu corpo sob o meu como antes.

— Você mente, todos vocês homens ricos enganam. Eu não vou deixar você entrar na minha cabeça de novo, não podemos ficar juntos, e ficar insistindo nisso é burrice.

— Querida, não preciso entrar na sua cabeça, já estou onde mais importa: no seu coração. Sua negação só mostra isso, vejo nos seus olhos que se nosso pai não estivesse aqui estava abrindo as pernas para mim pois sabe bem que sou seu dono, se nega e foge, mas sempre volta para os meus braços. Seu lugar é comigo, talvez precise de um incentivo para entender isso.

Ele tem razão em tudo, estar aqui quando mais preciso mostra que por mais negue e fuja, Edgar sempre estará aqui para fazer com que minha mente e coração reconheça que posso até tentar escapar mas não vou conseguir.

— Precisa ir, Edgar! Agradeço por ter vindo mas não venha mais, é tortura ficar perto de você. Eu quero senti-lo dentro de mim como antes, e não posso, por isso tem que ir e não voltar nunca mais.

Toco seu rosto sentindo sua barba que fazia cócegas em mim quando beijava meu corpo e rosto, ele fecha os olhos apreciando o carinho, é maravilhoso tê-lo aqui perto de mim mas isso não pode continuar. Meu pai aparece na porta como se pressentir que algo iria acontecer.

— Edgar, está na hora de ir. Sua irmã precisa descansar.

Recebi um beijo na testa enquanto Edgar vai embora, pego o comprimido do antidepressivo junto com o copo d’água colocando na boca e engolindo, meu pai ficou preocupado com tudo que houve inclusive ligou para o meu psiquiatra que pediu para não deixar de tomar meus remédios. Fecho os meus olhos para sonhar com o meu Cunha, pois infelizmente só poderei tê-lo nos meus sonhos.

Edgar

Aparecida está sensível, temo que ela possa fazer alguma besteira por isso é importante que ela fique comigo, sou o único que pode protegê-la e evitar que tente tirar sua vida de novo. Mas é claro que meu pai vai criar obstáculos para isso como sempre.

— Pai, sei que tem amor por ela, por isso deixe que a leve para o Brasil, vou cuidar dela e jamais irão saber sobre nós dois.

— Está se ouvindo? Aparecida é sua irmã, quantas desgraças ainda precisam acontecer para entender isso? Estou pensando em interná-la em uma clínica de repouso, sua instabilidade já é visível a um tempo e depois dessa presepada vinda de Luís, não creio que sua irmã vai se recuperar bem.

É claro que meu pai iria dar um jeito de consertar sua cagada fazendo outra cagada ainda maior. Aparecida não precisa ser internada apenas de atenção e carinho, algo que terá estando ao lado.

— Prefere internar uma menina de 21 anos apenas para não admitir que comigo ela estaria bem melhor? É impressionante seu ódio por mim, eu realmente não entendo porque simplesmente não aceita que o lugar de Aparecida é comigo, não em uma clínica onde ela vai perder os melhores anos da vida dela sendo dopada de remédios para ficar fora de órbita.

— Aparecida é minha filha e farei de tudo para que tenha paz, algo que você nunca proporcionou a ela. Escute, Edgar, jamais vou permitir que fique com sua irmã, jamais. Agora vai embora, e de uma vez por todas, volte para o Brasil.

Não adianta discutir com ele, quando meu pai coloca uma ideia na cabeça, ninguém consegue tirar, saio da casa com Jonatas no carro esperando.

— Tenho uma boa notícia. Cido foi encontrado e já está com os nossos homens.

— Essa notícia não é boa, ela é excelente. Quero recepcionar meu cunhado e irmão pessoalmente, prepare tudo, Jonatas. Estamos voltando para o Brasil hoje.

Sei que meu pai não ficará aqui com Aparecida, imagino que logo também estarão no Brasil. Vai interná-la em uma clínica assim a escondendo do mundo como também deixando bem oculto seu deslize com outra mulher, vou planejar com calma e paciência uma forma de ter Aparecida ao meu lado de novo sem que ninguém interfira.

— E Aparecida, senhor? Como ficou a situação de vocês?

— Logo, Jonatas, deixarei de ser um homem solteiro para me tornar um homem casado.

A única forma de fazer Aparecida ser minha pelo resto de sua vida é sendo seu marido, assim não terá como fugir de um compromisso tão sério como o casamento, claro que tendo o incentivo certo ficará comportada e obediente do jeito que gosto. Ela não terá escapatória a não ser aceitar que seu destino pertence a mim.