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Aparecida

Meu pai sabe o que é melhor para mim, mesmo que pareça querer que eu desapareça da sua vida. A clínica de repouso pelas fotos é muito bonita, seu olhar sobre mim demonstra que não devo negar, que preciso aceitar que esse será o meu destino pelo resto da vida. Sem uma família linda para amar, sem Cunha e principalmente longe do mundo, minha instabilidade emocional sempre foi minha maior inimiga.

Ela venceu no final das contas, talvez seja melhor assim ficar longe desse mundo que só me fez mal e destruiu meus sonhos mais doces. Patrícia não se conforma mas não discutiu, seu pai a proibiu de se envolver com essa história. Infelizmente para mim nada nunca deu certo, enxugo as lágrimas sentindo mal por ter que ir como se tivesse cometido um erro.

Ouço gritos na sala, desço as escadas encontrando meu pai discutindo com Luís, não entendo porque veio aqui depois de tudo que fez, ao perceber minha presença, eles pararam de discutir, meu pai me pede para voltar para o quarto visivelmente preocupado com meu estado mental, mas eu preciso enfrentar essa situação.

— Está tudo bem, pai. Luís, veio falar comigo, não é?

Ele parecia transtornado, eu simplesmente não entendia o motivo de estar aqui depois de tudo que fez comigo.

— Sim, Aparecida. Por favor, ouça o que eu tenho a dizer.

Queria ouvi-lo, saber porque me fez de palhaça, meu pai não quer que ouça a versão dele, mas sei que sabe como preciso conversar com Luís, entender o que realmente aconteceu.

— Aparecida, eu lamento por tudo que fiz, você não merecia.

— Eu só não entendo o porquê. Você poderia ter me dito que estava apaixonado por outra mulher, eu teria apoiado você, não me importaria se não quisesse mais o casamento, mas o que fez me magoou muito. Pensei que éramos amigos, deixou que todos do país soubessem da traição e me fez de palhaça na frente de todos.

As mãos dele tremiam, e eu fiquei preocupada com ele, sei que por conta do transtorno que tem precisa se medicar todos os dias como eu, talvez não esteja fazendo isso.

— Minha intenção era proteger você, mas Susana é uma mulher baixa e odiosa. Eu não deveria ter deixado que fizesse tudo aquilo e muito menos ter trepando com ela, mas só conseguia pensar em você, era você que eu queria. Entende?

Luís está alterado, quando se aproxima tentando um contato me afasto imediatamente, ele nunca avançou o sinal comigo mas agora está sem a medicação, não tenho dúvida disso.

— Eu sei que poderíamos ter feito, mas respeitei você. Vai voltar com Edgar? Sei que vai. Mesmo sabendo que é seu irmão transou com ele, não se importa com isso, não é? Porque então não transa comigo? Susana nunca vai saber, será nosso segredo sujo.

— Luís, quero que vá embora. Você não está bem, eu entendo que não quis me expor pois provavelmente Susana descobriu sobre você e sua mãe, mas acabou. Eu vou voltar para o Brasil, ficar em uma clínica de repouso e esquecer tudo isso.

Apenas sinto uma grande tristeza ao ver Luís perdido e deixando seu vício por sexo dominar seus sentidos, nesse momento, meu pai volta para sala mandando ele sair daqui.

— Eu vou atrás de você, Aparecida, não vou deixá-la livre para ficar com Edgar.

Meu pai praticamente o jogou para fora, eu me sentei no sofá colocando as mãos na cabeça, foi quando meu pai se aproximou de mim com um abraço sem jeito, ele não demonstra tanto amor e carinho como gostaria. Consigo entender porque Edgar também não demonstra, provavelmente porque nunca recebeu ou por puxar nosso pai.

— Filha, eu realmente pensei que Luís fosse um bom homem para você, que estava se tratando e que conseguiria segurar seus impulsos, mas estava enganado.

— Isso não foi culpa sua, papai. Agora temos que arrumar as nossas malas para ir embora, estou empolgada com a clínica, eu vi que lá tem aula de pintura e música.

Ficar longe do mundo talvez não seja tão ruim assim. Nessa clínica nem Luís, muito menos Edgar, terão acesso a mim, quem sabe nesse lugar encontre paz e tranquilidade que nunca tive. Volto para o meu quarto terminando de guardar minhas roupas, Patrícia não quer se despedir, diz que irá me visitar em breve, acho que ela não gosta de despedidas.

Não consigo não pensar em Luís, espero que ele encontre a paz, e que esqueça de mim. Lamento por Susana pensar que sou sua adversária quando na verdade sua existência não tem importância nenhuma para mim, mas depois de tudo isso não consigo não esquecer de Edgar. Às vezes acho que o tempo não vai curar nada, e vou sofrer por esse sentimento proibido por toda minha vida.

Susana

Luís ficou comigo a noite inteira, transamos sem descanso mas agora sumiu, não atende às minhas ligações e esqueceu do compromisso que tínhamos hoje. Percebo os olhares sob mim, pouco ligando para o que esse povo pensa, logo estarei voltando para o Brasil e isso não vai importar.

— Senhora, vou ter que pedir para sair.

— Como assim? Estou esperando meu noivo, eu reservei essa mesa.

— Entendo. Mas realmente precisa sair, a dona do local não gosta desse tipo de exposição, deve ir!

Fiquei sem reação quando dois seguranças se juntaram à garçonete como se estivesse com medo que tivesse algum protesto. Peguei minha bolsa saindo do restaurante com muito ódio, até que vejo Patrícia Gonçalves, o pai dela é diplomata, já vi ela em muitos eventos de moda e festas. Nos cumprimentamos algumas vezes, por isso não estranhei quando veio na minha direção junto com outras mulheres.

— Como vai, Patrícia?

— Como tem coragem de perguntar isso? Infelizmente não estou bem porque quem está indo embora da Espanha é Aparecida, minha melhor amiga e não você, a vagabunda que Luís resolveu assumir como noiva para o país inteiro, eu sabia que você era uma oferecida, só não podia imaginar que se envolvesse com homens comprometidos.

Ela e Aparecida são amigas, era de se imaginar já que o pai dela é amigo pessoal de Raimundo, sorrio com a informação, afinal é mais uma oportunidade de destilar o meu veneno.

— Na verdade, a oferecida é Aparecida, eu já conhecia Luís, Inclusive sempre fomos muito íntimos, se é que me entende.

— Claro, eu entendo. Você é a amante que virou atual, ainda se acha por isso. Vocês se merecem, aliás, Aparecida se livrou de um casamento infeliz com um traidor. Ao contrário da minha amiga que é superior e boa, eu não sou, tomara que Luís encha sua cabeça de chifres, puta.

Patrícia bateu no meu rosto com um tapa que chamou a atenção de todos ao redor tentei avançar na direção dela sendo impedida pelas suas amigas que me xingaram de todos os nomes horríveis existentes, sai praticamente correndo daquele lugar, indo direto para casa de Luís, o encontrei sentado no chão olhando para o nada. Parei na sua frente esperando que me desse alguma satisfação, ele se levantou, rasgou meu vestido me jogando em cima do sofá.

Ele parecia um animal louco ao tirar suas roupas, o jeito que se deitou em cima de mim causou uma sensação de susto, tentei afastá-lo mas sem sucesso. Foi quando senti seu pau entrando dentro de mim em toda sua força e potência. Não resisti quando percebi que ele precisava disso, o sexo é tudo que sobrou para ele, Luís não tem família, saúde mental e agora perdeu a única chance de ter seu recomeço.

Lamento que tenha sido Aparecida a mulher escolhida, se fosse outra não me importaria, aquela empregadinha não pode ser feliz apesar de ter conseguido tirar Luís dela, meu objetivo é que não consiga ficar com Edgar também. Ela não será feliz jamais nem que para isso tenha que acabar com a vida dela.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora