Edgar
Fui direto para o lugar onde Cido está, em um galpão dos vários espalhados pela cidade que são meus, encontro meu irmão drogado sentado olhando na direção do portão de saída. Ao chegar, seu olhar vai diretamente a mim com certeza se perguntando porque está aqui, me aproximo percebendo que não está drogado, isso é bom, será mais fácil fazê-lo entender o motivo de estar aqui hoje.
— Bom dia, Aparecido. Meu nome é Edgar Cunha, talvez esteja se perguntando o porque trouxemos você até aqui. Vou contar uma história para que possa entender melhor o motivo de estar nesse lugar.
Contei toda história envolvendo nosso pai e Aparecida, ele ficou assustado e com medo visível ao entender o motivo de estar aqui como meu refém. Depois que atingir meu objetivo, vou afastar definitivamente Cido da minha submissa linda, o irmão como também a avó falecida dela apenas atrapalham sua vida.
— Ela não vai perder a vida boa que tem por mim, esqueça, Edgar. Aparecida nem se pensou na nossa avó que a criou, imagine comigo depois de só dar trabalho a vida inteira. Vai perder seu tempo tentando alguma coisa com ela, minha irmã agora é uma de vocês, e ricos não se importam com problemas de pobre ainda mais um pobre viciado como eu.
— Suponhamos que ela realmente não se importe para você não será nada bom, portanto, seja bastante convincente, sua vida depende disso.
— Vai matar seu próprio irmão?
Se fosse necessário sim. Aparecida não vai permitir, conheço minha mulher tempo suficiente para saber que não vai deixar seu irmão desamparado.
— Não vamos precisar chegar nesse extremo, somos família, Cido. Se eu alcançar meu objetivo, você vive, caso contrário, você morre. Simples, não é? Agora, preciso que faça um favor para mim, estou discado o número da sua irmã, seria bom falar com ela depois de tanto tempo, sei que estão com saudades um do outro.
Disquei o número de Aparecida fazendo questão de deixar como número privado para não correr o risco de não atender. Liguei várias vezes, não tendo sucesso em nenhuma das chamadas feitas, Jonatas que não veio comigo chegou alguns minutos depois de várias tentativas frustradas.
— Aparecida foi internada em uma clínica de repouso, meu pai acabou de me contar.
— Velho desgraçado, foi mais rápido que eu. Onde é? Tenho certeza que minha mulher vai ficar feliz quando encontrar o irmãozinho sumido.
Quando Jonatas disse que não sabia, pois nem mesmo seu pai teve essa informação, tive que me conter para não mostrar meu ódio, claro que o infeliz do meu pai não iria deixar pista sobre Aparecida, isso não importa vou encontrá-la, eu sempre a encontro. Cido está rindo de toda situação, ele realmente se parece com meu pai, até agora que debocha sabendo que não tem vantagem alguma aqui. Dou um soco nele descontando minha raiva em seu rosto porém o viciado apenas continua rindo como se não tivesse sentido nada.
— Vamos ver até quando vai continuar rindo, viciado de merda.
— Tomara que nunca encontre minha irmã!
Aparecida
Meu pai teve um cuidado para encontrar um lugar longe o bastante de Edgar e do ciclo social deles, a clínica parece ser um castelo tão grande, protegido e bonito. Não parecia uma clínica realmente, pois não haviam pessoas de branco com o semblante sério como esperava, nem saberia dizer quem são funcionários e pacientes. Formos atendidos por um psiquiatra conscientemente amigo de papai, ele deixou claro que seria bem cuidada por toda sua equipe.
— Filha, sei que ficará bem, se precisar de qualquer coisa é só pedir para me ligarem. Lamento por ter que ficar aqui, eu queria ter sido um pai melhor, ter coragem de mostrá-la para o mundo, mas eu não consigo.
Eu sei que sou uma bastarda, de verdade, não ligo com isso. Pelo menos meu pai tentou me ajudar do seu jeito mesmo que não tenha dado certo em algumas escolhas e decisões que tomou. Sei que terei ele ao meu lado, a figura paterna me fez tanta falta, agora que tenho não vou perder por conta do passado.
— Papai, eu vou ficar bem, sempre fico. Olhe tudo isso, não tem como não ficar feliz vivendo aqui. Além disso, o senhor vai poder me visitar sempre, quem sabe até possa passar um final de semana comigo.
— Você sempre vê o melhor em tudo, é como sua mãe, encara a vida com doçura. Vou vir sim, minha filha, seu pai jamais irá abandoná-la.
Pedi sua benção percebendo como está emocionado, se tudo tivesse sido diferente no passado com certeza não estaria sendo deixada aqui. No entanto, não posso passar a vida inteira pensando em como seria minha história se meu pai tivesse acreditado em minha mãe, se minha avó não tivesse mentido para ganhar uma casa.
Meu quarto é privado, um lugar com uma decoração bonita e calma, parece que tudo aqui foi feito para manter a mente tranquila. Guardei minhas roupas me preparando para sair, quero conhecer todos os lugares e cursos que tenho para fazer. Ocupar a minha mente será o melhor esquecer de Edgar, Luís e todos problemas do mundo exterior.
Andei pelos corredores sendo cumprimentada por todos, eu realmente me senti acolhida, poderia viver aqui sem problema algum por toda vida. Estou chegando no refeitório quando o vejo, tem um certo tempo mas eu reconheceria ele em qualquer lugar, ele me viu antes que pudesse virar as costas e voltar para o meu quarto.
Veio em minha direção como se estivesse vendo uma deusa, só Deus para ter misericórdia de mim, fujo dos problemas mas eles não querem me deixar. Diogo não está fardado, provavelmente está de folga, isso não importa de qualquer forma, pela sua expressão não se esqueceu da minha existência como queria.
— Aparecida, é um prazer vê-la depois de tanto tempo. Eu procurei por você por muito tempo, sua avó e seu irmão me disseram que foi trabalhar em outro Estado depois descobri que era mentira, quando soube onde estava, fui atrás de você mas já era tarde, você não trabalhava mais na casa de Edgar Cunha, agora trabalha aqui. Desde quando? Está tão linda, ainda mais bonita do que antes.
Tomei uma distância segura dele, eu sempre me senti assediada e abusada por ele mesmo que não tenha conseguido o que queria. Parece que tenho um imã para homens de índole duvidosa ou que tenham problemas familiares.
— Eu sou interna, Diogo, tenho depressão severa por conta desse diagnóstico estou internada aqui.
— Esse lugar é caro, como conseguiu se internar aqui?
— Estou sob investigação? Não estou entendendo porque tantas perguntas. Diogo, preciso realmente ir, antes eu não tinha interesse nenhum em você imagina agora no estado em que me encontro, preciso de paz e tranquilidade para ficar bem mentalmente, esqueça que eu existo.
Viro as costas sem dar chance para que pudesse falar alguma bobagem desconsiderando tudo que falei, ele fazia isso comigo quando me ameaçava e assediava sem que pudesse fazer nada contra. Ele não tem mais poder para fazer nenhum mal para mim, principalmente agora que Cido está sumido e minha avó já é falecida, Diogo não tem mais poder de me prejudicar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Sombras e Redenção (concluído)
RomantizmSob o véu da redenção, Edgar e Aparecida dançam na penumbra do destino entrelaçado. Entre sedução e resistência, uma obsessão floresce, guiando-os por caminhos inesperados. Chantagem tece laços que os aprisionam, mas nas sombras, uma conexão profun...