Edgar
- Eu já estou tão acostumada em tirar sangue que minha veia é bem fácil de achar.
Ela sorria para enfermeira que foi igualmente simpática com minha mulher enquanto Jonatas cuidava para que meu plano fosse colocado em prática. Eu já tinha recolhido meu sangue para o teste de DNA, agora basta saber se as suspeitas do meu homem de confiança tem algum fundamento.
- Tudo pronto, senhor, está ansioso?
- Sim, se esse resultado der negativo significa que posso ter Aparecida sem medo ou mentiras, e o melhor olhar de culpada que minha mulher carregar irá sumir. Eu espero de verdade que você tenha razão em sua teoria.
Jonatas acenou se despedindo dizendo que iria acompanhar cada passo do nosso plano para que nada dê errado. Percebo que tenho uma satisfação pessoal em cumprir minhas ordens quando se trata de vingar minha submissa. Aparecida saiu do local de coleta de sangue, sabia que demoraria para sair o resultado, porém se o resultado for o que espero vai valer a pena toda a espera.
- Cunha, prometa para mim por tudo que é mais sagrado que não vai se vingar de ninguém. Já chega de vingança, retribuição do mal e mágoas, esqueça nosso pai, de Susana e de todo o resto, por favor. Temos uma vida toda pela frente e um motivo para continuar.
Ela coloca minha mão em sua barriga mostrando que nosso filho está se mexendo, eu poderia atender o pedido da minha linda submissa mas não vou fazer isso. Com um olhar, Aparecida percebeu que não prometeria algo que não poderia fazer.
- Não, Edgar, não faça nada.
- Se eu não fizer, não teremos paz. Eu te amo, Aparecida, mas não pense um segundo sequer que eu vou mudar meu jeito de agir, já mudei muito para você e por amá-la, não espere mais de mim.
Aparecida
Estou apreensiva.
Edgar vai fazer alguma coisa nesse noivado, não deveria ir, mas ele praticamente me obrigou a colocar o vestido que havia escolhido para mim e escolheu pessoalmente um conjunto da coleção que mandou fazer, um colar delicado com diamantes junto com um par de brincos. Ele está atrás de mim na frente do espelho acariciando minha barriga coberta pela roupa.
- Senti falta de poder escolher o que veste e as joias que usa, como é bom voltar a ser o senhor da sua vida. Sei que está nervosa, não se preocupe, querida, tudo que fiz e faço é para vê-la feliz, por nossa família.
- Eu não quero entender ou saber sobre seus métodos. Você é um bandido capaz de tudo para conseguir o que quer seja para bem ou mal, meu filho não vai ser exposto ao seus métodos. Sou sua mas a partir de hoje, não quero mais saber sobre suas ações ligadas a sua maldita vida de bandido. Me obrigou a ver a morte de Diogo, e a forma terrível que matou ele com tortura e crueldade, me calei por medo mas seja o que acontecer hoje, não tem nada haver comigo e sim com sua maneira de resolver as situações com seus desafetos.
Edgar riu beijando meu pescoço, ele tem uma forma deturpada de ver a vida, é capaz de tudo para ter o que quer, mesmo que isso não me agrade ou coloque nossa família em risco.
- Você é tão diferente de mim, cadelinha, tem um coração de ouro, e é por isso que sou louco por você.
Tentei me afastar sendo mantida no lugar por sua mão que segurou meu pescoço com força apertando levemente.
- Vou mantê-la afastada das minhas escolhas e decisões, até porque não vou envolvê-la na minha vida dupla. Não gosto que se afaste de mim desse jeito, não se esqueça que é minha submissa e mesmo descontente deve obediência a mim. Só não vou castigá-la porque carrega nosso filho no ventre, mas vou me lembrar do que fez agora e no momento certo será castigada por isso.
Respiro fundo tentando não deixar isso me afetar, odeio esse traço dele e sabe muito bem. Ele se afasta terminando de vestir seu terno, me sento na cama sentindo uma leve tontura, Edgar percebe tentando se aproximar mas peço que se afaste.
- Você esquece, senhor, que estou grávida mesmo que tente dizer que respeita isso, sei que não. Só preciso de um tempo sozinha, por favor.
Ele tentou beijar minha testa mas não deixei parece que quando penso que vamos ficar bem e superar o que houve no nosso passado, Edgar mostra que não. Ouço uma batida na porta, sei que não é ele de repente Jonatas entra e se senta ao meu lado.
- Se veio defender seu patrão, pode dar meia volta.
- Não, eu não vim defender ninguém. Só queria conversar com você, Aparecida.
Jonatas tem essa habilidade de ser o mediador entre seu chefe e eu, a verdade é que ele nunca tomou nenhum lado apesar de parecer isso, hoje posso entender que sempre foi neutro.
- Edgar é o que é. Não vai mudar, não vai se transformar por conta do meu afilhado e esperar isso será decepcionante para você. Ele é apaixonado por você do jeito dele, mesmo que esse jeito seja controlador, possessivo e até mesmo obsessivo, entenda que para ele deixar de lado ou esquecer algo que o feriu não é de sua personalidade. Lembro quando disse que não poderia ser filho do senhor Raimundo, ele ficou sério e disse que estava inventando suposições idiotas, Edgar não admitia não ser um Cunha, mas assim que viu que o sobrenome não impediu o pai de ter um caso com sua namorada da adolescência não pensou duas vezes para fazer o teste.
Eu sei de tudo isso, o que incomoda de verdade é que tudo ele quer se vingar, e demonstrar que pode bater de frente com tudo e todos.
- Eu o amo apesar de tudo, no final, sou uma carente de merda que se agarra a qualquer demonstração de atenção e afeto.
- Aparecida, você foi sozinha por toda sua infância, adolescência e até o início da sua vida adulta lutando para sobreviver com os traumas e abandonos da sua vida. Você é uma sobrevivente e não uma carente, Edgar usou disso para se manter na sua vida sim mas agora depois de tudo tem uma escolha mesmo que pareça que não.
Eu realmente tinha uma escolha? Duvidava muito disso, minha vida inteira tive pessoas para controlar cada passo ou decisão minha, e agora não sei se tenho a decisão nas minhas mãos.
- Nunca tive escolha de nada, e você sabe disso.
- Se esqueceu de um detalhe: a escolha sempre foi e sempre será sua, não é mais aquela menina que chegou aqui apaixonada e encantada por um personagem, agora sabe quem é Edgar Cunha portanto é escolha sua de continuar com ele ou não.
Jonatas sai do quarto me deixando pensativa. Por mais que eu ame Edgar com todo meu coração, talvez não consiga lidar com seu lado obscuro e perverso e tenha que decidir o melhor para mim e meu filho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Sombras e Redenção (concluído)
RomanceSob o véu da redenção, Edgar e Aparecida dançam na penumbra do destino entrelaçado. Entre sedução e resistência, uma obsessão floresce, guiando-os por caminhos inesperados. Chantagem tece laços que os aprisionam, mas nas sombras, uma conexão profun...