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Edgar

Aparecida foi embora, me deixou sem olhar para trás, esquecendo de tudo que sou para ela e do que passamos juntos. Ela não entendeu que tudo que fiz foi para nosso bem para que puséssemos enfim viver nossas vidas juntos sem ninguém para atrapalhar, Aparecida apenas me vê como um monstro vingativo e cheio de mágoa.

- Você mandou alguém de confiança seguir minha mulher, não é, Jonatas?

- Não. Está na hora de deixá-la em paz, senhor, Aparecida fez a escolha dela, mantê-la ao seu lado apenas irá trazer dor e sofrimento para ela e para o bebê.

Ela não sabe o que está fazendo, Aparecida só está confusa, é isso. Não tem outra explicação para ter agido dessa maneira sabendo como a amo e daria o mundo para ela se me pedisse.

- Escolha? Ela não pode escolher pelo fim de tudo, não agora que resolvi nossa vida e que podemos viver juntos sem medo de Susana e do meu pai.

- O senhor fez isso por ela ou pelo garoto de 18 anos enganado pelo pai que idolatrava e pela primeira namorada que queria como esposa? Sabe muito bem que a mim não precisa mentir. Seja sincero com você mesmo, essa vingança que resultou na ida do seu pai para Europa e no sumiço de Susana foi algo muito mais pessoal do que para proteger Aparecida. Se tivesse sido por ela, quando Aparecida pediu para não fazer, não teria feito.

Jonatas sempre me deixando sem opções para rebater o que dizer, eu realmente queria me vingar sim mostrar para os dois que não ficariam impunes pela traição, mas também fiz para afastá-los de mim e de Aparecida de uma vez por todas.

- O que devo fazer, Jonatas? Pois parece que sempre tem as respostas de tudo.

- Primeiro, abra o teste de DNA que fizeram, tire essa história de ser irmão ou não de Aparecida a limpo. Segundo, se ama Aparecida como disse a deixe em paz, cuide dela e do bebê deixando ambos bem financeiramente, pois graças a você ela saiu pior do que entrou nessa relação, sem emprego, sem casa e grávida.

Odeio ter que concordar com ele, Jonatas tem razão de tudo que disse e isso me deixa puto de ódio.

- Infelizmente você tem razão. Suspeito, que sabe onde minha submissa está, imagino até que sempre soube.

- Senhor, sou leal e fiel, mas não sou um robô. Tenho sentimento, instinto e intuição como qualquer ser humano, já vi o senhor cometer muitos erros, alguns reversíveis e outros não. Mas com certeza o pior erro foi perder Aparecida, agora basta saber se será reversível ou irreversível.

Eu não vou desistir da minha mulher, não quero brigar com ela nem mesmo expor toda nossa situação na frente de um desconhecido. Não vou errar mais com a única mulher que amo e sou perdidamente apaixonado, resolvo pegar o teste e abri-lo talvez saber a verdade seja um combustível ideal para lutar para reconquistar Aparecida.

Estou nervoso, mas assim que abro o exame vejo que meu homem de confiança estava certo. Eu e Aparecida nunca cometemos um pecado mortal, não somos irmãos. Pela minha expressão, Jonatas comemora por estar certo em sua teoria e eu apenas gostaria de poder compartilhar isso com minha linda submissa.

- Não sou irmão de Aparecida, finalmente estamos livre desse peso de chumbo que carregamos. Jonatas, faça com que ela saiba disso, que nosso amor nunca foi pecado.

- Pode deixar, senhor. Ela vai saber.

Jonatas

Maria está no portão conversando com um dos seus cachorros, desço da picape indo até a carroceria tirando dois sacos de 15 quilos cada um, ao ver a cena sua expressão não muda, continuando fazendo carinho no cachorro enquanto bebe em uma garrafa pequena de cerveja.

- Como Aparecida está?

- Chorou, depois ficou quieta, tomou uma sopa e agora está deitada olhando para parede. A cabeça dela é fodida igual a mim, acho que por isso não a odeio tanto.

Maria tem traumas que muitos não suportariam, acho que esse jeito detestável de ser seja apenas um mecanismo de defesa contra um mundo e as pessoas que só a feriram.

- Trouxe presentes para meus amigos. Gostei de ver que está prestativo e atencioso, olha que posso pensar que quer trepar comigo de novo.

Eu não deveria ter transado com ela, ter sido seu primeiro, mas eu sabia que teria feito com qualquer um para manter essa casa e os cachorros como também deixaria sua mente ainda mais perturbada.

- Maria, eu gosto deles também, se aceitasse minha oferta da chácara ficaria muito mais fácil para eles e para você. Você sabe o que os vizinhos falam? É um risco ficar aqui.

- Eles falam que sou doida, puta, vagabunda, que falo sozinha e que sou totalmente pirada da cabeça. E você sabe bem que eu não ligo com nada disso, porque eles tem razão em tudo, Jonatas. Mas eu não vou deixar minha casa, eu estou fazendo um programa com um gringo, ele paga em dólar, estou pensando até em aumentar a casa sabe, fazer um espaço legal para os meus melhores amigos.

Não me orgulho de ter sido seu primeiro cliente a anos atrás, Maria é linda, pensei que só estava dançando e saber que voltou para prostituição me deixa chateado.

- Não faça essa cara de que chupou limão azedo. Eu voltei recentemente, é dólar, o gringo me fode como se fosse um animal e paga até a mais. Antes eu só dançava, mas sabe bem que João ficou doente, Madalena estava com a patinha machucada e precisava pagar a casa de ração.

- E seus remédios? Parou de vez, não é? Está fumando, bebendo, dançando e fodendo com um gringo que não sabe nem quem é. E camisinha? Está usando? Como estão seus exames?

Eu não consigo não me preocupar com ela, a conheço desde criança, e sei bem como pode ser destrutível sem medir nenhuma consequência, é como se quisesse morrer lentamente como sua mãe que padeceu de câncer.

- Aquelas merdas me dão sono, e parei de vez. Estou usando camisinha, é só um cliente, não estou com muitos. Pare de querer cuidar da minha vida, não é nada meu. Guarda os sacos de ração e desaparece da minha porta.

Eu tenho medo que faça alguma besteira, Maria já sofreu demais nessa vida e não queria que sofresse mais, no entanto ela corre na direção da desgraça e da morte como se não aceitasse viver e quisesse constantemente acabar com tudo.

- Se cuida!

Ela acenou tomando um gole de cerveja acenando enquanto o cachorro entrava junto em sua casa. Entro na minha casa indo até o quarto percebendo que realmente Aparecida está acordada olhando para a parede. Quando percebi minha presença se senta na cama ajeitando o vestido que usava.

- Vim saber como está?

- Poderia estar pior, mas estou bem a medida do possível. E Edgar?

- Você conhece o pai do seu filho. Precisei de levar a razão, depois da conversa que tive com ele, Edgar resolveu mudar a postura. Aliás, ele recebeu o resultado do teste de DNA, vocês não são irmãos.

Aparecida sorriu e começou a chorar, sei como essa questão a deixava mal e desconfortável, eu tinha certeza que não estava errado, o exame só nos deu a certeza absoluta disso.

- Eu me sentia tão mal, suja e pecadora por amar Edgar, e agora com essa notícia é como se um peso saísse das minhas costas e coração.

- Edgar disse o mesmo. Quando vai voltar para ele?

- Eu quero um tempo para mim, para realmente viver sem ninguém para dizer o que devo ou não fazer, eu amo Edgar, mas preciso aprender o verdadeiro significado de amor próprio.

Esse afastamento será bom para os dois, se o sentimento for forte não será um afastamento como esse que vai mudar o que existe entre eles, além disso, Edgar precisa aprender que seus atos têm consequências e penso que estar longe de Aparecida vai ajudar a entender isso.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora