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Aparecida

Edgar está bem sério, a mesma postura de um dominador mas não iria ajoelhar como sua submissa, não era mais dele dessa maneira. O seu semblante mudou se sentando na poltrona imponente de sua sala enorme e luxuosa. Eu me senti pequena perante tanta riqueza e poder, a casa dele também é luxuosa, no entanto não tive oportunidade de vir aqui antes.

— Eu não vou tomar o seu tempo, Edgar. Precisava pensar sobre tudo com calma, sem a pressão de tudo que houve, cheguei a conclusão de que apesar de ser apaixonada por você não posso continuar ao seu lado. Porém, entendo que temos um elo, o nosso filho. Não pretendo afastá-lo de você, pelo contrário, quero que seja presente como um bom pai que desejo que se torne.

Ele começou a rir como se estivesse falando um monte de bobagens sem importância, Edgar nunca me levou a sério.

— Você pensa que manda em sua vida? Aparecida, eu sou seu dono, se eu mandar você ficar, você vai ficar, se mandar ir, você irá sem discussão. E já decidi: hoje, vai voltar para minha casa e tudo voltará a ser como antes. Entendeu?

— Eu não vou. Quero resolver tudo de forma pacífica, se quiser podemos acordar tudo em juízo. Não quero transformar algo que foi bom em uma situação desgastante para você e para mim. Não vou voltar a ser sua mulher, quero realmente ficar sozinha, pela primeira vez na minha vida estou decidindo por algo e nem mesmo o amor que sinto por você vai me impedir.

Novamente uma risada seguida de uma gargalhada, pensei que ele poderia ser mais sério estando em um local tão sóbrio, só que estava totalmente enganada. Virei as costas para ir embora não queria que fosse assim, mas Edgar pensa que sou uma garota burra e inocente, aquela menina do ponto de ônibus carente de atenção e afeto.

— Onde vai? Não terminamos.

— Terminamos sim. Você não me leva a sério, me trata como indigna de ser vista e respeitada. Quando realmente quiser conversar comigo como um homem com seriedade, por favor me ligue de novo.

— Eu não vou deixar meu filho com você. Não tem meios para criá-lo, não tem um emprego e nem sequer uma moradia fixa. Será muito fácil tirá-lo de você, uma miserável que não tem onde cair morta.

Eu coloquei a mão na maçaneta pronta para ir embora, Edgar não entende e parece que não quer entender que agindo assim só vai me afastar cada vez mais.

— Eu vou embora, você não quer conversar, quer se impor sobre mim como sempre fez. Vou repetir, quando quiser conversar como um homem sério e respeitador, me liga novamente.

Ele segurou meu braço deixando bem claro que não iria me deixar ir embora como queria.

— Aparecida, não queira ir por este caminho. Não se esqueça com quem está lidando.

— Eu sei bem com quem estou lidando. Infelizmente, terei que usar dos mesmos métodos que você para fazer com que entenda a situação. Eu não recebi meus direitos como sua empregada, e consultei no ministério do trabalho descobrindo que não deu baixa na minha carteira, portanto ainda temos um vínculo trabalhista, quero receber todos os meus salários atrasados e os benefícios, caso contrário vou entrar com uma ação trabalhista contra você.

— Não consigo entender porque. Estávamos felizes, aqui está o exame, amor meu, esperei para abrirmos juntos o teste de DNA, porque eu pensei que esse afastamento fosse só uma frescura passageira, que entenderia tudo que fiz, mas agora não quer mais.

Tudo que eu queria era que Edgar realmente quisesse viver comigo sem a sombra de todas as suas mágoas e rancores, infelizmente não vai conseguir.

— Quando se trata de mim é sempre frescura e bobagem. Eu pedi para você não seguir com sua vingança, esquecer Susana, nosso pai e todo o resto mas não quis pois tudo se resumi a você e suas vontades. Nunca pode estar por baixo, jamais pode se sentir derrotado, só que eu me cansei. Chega, Edgar. Vim para conversar sobre nós e o encerramento de nosso relacionamento, mas como sempre você menospreza meus sentimentos e me despreza. Não tem amor por mim, para você sou uma posse como também nosso filho.

Eu não vou chorar na frente dele, chega de deixá-lo pensar que sou uma coitada digna de pena. Resolvo por acabar com essa conversa.

— Vou entrar com o processo trabalhista, já que não quer entrar em acordo comigo considerando o fato de ser mãe do seu filho com quem diz que se importa tanto. Nossa conversa agora é perante um juiz, eu realmente não queria que fosse assim, mas você não me deu alternativas.

Saio do escritório com o olhar de Jonatas seguindo meus passos logo ele percebeu que algo não estava certo e resolveu me seguir como uma providência do destino, Maria está na portaria da empresa me esperando o que me surpreende. Ela troca olhares com Jonatas como se ele tivesse pedindo para ela cuidar de mim, corro para seus braços e começo a chorar, ela fica sem jeito para me amparar mas logo me coloca dentro de um carro.

— Porque está aqui?

— Não faça perguntas burras, vamos embora e se você perguntar algo imbecil de novo, jogo você para fora do carro em movimento.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora