60

342 85 8
                                    

Alguns dias depois

Aparecida

Maria simplesmente sumiu.

Em uma noite, ela veio aqui em casa pediu para cuidar dos cachorros e disse que não iria demorar. Ela saiu sorrindo dizendo que iria faturar uma bolada de dinheiro, saiu dançando e cantando, realmente feliz. Com o passar das horas comecei a perceber que ela não iria voltar, fiquei preocupada, tentei ligar mas não atendeu.

Pensei em chamar a polícia mas Jonatas não deixou ele dizer que quando dissesse qual era a profissão dela, os policiais não faria nem mesmo um esforço de procurá-la. Jonatas também a procurou, mas não teve nenhum tipo de notícias, foi na boate, perguntou sobre os clientes que ela atendia mas como ela estava trabalhando para um cliente exclusivo ninguém soube dizer quem era a pessoa e se tinha algum tipo de contato.

É impossível não pensar no pior, ela pode ter sido estuprada e morta ou até mesmo  sequestrada. Tudo de ruim pode ter acontecido com ela, eu desconfiei do dinheiro fácil que ela estava ganhando, como parecia tudo muito cômodo e tranquilo para ela, só que Maria nunca permitiu que opinasse sobre o assunto dizendo que não era da minha conta e que eu tinha que cuidar da minha vida e do meu filho.

O jeito dela lidar com tudo afastou as pessoas dela, as garotas da boate disseram que ela não era de conversa, fazia sua apresentação e às vezes fazia algumas danças particulares para alguns clientes, terminava a noite e ia embora. Maria se isolava das pessoas portanto é muito natural ninguém saber nada sobre ela e esse cliente gringo que tanto falava.

Jonatas ainda procura mesmo depois de tantos dias já eu penso no pior, eu sempre me preocupei com a vida perigosa dela. Os cachorros estão tristes sentindo falta da melhor amiga, eu tento suprir a falta que ela faz para eles, mas infelizmente sei que não vou conseguir. Eles se aproximam de mim pedindo carinho com seus olhinhos tristes.

— Eu também sinto falta dela. Mas o Jonatas está procurando nossa amiga, vamos rezar para que Nossa Senhora traga ela de volta.

Ouço uma batida no portão, resolvi ficar na casa de Maria até seu retorno. Sei que vai me xingar de tudo quanto é nome feio mas ainda assim não ligo, preciso cuidar dos seus amigos caninos. Quando vejo Edgar fico surpresa, resolvo sair para fora assim os cachorros não vão ficar assustados com um estranho.

— Edgar, eu não esperava vê-lo aqui.

— Sei que no nosso último encontro fui um idiota, tratei você mal e acabei perdendo o controle. Não deveria ter feito o que fiz, só fiquei louco por imaginar que não a teria comigo. Me perdoei, amor meu.

— Eu perdoo você, Edgar, mas estou cansada dessa situação. Você me trata com desprezo e deboche, depois se desculpa e pede perdão pelo que fez. Eu agradeço por ter vindo mas ainda não estou pronta para conversarmos sobre nossos assuntos, por favor, não venha mais aqui. Não sei como descobriu onde moro, mas agora vai embora.

Ele abaixou a cabeça e foi assim que percebi uma caixa em sua mão, Edgar estende sua mão para entregar a caixa, abro vendo vários doces que sou apaixonada.

— Eu sempre conquistei você com doces, me preocupo com você aqui sozinha, amor. Vou embora, mas saiba que estou à disposição para o que precisa, e mais uma vez me desculpe por vim sem avisar. Só estava morrendo de saudades de você e do nosso filho, posso senti-lo?

Deixei que se aproximasse para tocar em minha barriga, meu filho se mexeu animado com o toque do pai. Edgar se abaixou e abraçou minha cintura beijando minha barriga enquanto nosso filho não parava de se mexer, eu precisava ser forte para não acabar caindo na tentação.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora