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Edgar


Eu aprecio ter minha casa repleta de pessoas encantadoras e inteligentes, o que certamente torna meu lar mais agradável. Desde que decidi abraçar o melhor da vida, estou aqui, sentado, observando mulheres e homens dançando. Hoje, permiti a presença de bebidas alcoólicas, que, evidentemente, providenciei. Quando consigo supervisionar o consumo dessas substâncias, não há problemas. No entanto, meu maior desafio surge quando esses produtos entram sem minha supervisão.

Algumas pessoas podem pensar que sou hipócrita, já que trabalho com a venda de drogas e bebidas. No entanto, é importante distinguir entre meu envolvimento nesse ramo e o fato de eu não apreciar ver pessoas se embriagando sem controle. Após Susana me abandonar para aproveitar sua juventude, decidi me dedicar aos estudos e demonstrar ao meu pai que sou capaz de assumir as responsabilidades relacionadas aos negócios da família.

Nossa relação continua complicada; no entanto, assumi o controle dos negócios, deixando apenas os mais antigos para o velho. Ele tem um apego especial ao que construiu, algo comum em pessoas de idade. Paralelamente, decide investir no mundo da moda, participando das melhores festas e desfiles mundialmente, onde seleciono possíveis sócios. Nesse cenário, envolvo-me discretamente com o crime, já que sou uma figura pública.

Financiei novos estilistas e marcas, adquirindo ações em renomadas empresas. Conheço modelos consagrados e novos talentos, inclusive mantive relações íntimas com algumas. É claro que, ao buscar algo ao meu gosto, procuro pessoas da minha classe social, muitas vezes filhas de políticos, empresários e herdeiras.

Elas, em sua maioria, são curiosas e querem entender o funcionamento, muitas vezes inspiradas por filmes ou livros. No entanto, a curiosidade delas costuma terminar, e junto com isso, o interesse diminui. Muitas alegam que suas famílias não aprovariam, inventando desculpas para se afastar. Estou acostumado com isso; sei que minha natureza assusta, e não me importo com o conceito de normalidade para elas.

Com algumas, optei por estabelecer contratos, dado minha fama não apenas pelos negócios, mas também pelo meu nome. A discrição é essencial. No entanto, com aquelas que percebo que não revelarão nossas atividades privadas, não faço contratos além do combinado. É interessante, mesmo quando a curiosidade delas diminui, continuamos me envolvendo com outras que eventualmente conheço, mas não revelo meus verdadeiros gostos.

Confesso que isso é solitário. Gostaria de encontrar alguém que entendesse e aceitasse quem sou, permanecendo comigo pelo tempo que determinarmos como interessante. No entanto, a escolha não está em minhas mãos. Respeito as decisões delas e evito problemas com políticos ou empresários do país.

Tenho uma política de aproximação, não de afastamento. Se alguma delas expressa que não deseja manter relações, não insisto e a deixo ir, mesmo que tenha gostado da experiência. O fato de buscar controle, como minha psiquiatra apontou, está relacionado ao abandono do meu pai na juventude e às ações de Susana. Por muito tempo a julguei, mas hoje compreendo que talvez eu teria feito o mesmo no lugar dela. Éramos jovens demais, e certamente eu poderia ter prejudicado a vida dela, ou ela, a minha. O que ocorreu foi melhor para ambos.

Se Susana aparecesse hoje, após tudo que aconteceu, provavelmente eu ficaria com ela novamente, seja para um encontro casual ou algo mais sério. Ela foi a única mulher que amei verdadeiramente, não apenas pelo sexo, mas por outras razões que me atraíram. Talvez, como uma mulher de vivências, ela aceitaria quem sou.

Entre Sombras e Redenção (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora