Edgar
Aparecida dormia calmamente depois de termos feitos sexo por horas, olhar para ela assim em paz e relaxada traz uma tranquilidade para mim, poderia ser assim sempre, mas eu sei que não será. Ela é uma garota com a mente em frangalhos, e estou usando disso para extrair tudo que posso, talvez porque eu também não sou o melhor exemplo de saúde mental perfeita. Detesto ligações na madrugada ainda mais de números do exterior, no entanto quando vejo quem é, resolvo atender.
— Senhor Assis, como posso ajudá-lo?
— Espero não o ter acordado, rapaz, preciso de um apoio naquele nosso assunto em comum, poderia ir até a casa da minha nora, acredito que meu filho resolveu agir como um inconsequente no território alheio.
Eu sabia que um dia Hugo Assis iria descobrir sobre sua esposa fugitiva, era uma questão de tempo na verdade. Fernanda ou melhor Gabrielli é uma amiga, acabei descobrindo sobre ela por um pedido de Hugo para procurá-la, não foi difícil ligar um ao outro, o sotaque espanhol dela, sua forma arredia em não contar tanto sobre sua vida mostrando que com certeza estava escondendo algo.
— Claro. Posso usar de toda minha persuasão, senhor Assis? Questiono, pois não quero ultrapassar sua autoridade como pai.
— Logico. Seja incisivo se achar que deve, quem sou eu para falar algo ainda mais com meus filhos invadindo o território alheio.
Encerro a ligação, colocando as minhas mãos no rosto de Aparecida, ela acorda devagar com a expressão perdida que tanto me incomoda, seu rosto se contrai com dor, percebendo que bate em sua bunda várias vezes.
— Vou precisar sair, querida.
Ela se levantou pegando suas roupas sem olhar para mim visivelmente envergonhada, eu preciso saber o que está acontecendo com ela. Não é normal estar feliz a poucas horas, gemer e pedir por mais e agora parecer fugir como se tudo fosse obrigatório. Vou até ela aproximando meus lábios de sua boca, Aparecida vira o rosto mostrando que não quer o beijo.
— Não sei o que acontece com você, cadela, mas tenha certeza de que vou descobrir.
Aparecida veste a roupa praticamente às pressas saindo do quarto correndo, aciono Jonatas para que chame os outros homens, quanto mais rápido resolver essa situação com a família Assis melhor, preciso focar em Aparecida e descobrir o que realmente está acontecendo com minha mulher.
Aparecida
A movimentação na casa aumentou depois que Edgar voltou, vários homens como também um senhor simpático estão aqui, ajudei Luzia a deixar a mesa de café da manhã preparada, quando o senhor que se chama Assis sentou tudo estava pronto. O sotaque dele mostra que é estrangeiro, um espanhol ou de algum país da América Latina, ele é educado e simpático, mas com certeza um bandido.
Edgar está monitorando tudo, procurando um defeito em tudo que fazia, parecia procurar um motivo para me castigar. Estou com medo de tudo e todos, eu não posso continuar vivendo nessa casa. Os remédios que tomei começaram a fazer efeito relaxando minha mente, senhor Raimundo aparece na cozinha, sorrindo querendo com certeza abusar de mim.
— Meu filho parece ter uma certa obsessão por você, quando perguntei suas referências, pareceu arredio. Está dormindo com ele?
— Senhor, eu não poderia dormir com o seu filho sendo a empregada, eu não sou digna de respirar o mesmo ar que ele. Eu sou uma garota órfã e miserável, uma bastarda, sabe? A mulher que você me perguntou mais cedo, Nalva, era minha mãe. Ela trabalhou na sua casa ou na casa de algum conhecido? Talvez o senhor até tenha conhecido meu pai, ele a abandonou depois que soube que ela engravidou.
O homem ficou branco perdendo a cor do rosto, fiquei bem preocupada com ele, não é um senhor de idade avançada, mas é um senhor, não deveria ter dito nada.
— Onde está a sua mãe, menina?
— Morta, tem 16 anos que se suicidou. Ela não suportou o abandono, preferiu morrer a viver sem o meu pai. Provavelmente meu progenitor nem se lembra dela, deve ter uma família linda, eu acho que devo ter irmãos, o meu pai era um herdeiro assim como o senhor.
Seus olhos se arregalaram ainda mais, deve saber quem é meu pai por isso está assim, preciso despistá-lo antes que pense bobagem sobre mim.
— Menina, sua mãe só teve você?
— Acho melhor parar de conversar sobre esse assunto.
Para minha sorte ou azar, Cunha entrou na cozinha totalmente nervoso, com um olhar me mandou sair do lugar, eu já entendia muito bem como agir, ainda bem que ele chegou para afastar esse senhor de mim, não gostei do jeito que olhava para mim como se estivesse vendo alguém a quem desejo muito.
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Entre Sombras e Redenção (concluído)
RomansaSob o véu da redenção, Edgar e Aparecida dançam na penumbra do destino entrelaçado. Entre sedução e resistência, uma obsessão floresce, guiando-os por caminhos inesperados. Chantagem tece laços que os aprisionam, mas nas sombras, uma conexão profun...