DÁRIO MARTINELLIQuatro semanas difíceis. Carina é um problema muito grande para qualquer um. Tive que levá-la para Belo Horizonte e entregá-la ao pai dela, Agenor Ramos, um empresário no ramo alimentício. Ela não pode beber, mas bebeu, e os problemas começaram. Só ele resolve quando isso acontece, mandando-a para uma clínica de reabilitação ou trancando-a em casa. Nunca sei se é dependência do álcool ou uma forma de chamar a atenção, pois ela nem chega a ingerir tanto álcool assim, e parece fazer só quando estou me negando a entrar no jogo dela. Talvez eu esteja sendo duro demais com ela. Depois de mais de duas semanas lá, durante as quais aproveitei para me especializar em alguns cursos sobre a cultura do café – conhecimento nunca é demais, e precisava manter minha cabeça ocupada.
No dia em que voltei para casa, Thiago me ligou para falar sobre Alana e o cara que estava intimidando ela, o tal ex-namorado. Thiago disse que ela chorava muito, parecia acuada, um medo tão palpável, que o deixou perturbado a ponto de revelar que se eu não fizesse nada, ele faria. Se ele estivesse por perto, eu socaria sua cara tão forte. Deixei bem claro que Alana era fora dos limites para ele, para qualquer um de nós. Ele riu e mandou eu cuidar dela, filho da puta.
Me senti muito mal por ter passado tantos dias fora e consequentemente sem poder vê Alana. Algo em mim clamava por ficar perto dela, ansiava pela proximidade, pelo contato, mesmo que só para me assegurar de que ela estava bem. Quando cheguei no restaurante e descobri que ela já tinha ido de ônibus, percebi ter perdido a chance de falar com ela. Resolvi segui-la mesmo assim, com o intuito de pegá-la no caminho de casa, e o que eu vi me perturbou demais. Alana estava chorando, e um homem estava falando algo que a fazia ficar inconsolável. Essa não é a Alana que eu conhecia, meu anjo de olhos tristes não possui mais seu brilho, sua luz estava apagada, ali estava um vazio. Um vazio tão idêntico ao que eu carrego dentro de mim, mas a diferença era que parecia que ela havia se entregado a ele, que ela já não escondia que a luz se foi e restou apenas a aceitação, a tristeza, a dor, a depressão. Eu não posso deixá-la se afundar, pois quando isso acontece não tem volta; perdemos um pedaço nosso, um tão importante e vital. Eu sei como é, eu já não o possuo.
Mas não vou deixá-la perder sua luz, a alegria, a esperança. Não vou deixar que acabem com seus sonhos, suas alegrias. Alana merece ser feliz, ela merece sorrir mais; seu sorriso é contagiante, sua alegria é vibrante. E ali agora só existe amargura. O que me destrói é ouvi-los humilhá-la, dizendo que ela é feia, que ninguém vai querer ela. Isso é mesmo o que essa mulher e esse homem pensam dela?
— Isso aí não deve deixar nem um pau duro, Cláudio. Falando nisso, seu pau já subiu para ela? — pergunta uma menina. Caralho, como pode uma fedelha dessas ter uma boca tão porca.
— Vivian... — não permito que esse vagabundo fale seja lá o que for para insultar Alana. Eu me aproximo deles.
— Amor, você saiu do trabalho sem me esperar? Eu fiquei preocupado, Alana, sabe que não gosto que passe por aqui a essas horas. — eles me olham com uma mistura de choque e incredulidade. Alana perdeu o sangue todo do rosto. Eu me aproximo dela, passo meus braços por seus ombros e beijo seus cabelos com cuidado e carinho. Meu anjo de olhos tristes solta um suspiro tão alto e encosta a cabeça no meu peito e chora. Ela chora tão alto e tão sofrido, seu choro é cheio de dor e desespero.
— Meu amor... — eu falo carinhosamente.
— Por que está chorando? — ela nega com a cabeça. Eu olho para o homem que parece que viu um fantasma e a pirralha que me encara com cobiça, lambendo os lábios.
— Quem é esse pedaço de mal caminho, irmã? — Irmã? Não poderiam ser mais diferentes. Essa menina? Sei lá o que diacho é. Tem os cabelos na altura dos ombros, castanhos claros, o rosto é angelical, ela é clara, magra, baixinha. E parece que adora atormentar a irmã com esse cara que tenho vontade de quebrar a cara dele.
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uma farsa com o milionário
Romantik○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...