ALANA REISNO DIA SEGUINTE
A dias estou em um estado irritadiço, eu sou mesmo muito burra. Deve ter alguma plaquinha na minha testa de “idiota do ano”. O que eu esperava? Que Dario iria se apaixonar por mim? Que ele estava gostando de dormir ao meu lado todos os fins de semana? Que ele sentiria minha falta? Que nossos abraços e olhares de cumplicidade seriam suficientes? Um homem daquele? Como eu fui ingênua. Eu queria ter o poder de tirar esse sentimento do peito, essa tristeza, essa angústia. Eu já sofro tanto porque tenho que sofrer por um amor não correspondido? Quando o cara que eu sou apaixonada me ignorou uma semana toda, não me ligou ou mandou uma mensagem sequer. Eu limpo uma lágrima teimosa que insiste em descer dos meus olhos, eu solto um suspiro resignado. Pego minha bolsa e começo a caminhar para a saída. Minha mãe está em remissão depois de tantas semanas de sofrimento, e sendo assim, ela me espera todos os dias ao chegar do trabalho. E com isso, fico livre das investidas de Jorge. Já estou tão cansada de ter que comemorar pequenas vitórias temporárias.
É horrível ter que levantar todos os dias se perguntando se hoje você terá paz, se será um dia comum ou se terá que lutar para não ter seu corpo tocado por um monstro abusador. Eu fico tão revoltada às vezes. Tem dias que tudo que eu penso em fazer é sair por aí, beber todas, dançar, ser livre, fazer tudo que nunca me foi permitido. Viver, eu nunca vivi. Eu apenas existo, existo para trabalhar, para cuidar da minha mãe e para pôr comida em casa, mas nada. Eu tento para de pensar assim e ser positiva, mas às vezes a revolta é maior que os pensamentos positivos, pois não tenho nada positivo na vida. Nada que me faça querer sonhar com um futuro melhor. Minha mente traiçoeira grita “mentira”, mas não permito ir por esse caminho, não quando sei o quanto isso é impossível.
Mas sinto falta dele, do seu cheiro, dos abraços. Dos carinhos nos cabelos até que eu adormeça, dos beijos no rosto, do alívio de ser cuidada. Limpo minha mente. Quando eu ver o Dario, porei um basta nisso tudo. Eu já sofro demais para ter que acrescentar mais um para a conta. Esse um que está me destruindo e me sugando para o chão.
— O que deu em você que essa semana está aérea? — indaga Jéssica. Eu solto um suspiro triste.
— Não é nada. — ela me olha de lado.
— Ele ainda não apareceu? — eu nego com a cabeça.
— Nem ligou? — nego novamente.
— Pelo menos mandou uma mensagem?
— Nada, Jessica. Ele deve estar com alguma das mulheres dele. — E saber disso me machuca tanto.
— Tomara que ele nunca mais apareça na minha frente. Ou eu vou desejar que ele vire um sapo desses horrorosos, sabe, igual essas histórias de contos de fadas? Mas que o efeito não passe nunca. Eu queria vê-lo um sapo bem feio e gordo. — Jéssica faz um som limpando a garganta.
— O que foi? Homens como Dario deveriam aprender a não tratar as pessoas como algo descartável. Deviam experimentar na pele como é bom. — estou nervosa então falo sem parar. Estávamos no pátio dos funcionários, e eu continuava andando e descarregando minhas frustrações em palavras e não percebi que o dito cujo estava na minha frente e ouvindo tudo que eu disse.
— Já ouvi várias coisas a meu respeito, mas nunca um desejo tão profundo como esse. — seu tom de voz era baixo, leve e divertido. O perfume marcante. Eu não consigo encará-lo. Mas ele está com tênis branco, calça jeans. Eu subo meus olhos para cima e encontro uma camisa de mangas compridas que ele encolheu até os cotovelos, evito olhar em seu rosto por um bom tempo.
— É assim que uma namorada deve receber um namorado que não vê há dias? — a voz tinha uma falsa repreensão, e eu bufo irritada.
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uma farsa com o milionário
Romance○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...