CAPÍTULO 78

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                       ALANA REIS

            ALGUNS DIAS DEPOIS 

O arrependimento é um sentimento que deveria ser inato ao mundo. Me arrependi das palavras que disse a Dario assim que elas saíram dos meus lábios. Ver seu estado de desolação, ao qual eu contribuí, só me fez sofrer e me auto repudiar ainda mais. Senti vontade de correr atrás dele, de dizer que acreditava em suas palavras, que o amava, que as dúvidas nunca existiram, que estava apenas com medo. Medo dele não me amar de verdade, medo de quebrar meu coração, medo de perdê-lo, medo de sofrer, medo de ficar sozinha. No entanto, preferi sair de sua casa. Precisava pensar, precisava respirar, de alguma forma, longe dele e de tudo que ele me fazia sentir. Pensava que assim encontraria as respostas que precisava, mas estava tão enganada. Cheguei em casa com um buraco em forma de coração, um vazio que não me abandonou há mais de um mês. Esse vazio se instalou em meu ser, deixando-me em um contínuo estado de abatimento. Não como, não vou ao Rivera, onde Vivian, que está me substituindo, trabalha. Não saio do meu quarto e nem mesmo falo com minhas amigas. Já deixei mil mensagens para Dario no seu WhatsApp e nenhuma resposta sequer. Já implorei para ele me buscar, para me perdoar, para vir me ver. Ele não fica online há mais de um mês, e a dor no meu coração é minha fiel companheira. Quando um carro estaciona em minha porta, levanto-me correndo e vou para a porta, apenas para me decepcionar ao ver Fê e Jessica. Para não desfazer das minhas amizades, espero elas entrarem e as abraço apertado, deixando algumas lágrimas caírem. Elas me seguem para meu quarto em silêncio.

— Como está, amiga?

— Péssima, Jessica... Você tem notícias dele?

— Pelo que me disseram, ele começou a trabalhar alguns dias atrás. — Respondeu Fê. Eu soube por Kleber que Dario estava muito mal, que os pais dele pensaram em levá-lo para longe por um tempo, dado o estado de abatimento em que ele ficou. Ele não comia, não saía do quarto, bebia sem parar. E quando ele percebeu que seria levado para longe, resolveu parar de beber.

— Às vezes me culpo pelo estado dele. — Revelei, aos prantos.

— Vocês dois estão sofrendo à toa, amiga. Se ao menos você fosse menos orgulhosa e ligasse para ele, toda essa dor seria extinguida.

— Concordo com Fê, vocês são dois orgulhosos do caramba. Se se amam, o que impede de darem o braço a torcer? — Perguntou Jessica, suspirando.

— Eu estava tão afetada pelas palavras de Carina que duvidei dos sentimentos dele. Mas, meninas, ela disse com tanta convicção que Dario amava Eloá, que ele apenas me usou, que eu não era nada mais que um brinquedo para ele. — Revivi novamente as palavras que me destruíram aquele dia.

— Claro, e as palavras dela valem mais do que a declaração maravilhosa de amor que Dario fez para você, na qual ele a chamou de seu ar. O cara praticamente disse que não sobrevivia sem você, Alana. Ele disse na frente de todos o quanto a amava, implorou que não o deixasse.

— Jessica tem razão, Alana, você deu bobeira. Sem falar no quanto Dario fez por você, por sua família, por todos. Ele te buscava sempre na porta do Rivera depois da meia-noite. — Ressaltou Fê.

— Sem falar quando ele bebeu até desmaiar por não concordar com você voltando para casa por medo... — relembra Jessica.

— Ou quando ele abriu a mansão para você, deixando claro para a família dele que você mandava naquela porra toda lá, que era a sua pessoa especial, a futura Martinelli. — Salienta Jessica, sorrindo.

— Ou quando ele olhava para você com os olhos brilhando, te chamando de meu raio de sol. — Fê sorri ao lembrar, me trazendo às lágrimas.

— Eu sinto tanta falta dele, dos seus toques reconfortantes, dos beijos, dos sussurros, da segurança que ele me passava pelo simples fato de estar perto de mim. — Minha voz não passa de um murmúrio baixo e cheio de sentimentos.

— O que faço, meninas? Como trago de volta o homem da minha vida? — As duas gargalharam.

— Achei que ia continuar pensando que o homem te enganou, que o pobre coitado usou você. — Comenta Jessica, ácida.

— Não precisa soltar veneno.

— Tá me chamando de cobra, Alana? — Ela arregala os olhos.

— Não, mas deve ter algum outro bicho peçonhento e venenoso por aí. — Jessica me olha indignada, e Fê sorri da cara dela. E pela primeira vez em muito tempo, eu sorrio pensando em uma forma de trazer o homem que eu amo de volta, mas não sei como. Mas isso só me deu forças para, de alguma forma, lutar pelo amor dele, pelo seu perdão, para trazê-lo para mim. Só assim me sentirei completa novamente, e nunca mais quero deixá-lo partir.

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