DARIO MARTINELLI
ALGUMAS SEMANAS DEPOIS
Se eu parar pra refletir ainda consigo ver o desespero de Alana ao narrar tudo que ela passou nas mãos de Delfino, as barbaridades que aquela garota suportou, as humilhações e medos, Alana é forte pra caramba, de uma forma que eu não seria. A maturidade emocional dela me deu uma aula. Ela tem uma garra, uma fé inquebrável, às vezes eu desejo voltar no passado e conhecê-la antes de tudo, o quanto de desastre que eu teria evitado na minha vida? Quantas dores teria curado? E quantas besteiras eu teria sido impedido de fazer? Naquele dia ela se quebrou mas ao mesmo tempo ela ressurgiu mais forte, renovada e sem o monstro debaixo de sua cama, ela era um passarinho livre, meu raio de sol estava ainda mais brilhante e vivaz, a luz que antes ela emanava está ainda mais viva forte e contagiante. Aos poucos Alana está mudando meu mundo e ela nem mesmo se deu conta disso, não é com cobranças, nem com brigas, é com carinho compreensão e amor. Sim, a palavra que eu tanto evito falar, amor.
Naquele dia eu fiquei ao seu lado, enxuguei suas lágrimas, fui o que ela precisava seu abrigo, sua paz, sua força. Mesmo que por dentro eu estou em cacos, para ela eu entrego o que me resta, sem reservas, pois não adianta mais lutar contra.
Eu assisti a tudo calado. Sem opinar, era um problema de família e Ângelo disse que Rico resolveria tudo do seu próprio jeito. Ele levou Delfino para o RJ onde dizem que ele sofreu pra caramba todo tipo de tortura antes de morrer. Cláudio sofreu represálias tanto no mercado do pai que faliu, quanto na vida pessoal ele foi espancado e me disseram que quase morreu. Rico deixou seu rastro de vingança e destruição antes de partir, mas manteve contato com a filha e Regina diariamente. Alana não sustenta mais a casa, já que Rico manda mensalmente uma boa quantia de dinheiro, para cobrir as despesas da casa delas e o tratamento de Regina, com os melhores médicos e fisioterapeutas, a mulher está tão feliz que sorri o tempo todo. A família de Alana está finalmente bem, completa e feliz, Vivian está trabalhando de forma digna, foi isso que Alana me disse na última vez que nos vimos. Sim, a gente não se vê mais todos os dias. Eu ficava muito em Albuquerque por causa de Delfino agora não preciso mais passar a semana toda lá.
Saio dos meus pensamentos e olho para meu enorme escrito vazio, meu olhar para no sofá de couro onde eu peguei minha mulher de jeito, sinto falta de dormir todas as noites com Alana, sentir seu cheiro, seu toque, seus beijos. Alana conseguiu me viciar nela, a ponto de desejar vê-la todos os dias sem parar. Como já passava da meia noite eu pego meu celular e ligo de vídeo para ela, ela atende no primeiro toque.
— Oi meu amor. Estou com saudades! — eu sorrio do bico que ela faz.
— Olá gatinha também estou com saudades. — ela já estava em casa e se sentou na cama se acomodando melhor.
— Não está nada, se estivesse mesmo com saudade estaria aqui comigo. — eu sorrio de sua fala mimada.
— Você me quer aí para quê, gatinha? — ela morde a pontinha dos lábios e sorri.
— Para assistir um filme deitados na minha cama ou na sua, para dormirmos de conchinha. — Alana morre de vergonha de falar coisas picantes pelo celular.
— Pois saiba que quando nos vermos não iremos dormir amor, eu quero matar a saudade do seu corpo, beijá-la, saboreá-la usar todos os meus sentidos para amar cada pedacinho seu. — minha voz já se torna grave e Alana solta um suspiro.
— Eu preciso de você Dario. Preciso muito. — Alana começa a chorar e eu fico sem entender.
— Ei gatinha. O que aconteceu, por que das lágrimas? — pergunto preocupado, louco para atravessar a câmera e ir até lá.
— Você... você está se afastando de mim. Eu sinto isso Dario. — minha vontade é desligar o telefone, mas não faço eu respiro fundo e tento consolar Alana.
— Claro que não, gatinha. Você sabe, aqui na fazenda há muito trabalho. Eu ficava muito aí porque queria te proteger, você precisava da minha presença, mas agora você está segura. Tenho certeza que além do Kleber, seu pai deve ter colocado outro segurança para proteger vocês. — explico calmamente e ela, mesmo assim, funga antes de falar.
— Amanhã e sexta-feira, você virá me ver?
— Sim, amanhã vou aí buscá-la para vir a Pouso Alto. O que me diz? Você quer passar metade de suas férias comigo, gatinha? — o sorriso que ela abriu para mim iluminou todo meu coração.
— Só metade, Dario? — pergunta indignada e eu sorrio.
— Seu pai está para visitar vocês e eu não posso monopolizar você só para mim em suas férias. Isso não quer dizer que eu não queira, pois se dependesse de mim eu não a deixaria ir nunca. — confesso e ela solta um suspiro sorrindo.
— Jura?
— Juro o que, gatinha? — pergunto sorrindo.
— Que não vai me deixar? — engulo seco em meio à sua pergunta.
— Eu não vou deixá-la, gatinha. Mas talvez você me deixe. — reflito sobre minhas palavras e ela bufa irritada.
— Você e essas palavras enigmáticas. Espero você amanhã às seis da tarde. — avisa e eu sorrio.
— Feito, gatinha. Estarei aí. — continuamos nos falando por mais algum tempo, ela me faz ir para o quarto e espera eu escovar os dentes. Só depois que eu me deito, ela desliga e vai dormir. Ela tem tanto ciúmes que chega a ser engraçado. Eu durmo sorrindo por pensar que encontrei meu raio de sol.
Eu acordo cedo, vou à academia, malho até cansar, depois tomo meu café e então a ligação de todos os dias começa, sempre às oito da manhã, até eu atender, por quatro vezes ao dia. Às vezes eu não atendo nenhuma vez e então o pai dela me liga, me culpa e eu o ameaço. O dia segue, as semanas passam e o dia da viagem se aproxima. Sabendo que não poderei evitar, sigo para o escritório e atendo o celular.
— Bom dia, Dario.
— Bom dia, Carina. Como está?
— Mal, eu estou muito mal, Dario... Eu... quero morrer. — grita desesperada e eu solto um suspiro baixo, me sento no sofá e passo a mão por meus cabelos.
— Calma, Carina. Lembra do que sempre falamos? — ela custa a parar de chorar.
— Está melhor?
— Sim.
— Seu pai está aí? — indago, cansado.
— Não, ele saiu para trabalhar.
— E sua amiga? — pergunto, já sabendo o que virá.
— Aquela vagabunda não é minha amiga! Amiga não dorme com o pai de uma amiga. Amiga não destrói a vida de uma amiga, eu odeio Kate, eu a odeio! — seus gritos são histéricos e ouço ela quebrando as coisas e Kate pedindo para ela se acalmar. Ouço os passos apressados de alguém e um estrondo. Carina está cada dia mais descontrolada. Minutos depois, alguém fala comigo.
— Oi, Dario.
— Ela desmaiou?
— Sim, ela gritou, rasgou todas as cortinas e desmaiou. — respiro alto, exausto por ter que lidar com Carina.
— Às vezes tenho vontade de deixar Agenor. Talvez se nos separássemos, ela parasse de sofrer. — o tom de voz de Kate é abatido.
— Você o ama?
— Mais que tudo.
— Então não o deixe.
— Estou cansada demais, Dario. Há meses eu venho lutando para que Carina me perdoe, que tenha uma relação boa com o pai, comigo, mas ela só piora. Ela está cada vez pior. Antes, quando você aparecia por aqui, e a aconselhava, era um pouco mais suportável, mas agora está intransigente, ela está cada dia mais difícil. — desabafou.
— Por que não a colocaram na clínica?
— Não sei, me parece que Agenor está com alguns problemas sérios na empresa. — suspiro irritado. O desgraçado, além de me roubar, ainda não consegue manter a porra da empresa de pé.
— Agenor está fodendo com minha vida, Kate. Torça para seu marido não me irritar ao nível de fazê-lo apodrecer na cadeia. E que vocês não fiquem na miséria, estou perdendo a porra da minha paciência. Mande-o interná-la e me envie o cheque, eu pagarei por tudo. — com essas palavras, eu desligo o celular e me perco em meus fodidos pensamentos, pelo que parece horas. Eu almoço, me arrumo e saio para buscar meu raio de sol. Talvez ela me dê a paz que estou precisando, e com isso evite que eu faça a loucura de matar aquela desgraçada. Ainda não tive coragem de revelar à minha família sobre minha descoberta de quem é o culpado pelo desfalque nos estabelecimentos de Albuquerque, até porque é tão fodido essa coisa toda. Depois daquele dia, por incrível que pareça, eu e Corrado estabelecemos uma trégua, sem insultos, brigas, ou palavras com o poder de nos ferir. Não sei por quanto tempo vai durar, mas eu aprecio tudo isso. Quando chego em Albuquerque, já estava perto das cinco da tarde, e eu resolvi ir à casa de Alana antes das seis, como combinamos. Ao chegar lá, encontro Vivian saindo de casa.
— Que milagre você vir aqui visitar os pobres.
— Virou piadista agora, cunhada? — ela sorri com seu jeito levado.
— Estou de bom humor.
— Posso saber o motivo? — perguntei curioso. Aos poucos, Vivian está se tornando uma pessoa melhor, sem aquela revolta toda e sem ficar se sabotando.
— Vou ver Kleber hoje. — conta entusiasmada e eu ergo a sobrancelha.
— Você não vê ele todos os dias? — ela sorri travessa.
— Ih, já vi tudo. Sua irmã está no quarto?
— Sim, ela está no quarto dela arrumando uma super mala para passar as férias na mansão. — ela me olha triste e eu já sei o porquê.
— Na semana que vem vou pedir a Kleber para levar você e sua mãe para passarem um fim de semana lá. — os olhos da menina quase saem da órbita e eu sorrio.
— Mentira! É verdade? Eu vou conhecer sua mansão? — eu confirmo com a cabeça.
— Mãe, mãezinha! Nós vamos à mansão de Dario. — ela sai gritando igual uma louca, me fazendo gargalhar. Eu entro na casa delas e está tão diferente. O sofá é maior, a TV também foi trocada e as camas de Regina e Vivian. Rico quis renovar os móveis delas, e algo me diz que ele não vai descansar até ter sua Regina.
— Boa tarde, Dario.
— Boa tarde, dona Regina. Como a Vivian mesmo tinha dito, na semana que vem espero vocês lá na minha casa. — Regina coloca a mão no peito e sorri amorosamente.
— Muito obrigada pelo convite, filho. Vamos amar visitar vocês. — fala emocionada, e então meu raio de sol aparece.
— Estou vendo que está cativando mãezinha aí, né. — eu me aproximo dela e a puxo pela cintura, beijando suavemente seus lábios.
— Olá, raio de sol. — ela sorri tão radiante que perco o ar.
— Bom dia, meu amor. Chegou vinte minutos adiantado. — informou, e eu sorrio, tocando em seus cachos que sinto tanta falta.
— Estava com saudades. — confesso.
— Também estava com muitas saudades, amor. Venha, vamos terminar de organizar minhas coisas. — me chamou, e eu a segui para dentro do seu quarto. Eu me jogo em cima da cama dela e fico a observando escolher algumas roupas enquanto mexe a bunda para lá e pra cá.
— Você está cada dia mais gostosa, sabia?
— E você cada dia mais safado, Dario. — repreendeu e eu gargalhei.
— Você ama o safado aqui, confesse. — mandei ao puxá-la para cair em cima de mim.
— Cadê meu beijo? É assim que está com saudades do seu namorado? — pergunto ao atacar sua boca com um beijo feroz que nos deixou sem ar e muito excitados.
— Bem melhor agora. — digo, dando uma mordidinha em sua boca. Ela sorri e me beija novamente, e de novo, e de novo.
— Por isso não te beijei antes, quando nos beijamos não sabemos parar. — reclama, e eu viro meu corpo em cima dela e a beijo novamente, me esfregando em seu corpo enquanto ela soltava gemidos abafados. Sua mãe nos interrompeu ao bater a porta, e eu me levantei rápido de cima dela, pegando uma de suas bolsas para tampar minha ereção. Alana estava segurando o riso e tentava organizar os cabelos e limpar os lábios quando sua mãe abre a porta.
— Filha, seu pai quer falar com você. — Alana pega o celular e começa a falar com Rico.
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uma farsa com o milionário
Storie d'amore○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...