ALANA REIS
Eu ainda estou abaladíssima pelo tanto de emoções que vivi nessas poucas horas em que estou no Executive Rivera Dining. Quando fui limpar as mesas no salão principal do restaurante, não havia percebido o olhar analítico do homem mais bonito que eu já vi na vida. Os olhos pareciam duas piscinas de águas azuis clarinhas, guardando tantos segredos, os lábios rosados tão beijáveis, o rosto marcante, a barba bem aparada rente ao rosto, os cabelos meio rebeldes jogados para o lado, dando a ele uma aparência de bad boy, e sua roupa deixava claro que ele era. Sua camisa social preta e a jaqueta de couro jogada por cima, uma calça jeans preta e um sapato parecendo coturno. Esse homem é o sonho de toda mulher na terra. Eu me vi hipnotizada por seus olhos azuis, fiquei sem ar e reação, ainda bem que fui alertada pela minha amiga Fê, que me salvou de uma bronca do supervisor Jonas.
O dia está muito agitado; passei o dia indo de uma sala para outra, alternando a limpeza do piso de mármore, as mesas de pedras e madeiras, a troca de pano de mesa, lavagem de banheiro. Nunca trabalhei tanto na minha vida. O lugar está lotado. Quando subo para limpar o vinho que foi derramado perto do elevador por um dos convidados, não percebi a mulher loira que estava por perto. Sem querer, acabei esbarrando nela e ela aproveitou para despejar sua taça de vinho no chão, ou ela esbarrou em mim – não prestei atenção. Ela me chamou de preta fedorenta, mas antes disso, ela havia jogado mais um pouco de vinho no chão. Eu vi quando estava me aproximando para limpar. Não disse nada, pois o cliente sempre tem razão, e mesmo sendo ofendida, me desculpei. Preciso muito desse emprego, e não é como se eu já não tivesse ouvido esses e outros xingamentos no trabalho ou fora dele. A gente sente, dói, machuca, mas é a vida. Se eu fosse arrumar confusão com ela pelo que disse da minha pele, só iria causar transtorno e constrangimentos desnecessários. Eu me senti ofendida não por ter me chamado de preta, pois sou preta com muito orgulho, mas foi o modo que ela disse, a repulsa, a ofensa no tom ao falar. As pessoas não sabem como isso dói, machuca e fere nossos sentimentos. Somos pessoas com sentimentos, com dores, como qualquer outra. Mas precisamos muitas vezes engolir nosso orgulho, nossa dor e colocar um sorriso engessado no rosto, continuando a vida como se nada tivesse acontecido.
Ao ouvir alguém me defender pela primeira vez em muito tempo, meu coração palpita de gratidão, de felicidade. Alguém me viu e percebeu que sou um ser humano como outro qualquer e que mereço respeito. Quando ele a fez pedir desculpas para mim, meu coração ganhou vida, lágrimas se juntaram em meus olhos. Eu só conseguia olhar para meus pés. O homem loiro dos olhos azuis me defendendo era demais para qualquer um. Sentir o toque leve dos seus dedos em meu queixo, seu polegar acariciando meu rosto de leve, me fez querer fechar os olhos e aproveitar o contato. A tanto tempo não recebo um carinho, uma singela demonstração de reconhecimento de alguém. Tive que fazer muita força para não chorar. Quando ele falou comigo, perdi a voz por alguns segundos e só queria mergulhar nos olhos dele para sempre. Queria ficar ali, guardada e protegida. Parecia tão certo. Rapidamente, ele se afastou e saiu, e eu me recompus e continuei o trabalho. Mas sempre que tinha alguns segundos ou minutos, tocava em meu queixo, e um sorriso saltava dos meus lábios. Meu coração estava feliz depois de tantos meses em um estado dormente.
Quando as pessoas estavam indo embora para o Club ou procurando alguma sala para se enfiar, tivemos algum tempo para nos sentar um pouco, na área dos funcionários. Foi quando vi Jéssica, ela trabalha na equipe de serviço, as que servem as mesas, como uma garçonete só que chique. Ela estava com seu vestido impecável e os cabelos super arrumados.
— Estou exausta, meninas. Esse serviço de catering do restaurante mata qualquer um. — Ela reclama, se jogando em uma cadeira perto de mim e Fernanda.
— Estou quebrada também. Essas pessoas às vezes sujam os lugares de propósito. — Comento.
— Uma mulher jogou vinho no chão quando viu que eu estava me aproximando para limpar uma pequena mancha. — Conto às meninas.
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uma farsa com o milionário
Romance○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...