CAPÍTULO 29

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                 DÁRIO MARTINELLI

Corrado só desvia sua atenção de mim quando Eloá aperta sua mão; tenho vontade de bufar. Sigo para o lugar vago ao lado de Alana, me jogando na cadeira parecendo que meu corpo pesa uma tonelada. Eu nem sei o que falar para ela.

— Sumiu durante horas, Dario. O que aconteceu? — Interrogou meu pai. E eu estava perdido na resposta quando Caetano aparece.

— Dario, Thiago me ligou agora e disse que conseguiu resolver o problema das contas da fazenda Frampton. Nós estávamos até agora discutindo como ficaria essa compra com as contas do banco do Senhor Tadeu. — Diz mentindo tão bem que até eu acredito. Nós tínhamos discutido isso mais cedo, então não é de todo uma mentira.

— Trabalhando no dia de hoje, meninos? — Minha mãe pergunta ao nos encarar.

— Temos até segunda para despachar a papelada de compra antes que o banco tome. — Convence Caetano.

— Se tem uma coisa que me orgulho de Dario, é sua habilidade quanto à compra de fazendas, a responsabilidade e empenho que ele dedica ao investigar possíveis terras é admirável. — Fala meu pai orgulhoso. Já Corrado olha para mim de soslaio e sorri debochado. Eu olho para ele, erguendo uma sobrancelha com um olhar tão frio que Eloá puxa o rosto do marido e o beija, desviando a atenção dele de mim.

Irritado com toda essa merda, esse ar insuportável, até me esqueci de Alana. Respiro fundo e procuro seu olhar magoado. Ela está tão abatida que meu pedaço de coração falha. Mais uma pessoa que machuco, mais uma que sai ferida. Será que sou tão tóxico assim? Que só causo dor e sofrimento?

Como se estivesse hipnotizado por sua beleza, passo meus dedos por seus cabelos, eles estão meio amarrados e meio soltos. Ela está com um vestido curto jeans, deixando-a muito linda.

— Está deslumbrante, Lana. — Elogio ela, com carinho, passando a mão por sua bochecha.

— Você é um raio de sol, sabia? — Pergunto, analisando seu olhar, sua boca, seu pequeno narizinho redondo lindo. Meu eu quebrado adora a luz que ela emana.

— Você abandonou o raio de sol sozinha. — Ela diz ironicamente bem baixinho, e eu me aproximo mais dela, puxando sua cadeira para colá-la à minha.

— Me perdoe, gatinha. Tive tantos problemas hoje. — Confidencio ao tocar minha testa com a dela. Isso me traz uma paz tão grande que eu consigo fechar os olhos e descansar.

— Olhe para mim, Dario. — Ela exige, e então eu a encaro.

— Você estava ficando com alguma mulher? — Sua pergunta me pega desprevenido. Então me lembro do beijo que trocamos, de como fiquei mexido ao poder finalmente sentir seus lábios doces nos meus, como parecia que havia encontrado a boca mais deliciosa do mundo todo.

— Não, Alana, eu não fiquei com mulher alguma. — Eu vou até seu ouvido e sussurro.

— A única mulher que eu desejo é você. — Confesso pela primeira vez e vejo ela suspirar; os cabelos de seus braços ficam arrepiados. Sorrio com o efeito que eu causo nela e então beijo seu pescoço.

— Dario. — Ela me chama, parecendo envergonhada, e então procuro seu olhar. E só então percebo que estamos em uma mesa com toda minha família nos encarando, alguns surpresos, outros admirados e incrédulos, e Corrado está confuso. Eu nem me importo com os olhares dirigidos a nós. Meu pai sorri orgulhoso, parecendo saber de algo que não sei. Eu volto a olhar para Alana.  
— Já comeu alguma coisa, gatinha? — Pergunto, e ela confirma.

— Estou morrendo de fome. Me acompanha até as barracas?

— Sim. Vamos? — Eu me levanto e falo com minha família, e saímos de mãos dadas.

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