CAPÍTULO 32

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                DARIO MARTINELLI

               TRÊS SEMANAS DEPOIS 

Não há uma pessoa mais atormentada por Carina do que eu nessa vida. Ela quer me vencer pelo cansaço. Já conversei com o pai dela, que esteve aqui buscando-a para me dar um alívio. Na fazenda, ela fez Thiago levá-la lá ou iria se matar, chegou a beber uma garrafa de conhaque misturada com vodca e vinho, procurando misturas ainda mais fortes para cumprir o que disse ao trouxa. Thiago, com medo, cedeu às chantagens. Eu precisei ameaçá-la e ligar para seu pai para que ela me respeitasse e fosse embora. Eu já estava me sentindo derrotado, imaginando que Alana iria me repudiar, e eu tinha certeza de que com mais um problema eu iria tocar o foda-se para tudo e sumir para fazer alguma merda qualquer.

Quando recebi a aceitação dela, parecia que estava no céu. Tudo que eu precisava naquele momento era daquilo: tempo, compreensão e carinho. Pude respirar e não me preocupar por hora. Não quis aproveitar a festa sob o olhar julgador de Corrado, ele é pior que um carrasco, drenando toda a energia que possuímos com seu falso moralismo. A porra do homem tem um clube de sexo e me acha um libertino. Se soubesse que há meses não trepo com mulher alguma, apenas sobrevivo à punheta e cheiro de boceta. Alana será minha morte, mas aos poucos ela está se soltando, me dando liberdade para tocar seu corpo, ajudá-la a descobrir o próprio prazer. Não vejo a hora de estar dentro dela, de esvaziar o meu pau todo em sua boceta quente.

Saio dos meus devaneios quando o motivo da minha ida ao Executive Rivera Dining aparece. Levanto-me da cadeira e aperto sua mão.

— Obrigado por ceder um pouco de seu tempo para falar comigo, Ângelo. — Ele se acomoda e pede que eu faça o mesmo.

— Em que posso estar ajudando você, Dario? — Indaga com seu olhar perscrutador que causa calafrios em muitos homens.

— O que vou conversar com você é sigiloso. E extremamente pessoal. — Explico, e quando ele dá um aceno curto, continuo.

— Trata-se de Alana... eu não sei como encontrar um meio de contar a você sobre minhas suspeitas. — Comento esfregando meus cabelos nervoso com toda essa bagunça.

— Me diga o que o atormenta, Dario.

— Eu desconfio que o padrasto de Alana bate nela. Ela deu a parecer isso. — Levanto-me, não conseguindo ficar parado.

— Uma vez, Vivian me pediu para cuidar de Alana, para não deixá-la chegar em casa sozinha à noite. Eu pensei que ele poderia agredi-la por chegar tarde. Ele chegou bêbado, e Vivian e o tal Claudio, que é outro que não engulo, fizeram-no ir para o quarto. — Sento-me e encaro Ângelo.

— Às vezes, quando meus pensamentos estão mais sombrios, penso que seja pior que agressão. Mas não posso nem mesmo divagar em algo tão sujo e profano como isso. — Não tenho coragem de olhar nos olhos de Ângelo.

— Você tem algum indício para pensar que pode ser mais do que agressão física? — Ele pergunta, e eu não preciso nem pensar para responder.

— Todos. — Solto ao respirar fundo, tentando conter o ódio abrasador que queima em minhas veias.

— Por exemplo?

— Não vou falar da vida pessoal de Alana. Mas, de uma forma superficial, ela não gosta de toques, demorou semanas para aceitar um beijo meu, não confia em homens de espécie alguma e vive assustada, com medo. Já pensei que pode ter a ver com o fracasso do namoro dela e Cláudio, mas tudo isso são só especulações minhas. — Ângelo parece entender as entrelinhas, pois ele cruza as mãos em cima da mesa.
— Já reparei, Alana, e em algumas vezes a notei assustada. Até mesmo já peguei várias filmagens dela encolhida no canto, chorando. Sempre imaginei que fosse por algum namorado ou algo comum. Mas se o que está me dizendo estiver mesmo acontecendo, é muito grave. Você não perguntou a ela? — Indagou, e eu soltei uma risada amarga.

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