ALANA REISRapidamente me recupero da minha fantasia idiota de admirar alguém que jamais vai me ver como uma mulher, e sim como um projeto de caridade, e saio andando para os banheiros femininos onde disseram que tinham uma emergência. Quando chegamos lá, encontramos duas mulheres conversando.
— Antonella está inquieta; acho que estranhou o lugar. — Comenta uma morena muito bonita. Somos treinadas para não interromper nenhuma conversa e fingimos que não estamos ouvindo. Por isso, ficamos esperando elas perceberem nossa presença.
— Eu acho que ela está com sono, Elena. — Comenta a moça dos olhos verdes e dos cabelos castanhos claros.
— Sim, pode ser isso, Eloá. Eu pedi para a babá me encontrar aqui às dez e meia para que ela a levasse à casa do Senhor Francesco para dormir. Para nós irmos ao clube em uma noite só para adultos. — Comenta animada quem eu penso ser Elena.
— Eu também estou muito animada, Elena. Corrado me prometeu uma surpresa de reconciliação. — Fala a tal Eloá que começa a aplicar um batom claro nos lábios.
— E pensar que Dario estava certo com seu conselho. — Isso chamou minha atenção.
— Qual conselho? — A Elena perguntou interessada.
— Ele disse que Corrado iria me surpreender. Falou sobre um Martinelli nunca trair a mulher que eles escolhem amar. — Fala, suspirando feliz.
— Tenho que concordar, meu marido Paolo é o homem mais leal que eu conheci, Eloá.
— Eu acho que meu Corrado também nunca me trairia. Ele sabe como é a dor da traição. Eu só sou ciumenta demais. — Ela confessa.
— Eu só espero que Dario em... — Eu não queria que elas nos vissem, mas acabo esbarrando em um enfeite do banheiro e faço barulho.
— Nos perdoem pela intromissão, mas disseram que precisavam de nós aqui. — Tento soar confiante.
— Oh, sim, querida. Minha filha fez uma pequena bagunça aqui no banheiro, mas nós mesmas limpamos, só precisamos dos panos. — Comenta a moça dos cabelos pretos.
— De forma alguma. Nós vamos dar um jeitinho. — Fernanda toma as rédeas, falando com as moças. A de cabelo castanho me encara de uma forma diferente, e eu baixo meus olhos, acostumada com as ofensas, eu espero o primeiro insulto, mas ele não vem.
— Qual o seu nome? — Eu ergo meu rosto e percebo que ela estava falando comigo. Eu limpo a garganta e respondo.
— Alana Reis, senhora. — Ela balança a mão.
— Por favor, não me chame de senhora. — Fala, soltando uma risadinha.
— Me faz parecer uma idosa, e eu tenho apenas 24 anos. E por falar nisso, me chamo Eloá Gomes Martinelli. — Ela se apresentou muito simpática, fico surpreendida.
— E eu me chamo Elena Silver Martinelli. — Fê observa as meninas e se apresenta.
— Me chamo Fernanda Barbosa. É um prazer conhecer vocês, meninas. — Trocamos mais algumas palavras e, então, elas saem do banheiro. Limpamos tudo rapidinho, trocando as toalhas molhadas por limpas e lavando a bancada da pia de mármore. Depois de tudo limpo, estávamos preparando para sair quando vimos que foi derramado suco de laranja no chão. Parece que a bebê estava pegando pirraça quando derrubou o suco. Pela primeira vez na vida, me sinto um tanto mal pelo meu trabalho, pois, no fundo, eu teria que mostrar como era meu trabalho ao homem por quem estava tendo fantasias idiotas. Fê toca em meu braço, e seguimos para perto de todos os convidados. Eu queria que um chão me engolisse. Dario estava perto de uma moça loira, alta, vestindo um vestido vermelho sangue, com os lábios tão vermelhos quanto. Ela sorria de algo e tentava chamar sua atenção. Eu e Fê tentamos limpar tudo na maior eficiência e discrição possível para sair de lá o mais rápido. Eu evito procurar Dario com os olhos; ele parece outra pessoa quando está perto da sua família. Teria vergonha de mim por ser preta? Por trabalhar limpando chão? Eu nunca questionei minhas origens ou meu trabalho, pois é um trabalho digno. Não sei por que estou agindo como uma tonta. Assim que terminamos, tento sair o mais rápido possível de lá, chego a tropeçar na tapeçaria do corredor e escuto um burburinho.
— Merda... — Solto sem querer, meus olhos se enchem de lágrimas enquanto sigo para as escadas de serviço sem esperar por Fê. Quando sinto alguém segurar meu braço, minha respiração está alterada, e com minha voz embargada, respondo.
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uma farsa com o milionário
Romantizm○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...