CAPÍTULO 25

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                      ALANA REIS

                NO DIA  SEGUINTE  

Acordamos cedo com Thiago buzinando ao lado de uma SUV preta na porta de casa. Tomei um banho rápido enquanto Dario comprava pães de queijo, leite, requeijão, manteiga, pães de sal e doce – parecia que ele tinha comprado a padaria inteira. Minha mãe ficou entre maravilhada e desesperada; foi engraçado. Tomamos café juntos, e até Thiago entrou na minha humilde residência. Vivian não pode ver um homem com dinheiro que já tenta se esfregar, mas Cláudio a fez se aquietar. Jorge apenas olhou para todos na cozinha da minha mãe e saiu, dizendo que estava atrasado para um compromisso. Ninguém ligou. Após o café, peguei uma pequena mochila com duas mudas de roupa e dois vestidos frescos que pretendia usar para dormir. Não sei se dormiremos juntos, mas torço que sim. Peguei algumas coisas de higiene pessoal, um pote dos cremes que uso nos meus cabelos, maquiagem e minha escova polvo, a única que dá conta dos meus cachos. Estava pronta, e Dario me esperava encostado no capô do carro. Eu vestia uma calça jeans e um cropped branco; acho que ele gostou, pois ficou me encarando, e eu sorri para ele.

— Pronta? — perguntou sorrindo de lado.

— Sim...

— Então vamos. — Ele abriu a porta, segurou minha mão e fechou-a. Thiago sentou na parte de trás, resmungando. O percurso foi rápido; Dario morava na parte nobre de Albuquerque, em um lugar com vários prédios e condôminos elegantes, janelas de vidro e tudo mais. Não me surpreendi ao ver que o prédio em que ele morava tinha uma arquitetura moderna e parecia novo. Ele estacionou, e ao entrarmos no elevador, percebi que morava na cobertura, pois apertou o botão do último andar.

— Você mora no último andar? — perguntei curiosa.

— Sim, a cobertura. — Respondeu como se não fosse nada. Ao chegarmos no hall de entrada, fiquei embasbacada com tanto luxo. A sala de estar integrava-se à área de jantar, com ambientes amplos e elegantes, lustres chiquérrimos, sofás enormes e confortáveis, obras de arte espalhadas, tapetes macios e lindos nas cores marrom e bege. Nunca vi tanta beleza e riqueza em um só lugar; as janelas panorâmicas iluminavam todo o ambiente. Ele me mostrou a cozinha equipada com aparelhos de última geração, bancadas lindas de madeira e uma ilha central. Não ousei tocar em nada com medo de quebrar e ter que pagar com meu salário de centavos. Havia quatro quartos, todos com banheiro, sendo o quarto de Dario com banheira e um chuveiro que não faço a mínima ideia de como ligar e de onde sai a água. Sim, invadi a privacidade dele. Havia também um closet enorme antes do banheiro, com tantos ternos que não imaginava ele usando todos, e então ele me levou para um quarto onde nos esperava uma linda mulher, morena de cabelos curtos, lábios vermelhos e um estilo impressionante.
— Olá, Alana, me chamo Eduarda Bernardes, sou dona de uma boutique muito conceituada por peças de alta qualidade e bom gosto. Estou aqui para ajudá-la a escolher seu look para a festa dos Martinelli. — Ela começa a falar enquanto arrasta várias araras de roupas de diversas cores e modelos para que eu possa ver.

— Vou deixá-las sozinhas. Cuide bem da minha namorada, Duda. — Dario pisca para mim e sai.

— Ele é lindo, não é? — Eduarda pergunta sorrindo, e eu sorrio meio acanhada.

— Sim, ele é muito lindo! — Fico um pouco envergonhada.

— Então vamos te produzir para ficar de igual para igual no quesito beleza. Não vai ser difícil; menina, você é maravilhosa. Olha que pele linda, e esse bumbum? Eu queria ter mais bunda; acho a minha tão pequena. — Ela faz beicinho, e eu acabo rindo.

— O que tenho de bunda faltou nos seios. — Olho para meus seios pequenos, um tanto desapontada.

— Para mim, seus seios estão no tamanho adequado, e sabe por quê? Eles não caem quando são desse tamanho. — Ela fala piscando para mim, e tenho que concordar que Duda tinha razão. Viramos quase amigas; Eduarda é muito atenciosa e me fez experimentar várias combinações de roupas, acessórios e calçados, aplaudindo e vibrando com cada uma, me fazendo sorrir com seus incentivos. No fim, escolhi dois looks, dois pares de botas e uma bolsa, por influência dela. Um vestido jeans curto com um cinto, ela disse que era bem “vibe fazenda”, e também fiquei com um vestido apertado com coxa dividida, meio envergonhada, pois minha bunda ganhou destaque em ambos os vestidos, mas são bem comportados; o vestido jeans tem botões, então posso abrir um botão, e nem é tão curto. Pretendo usá-lo na festa de hoje com as botas.

— Terminamos. Ficou satisfeita, Alana? — Eu sorrio para Duda.

— Nossa, fiquei sim. Muito obrigada por me ajudar, Duda. Ficaria perdida sem você.

— Não foi nada, menina. Precisando, estou às ordens. Eu amo cuidar da beleza das minhas clientes; minha família diz que nasci com o dom de fazer a alegria das mulheradas. — Trocamos mais algumas palavras; Eduarda insistiu que eu ficasse com mais um vestido e uma calça que parecia de couro, abraçando meu corpo como uma segunda pele, e uma blusa muito chique, mas eu recusei. Vi as marcas das roupas, e eram de marcas famosas que apenas pessoas com bastante dinheiro teriam como pagar por cada peça. Fico imaginando o absurdo que não deve ter ficado só nesses dois vestidos e nas botas. Ela não quis me dizer o valor de nenhuma das peças que experimentei, dizendo que eu devia aproveitar o presente que estava ganhando do milionário Martinelli. Eduarda é muito espontânea e acabou me contagiando com sua alegria; desisti de pressioná-la para descobrir o valor das roupas, e então ela saiu com as araras de roupas, com vários vestidos de gala e roupas mais casuais para todos os gostos. Como não sabia o que fazer, continuei no quarto olhando para a ampla janela que dá para observar a cidade quase que por completo, até mesmo o prédio do Senhor Rivera, o Club Dell’Ângelo. Nunca nem passei por perto, mas dizem que não tem comparação com nenhum outro prédio existente aqui em Albuquerque. Estava tão perdida em meus pensamentos que não percebi a aproximação de Dario.  
— Gostou da vista? — Indagou, parando ao meu lado.

— Sim, é perfeita. Dá para ver quase toda a cidade.

— É que você ainda não viu a vista do meu quarto. A varanda do meu quarto possui um terraço e tem uma piscina aquecida. — Assim que ele comentou, logo pensei em besteira. Nunca pensei em sexo com homem algum, e agora estou desejando que Dario me pegasse em seus braços, me puxando para ele, e me beijasse com esse jeito intenso que ele parece ter de fazer as coisas. A tensão entre nós está me matando; sinto minha garganta secar e minhas mãos suarem. Meu coração está tão disparado que parece que corri uma légua só por estar nesse quarto de portas fechadas sozinha com ele.

— Nossa, então ela... deve ganhar dessa visão maravilhosa daqui. — Ele se aproxima, parecendo hipnotizado, e eu continuo onde estou, encarando seus olhos e boca, sentindo meu estômago flutuar.

— Sim... é muito linda, perfeita. — Sua mão toca meu rosto e faz carinho suavemente, e eu suspiro encarando seu rosto e olhar sedutor.

— Alana... — Sussurra ao se aproximar ainda mais, tão perto...

— Hum... — Fecho os olhos quando as duas mãos dele erguem meu rosto, e tenho que dar tudo de mim para não tremer como uma boba ansiosa por seu próximo passo. E novamente sinto a expectativa de sentir seus lábios nos meus, sua respiração toca meu rosto, seu nariz encosta no meu, e eu espero pelo toque de seus lábios, estamos tão próximos que quase posso sentir.

— Alana, eu esqueci de te entregar... — Nos afastamos rapidamente assim que Duda aparece, sorrindo e nos encarando com um olhar culpado, percebendo que nos interrompeu. Dario solta uma risada nervosa, passando as mãos nos cabelos, olhando para as janelas do quarto perdido. Ele baixa a cabeça, meneando-a, parecendo chateado ou confuso, não dá para distinguir, mas me deixou em alerta.

— Me desculpa se interrompi vocês. Só queria deixar meu cartão e essa pequena nécessaire organizadora de brinde para você, Alana. Aqui possui batons, máscara de cílios e gloss. — Eduarda entra no quarto e se senta em um sofá de dois lugares, me chamando para dar uma olhada nos produtos e me mostrando a função da nécessaire, e os compartimentos secretos, como ela sussurrou sorrindo para mim de maneira engraçada. Dario sai do quarto para nos dar privacidade, sem me encarar. Sua postura era rígida, seu rosto estava indiferente, sem vestígio do clima gostoso que estávamos compartilhando agora mesmo. E eu suspiro frustrada. Será até quando vamos ser interrompidos, hein? Quando vamos nos beijar? 

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