CAPÍTULO 51

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               DÁRIO MARTINELLI 

Alana nunca ficou assim tão desesperada. Eu deixo que ela chore, ela tenta se soltar batendo em meu peito com força e tentando escapar dos meus braços, mas não permito. Ouço alguém abrindo uma brecha na porta do meu quarto e vejo que se trata do meu pai e minha mãe. Eu faço um movimento com a cabeça e eles não entram, mas não nos dão privacidade. Não entendo por que, será que eles pensam que estou agredindo ela? Tenho vontade de bufar, mas volto minha atenção para Alana. 
— Ei, gatinha... o que houve? De que monstro está falando? — pergunto, e ela continua chorando.

— Não é nada, Dario, eu me exaltei por causa de suas palavras, achando que pode me dispensar oferecendo proteção. Me desculpa, mas não preciso disso. Sei me virar sozinha. — pede, parecendo se arrepender.

— Não. Eu não a dispensei. Te dei uma opção, é diferente. Jamais te mandaria embora da minha vida, Alana. Agora vai me explicar essa história de monstro. Eu já tinha minhas desconfianças há algum tempo, mas pensava ser um delírio da minha mente. — comento, e Alana nega com a cabeça.

— Não é delírio. — esclarece, me deixando horrorizado.

— Meu padrasto é um abusador, Dario... ele... ele... é um monstro. — ela chora, tão sentida, um choro fraco, triste e cansado.

— Eu... eu estou tão cansada, são tantos problemas sabe? — ela conta, aos prantos.

— Sabe aquele dia que ele tentou invadir meu quarto?

— Sim. — minha voz sai ríspida, e cerro minhas mãos em punho.

— Não foi a primeira e nem a última vez. — ela tenta parar as lágrimas, mas pouco consegue fazer.

— Quando voltei para casa, ele... ele nem estava bêbado e tentou me encurralar. Eu sempre pensei que ele fazia aquelas coisas por causa da bebida, mas não era. Ele não estava bêbado quando me apertou contra a parede e tentou me tocar. — seus olhos estavam vazios, ela não parecia meu raio de sol.

— Se não fosse por Vivian, ele teria feito algo terrível comigo. E eu juro que iria morrer, Dario. Lembra que eu não quis te ver essa semana? — eu confirmo com a cabeça, impossibilitado de responder sem soltar uma enxurrada de palavrões que a assustaria.

— No dia anterior, ele esperou eu chegar em casa e me imprensou na parede. Ele estava são e tinha mais força e destreza do que quando bêbado, e eu não pude lutar com ele, pois ele se esquivava. Eu tive tanto medo, Dario. Se não fosse Vivian, ele teria conseguido. — ela chorou alto, a dor em seu choro rasgou minha alma, dilacerou meu coração, eu cheguei a trancar meu maxilar, tentei respirar fundo e controlar a fúria que estava emergindo do meu ser. Vi minha mãe cobrir a boca e meu pai a puxar para fora. Eu me levanto da poltrona e pego Alana em meus braços, colocando-nos em nossa cama. Eu a ouço chorar baixinho, encolhida. Eu ouço ela derramar sua alma em meu peito em forma de lágrimas, uma agonia tão grande perfura meu peito. Eu bato minha cabeça na cabeceira da cama, a dor aguda e tão conhecida faz o latejar da minha cabeça piorar. Eu passo meus dedos por seus cabelos e costas, tento dar a ela o conforto que ela necessita, que não é de palavras. Não são promessas, não agora, mas eu as farei. Farei milhares de promessas. Eu sabia que Alana sofria algo, tinha certeza que seus olhos tristes não eram à toa. Meu raio de sol sofreu tanto e eu não mensurava o motivo. O quanto que eu gosto de Alana sou capaz de mover mundos e fundos para que ela fique segura e esse desgraçado pague por cada lágrima que essa menina derramou. Meu sangue ferve, a revolta queima em minha pele, eu aperto meu pulso e Alana segura minha mão.

— Não pode fazer nada contra ele, Dario. — diz baixinho.

— Uma porra que não, Alana. Ele tocou no que é meu. — eu nivelo o rosto dela com o meu, fazendo um carinho leve, e meus olhos estão vermelhos, eu sei disso, pois algumas lágrimas não derramadas embaçam minha visão.

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