DARIO MARTINELLI
VARIOS DIAS DEPOIS
Há alguns dias, tenho me refugiado na minha casa na fazenda Pouso Alto. Nunca gostei de ficar aqui por ser grande demais, solitário demais para minha cabeça atormentada por ódio e dor; não era um bom lugar para estar. Mas, de alguns dias para cá, o silêncio parece ser o melhor remédio, sem perguntas das quais não tenho a resposta e nem quero ter. Sem ter que me explicar do porquê meu humor está do cão. Nem ter que justificar as duas semanas que passei sem ir a Albuquerque.
Nesses mais de 28 anos de vida, nunca fiquei tão perdido como estou agora. Nem mesmo o uísque de milhares de reais que tomei ontem me fez ter algum bom senso, só uma ressaca da porra. Já observei Ruth passar pelo corredor da academia umas três vezes, e eu ainda não me cansei de treinar; preciso esgotar todas minhas energias e esse desejo irracional.
Depois de mais algum tempo preso aqui nessa academia, resolvo tomar uma ducha para me livrar do suor e ir ver o que Ruth quer. Sigo para a cozinha e a encontro aflita.
— Aconteceu algo, Ruth? — pergunto ao pegar um copo de suco de maracujá e tomá-lo em longos goles; estava com sede.
— Seu pai e todos os seus dois irmãos estiveram ali na porteira hoje. — quase cuspo o suco que estava tomando.
— Eles disseram se estavam com algum problema?
— Não. Até mesmo um tal de Caetano queria entrar, mas Januário disse que você não estava.
— Certo. Obrigado, Ruth. Vou me arrumar e irei à fazenda. — Saio da cozinha e sigo para o quarto que estou ocupando no térreo; não quis subir para minha suíte. Como disse, a casa é grande demais. Só precisava de um tempo, e aqui pareceu o lugar certo. Daqui a três dias será a festa de comemoração do aniversário de meu pai. Senhor Francesco está ficando mais velho. O casarão está cheio demais, e eu já previa a chegada de Eloá e Corrado. Por isso, resolvi passar os últimos dois dias aqui, recluso, sem contato algum com minha família. Claro que continuei meu trabalho; Joaquim esteve aqui por duas vezes. Ele e meu pai são os únicos que já viram minha casa. Meu pai disse que eu tinha trazido a cidade para Pouso Alto, e eu acabei sorrindo da comparação, mas gostei de ter sua aprovação. Ele pareceu orgulhoso com a arquitetura da casa e a originalidade. Disse que eu deveria deixar mais pessoas vê-la e conhecer meu canto; eu disse que ainda não estava preparado. A verdade é que agora tudo parece tão errado. Minha mente está uma bagunça, nada faz sentido.
Pego meu SUV preto e saio para o casarão. Quando chego lá, vejo a movimentação de pessoas organizando o lounge, assim como algumas estruturas de tendas espalhadas com mesas quilométricas. Minha mãe me vê descendo do carro e vem até onde estou.
— Onde se meteu, Dario? — interrogou preocupada. A abraço e beijo seus cabelos.
— Precisava de um tempo, mãe. Estava em casa. — olhando-me triste passa a mão por meu rosto.
— Sua casa é aqui, filho. É aqui que é seu lar. Lá é muito longe de nós. E se eu precisar de você, hum? Não pode deixar eu e seu pai sozinhos. — sorrio torto pela chantagem emocional da minha mãe; ela não gosta da ideia de eu ter minha própria casa.
— A senhora está um tanto dramática hoje, não acha? — minha mãe fica chateada e levanta o dedo para falar comigo.
— Ouça aqui, seu moleque, me respeite, viu? Eu sou sua mãe. — solto uma risada anasalada.
— Certo, me desculpe. — ela revira os olhos e gruda em meu braço.
— Está com fome? Eu guardei um pedaço do bolo de melado que você gosta de tomar com café. Pede à Conceição que ela sabe onde eu coloquei. — beijo a testa dela novamente.
— Hum, aí a senhora tocou no meu ponto fraco. — ela abre um sorriso enorme de orgulho.
— Vá logo encher a barriga, moleque. Depois venha para discutirmos sobre os preparativos. Preciso de conselhos.
— Certo, minha velha, já venho.
— Me respeite, Dario. Sou sua mãe. — saio de perto dela antes que ela me bata e acabo me esbarrando em Eloá, quase a levando ao chão. Eu seguro em sua cintura, e ela se firma em meus braços. Quando me vê, me abraça forte suspirando ela encosta a cabeça no meu peito. Meu instinto me diz para sair correndo, mas me contenho.
— Olá, Eloá. — minha voz sai mais baixa do que deveria.
— Sinto tanto sua falta, Dario. Sua amizade é tão importante para mim. — confessou ainda abraçada a mim. Eu sinto a falta dela todos os dias, mas não digo isso; tento colocar a máscara de sempre.
— Você quem mora na cidade e não gosta de visitar as humildes pessoas do interior. — sorrindo, ela bate em meu peito de brincadeira.
— Mentiroso, você ultimamente parecia estar morando em Albuquerque. Tem algo lá, hm? — pergunta curiosa, e dou de ombros.
— Talvez... — sorrindo, ela pareceu gostar da ideia.
— Você é um bom partido, Dario. A mulher que ter você na vida dela será uma mulher de muita sorte. Lembro que você amava me surpreender com alguma aventura louca, e eu sempre embarcava nas suas ideias. — sorrio com a memória que ela me despertou.
— Fazíamos uma bela dupla. — Eloá sorri e balança a cabeça.
— Sim, éramos bons amigos juntos. Sinto falta da nossa parceria, de como éramos leves. Como fomos nos perder assim, né? Nossa amizade era tão sagrada. — comenta parecendo saudosa, eu concordo com a cabeça um tanto abalado por toda essa intimidade sem precisão, pois foi ela quem acabou com tudo quando mentiu para mim, quando escondeu coisas tão importantes de mim, me deixando no escuro não importando com nossas promessas, não importando com meus sentimentos. Tudo isso é errado demais para mim. Querendo um pouco de espaço, resolveu comentar algo seguro.
— Como está indo a hípica? — a pergunta a faz sorrir radiante.
— Maravilhosamente bem. Corrado sempre faz tudo para me ver feliz, e eu estou muito feliz por ter meu pedacinho de chão na capital. Sabe como eu amo a vida do campo. E poder ter Corrado e meu cantinho é um sonho realizado. — eu concordo com a cabeça um tanto incomodado.
— Claro, podemos até sair do campo, mas ele não sai da gente. Sempre falo que são nossas raízes. — comento contido.
— Você está coberto de razão. Mas nada se compara à beleza dessas terras, não é? Não sei se por ser carregada das lembranças da minha infância ou por ter minha família, minhas amigas, mas sinto falta de tudo. — ela olha em meus olhos, seus olhos verdes brilhantes que parecem querer desvendar todos meus segredos como antes, e eu desvio o olhar, ficamos em um silêncio desconfortável por algum tempo até que ela resolveu quebrar a tensão.
— A festa parece que será incrível. — comenta. Eu olho por todo o espaço.
— Sim, aposto que tem algum dedo seu nessa mega ornamentação. — ela balança a cabeça, como sempre está muito linda, os cabelos soltos. Eu desvio o olhar quando percebo que estou encarando ela demais.
— Eu posso ter oferecido algumas ideias, sabe, coisa pouca... — Ela continua a falar, mas não presto atenção no que ela diz. Eu só penso quando será que esse sentimento sumirá? Quando será que vou parar de pensar no que poderíamos ter sido? Ou já parei e não percebi? Talvez eu esteja apegado demais a uma ideia que não existe? Será que algum dia me verei livre do desconforto que sinto sempre que a vejo, da raiva, da mágoa de ter sido trocado?
— Você ouviu o que eu disse, Dario? — eu foco em seu lindo rosto e dou meu melhor sorriso, que a faz arquear as sobrancelhas.
— Muito pouco, para falar a verdade. — Ela solta uma risada alta.
— Eu perguntei se aquela sua amiga virá?
— Quem?
— Carina. — pergunta fazendo careta.
— Não estou mais com Carina. Já tem algum tempo. — Respondo.
— Me desculpe, mas eu estava torcendo para que isso acontecesse, não gostava dela. Você merece alguém melhor, Dario, alguém que te traga sentido à vida, que faça você sorrir ser mais leve, e não que te puxe para o buraco... — eu não ouço nada que Eloá diz, eu não gosto de pensar nos meus sentimentos ou eu estaria surtando com todo mundo. O que antes estava tolerável, se transforma em uma tortura e um martírio quando Corrado se aproxima de nós, puxando Eloá para um beijo de língua na minha frente, apertando a bunda dela quase obscenamente. A bile vem em minha garganta e volta, eu saio de lá cego, entro pela porta da cozinha e sigo para o corredor quando esbarro em Paolo, o cuzão não permite que eu passe por ele.
— Por que parece um bicho que fugiu da jaula? — questionou Paolo. Então, Corrado aparece em meu encalço e me empurra com as mãos, fazendo-me cambalear.
— Eu já te dei tempo demais, caralho! Você me evita, mas não para de olhar para minha esposa, com sorrisinhos e conversa mole. Acha que não vi como vocês se tocam, porra. Qual é o seu problema? — eu empurro Corrado, que dá algumas passadas para trás, o enfrentando.
— Eu não suporto você, Corrado. Não aguento ter que olhar para essa sua cara de traidor de merda. Você acredita mesmo que está no direito de cobrar alguma coisa de mim? — Falo e cuspo no chão. Sua expressão é sisuda; ele está com raiva. Eu não me deixo intimidar.
— Você não aprendeu a perder, não é mesmo? Ainda tem esperanças? Acredita mesmo nessa merda doentia? — Sorri debochadamente, olhando-me de escárnio com desprezo.
— Ela nunca te quis, Dario. Aceite isso, conviva com isso. Deixe-a em paz, caralho. E pare de olhar para ela como se... — eu não deixo ele terminar e empurro-o novamente, batendo minhas duas mãos em seu peito, seguro sua camisa, com o punho cerrado pronto para socar a cara dele quando Paolo, Caetano e meu pai entram no meio e me puxam para longe de Corrado.
— Fale, Corrado. Como se o que, ãh? Fale, grite, porra! Quero ver se tem peito para isso... Estou esperando, vamos, diga, porra? — estou tentando me soltar do agarre do meu pai e Paolo para ir até ele e socar sua cara como tenho vontade há anos. Nós nos aturamos em respeito aos nossos pais, mas é só, pois nos repelimos, cada um com suas motivações. Então, aproxima a causadora de toda essa desavença, e ela olha para mim culpada. Ela sabe que é a única culpada por toda essa merda, seu olhar é triste, e por um instante, a olho com nojo e raiva. Então, Corrado a puxa para ele.
Me solto de Caetano e Paolo em um arranco e sigo para fora. Antes que eu consiga pegar meu carro, meu pai e minha mãe me param.
— Você não vai estragar minha festa de aniversário, Dario! — ele fala severamente.
— Não criei dois homens para brigar por causa de mulher. O mundo está cheio delas, várias disponíveis para você. Lembre-se, você é um Martinelli. — aperto minha mão em punho e cerro meus dentes, apertando ao ponto de dor.
— Não quero e nem vou aceitar essa implicância dos dois. Já passou da hora de vocês esquecerem o passado e seguirem em frente. — continuo de costas para meu pai. Meu corpo está rígido, a fúria abrigada em mim está transbordando, sinto meu sangue correr quente por minhas veias, minha respiração está acelerada, e a vontade de socar algo está me engolindo.
— Filho! Não vamos deixar seu pai chateado. — apazigua minha mãe.
— A festa está para acontecer, e precisamos de todos os filhos juntos. Somos uma família, filho. — ela se aproxima e passa a mão por meu braço e faz com que eu abra as mãos.
— Nós nos amamos e nos protegemos acima de tudo. — esse é o lema da família Martinelli, o bordão que nosso pai nos ensinou desde que aprendemos a falar. Eu respiro fundo, ainda com ódio e sede de arrebentar a cara de Corrado, mas por meus pais, eu vou fazer o que é esperado.
— Repita, Dario. — a voz autoritária exige.
— Não vou repetir nada. Não fui eu que comecei. Corrado é um fraco que sempre quer impor seus conceitos e ideais na base da intimidação, pensando que somos marionetes. E não, pai, eu não estava dando em cima da mulher de ninguém. Jamais faria tamanho desrespeito; eu sou um Martinelli! — eu olho para meu pai, que me olha com admiração.
— Eu sei que não, filho, eu criei um homem de valores. — ele se aproxima de mim e me faz olhá-lo nos olhos.
— Você já encontrou o que procura, Dario, apenas está cego demais para perceber. Só torço para não perder ela antes de dar o devido valor. — ele se vai, assim como minha mãe, e eu sigo para longe dali. Nessa hora, meu celular resolve tocar. Era Alana. Eu ignoro a ligação. Não estou com cabeça para falar com ela. Iria tratá-la mal, e ela não merece isso. Ela não merece meu pior, ela não merece o Dario quebrado. Eu ando pela propriedade a fim de encontrar um lugar silencioso. O lugar parece que me chama. Me sento em baixo de uma árvore qualquer e fico ali tentando recuperar a razão. Eu percebo a aproximação de Paolo e Caetano.
— Sempre quando nossos pais brigavam com você, era aqui que se escondia. — diz Paolo, se sentando no chão próximo a mim.
— Esse pé de manga é velho pra caramba. — continua. Eu fico em silêncio, meus joelhos erguidos, e passo a mão por meu rosto.
— Eu nunca faltei com respeito com Eloá. Eu sequer me deixo sentir desejo por ela. Sempre me limito a tratar assuntos sérios e jamais levo as coisas para o pessoal ou para nosso passado. — deixo as palavras saírem. Ela que sempre insiste em tocar no assunto do que vivemos em uma espécie de tortura. Depois que descobri que ela amava Corrado, eu me afastei, fui para BH pra longe deles. Foi lá que a pior coisa da minha vida aconteceu, onde eu me destruí por completo, onde me perdi, me machuquei ao ponto de só restar um corpo morto. Sabe quando as coisas estão ruins e você pensa que não pode piorar? Então acredite, piora e piora muito. Quando a gente já está na merda, enquanto não cai na sarjeta, não para. Houve um tempo que eu pensei que nunca mais iria conseguir me recuperar. Mas aqui estou eu, apenas uma casca do Dario antigo, pois ele não existe mais, não aquele cara descomplicado, sonhador, sorridente. Ele se foi, se perdeu entre a dor e as consequências fodidas dos meus atos impensados. Ninguém da minha família jamais soube o que eu vivi, como foi que eu sobrevivi. Prefiro assim, que nem sonhem com a minha fraqueza. Eu seria a maior decepção da vida deles, o filho imprudente, a vergonha da família. Até hoje me envergonho do que fiz, do crime que cometi, da minha falha de caráter. Um Martinelli. Tenho vontade de rir da piada que eu sou. Se vazasse, mancharia o nome da minha família para sempre, e eles jamais me perdoariam... Eu não me perdoo... não tenho perdão.
— Todos sabemos, Dario, até mesmo Corrado. Ele só sente ciúmes, ele sabe do carinho que Eloá tem por você. — eu bagunço meu cabelo e bato minha cabeça no pé de manga; a dor me cai bem.
— Eu tenho culpa de ter sido amigo dela por uma vida toda? De termos compartilhado segredos, confidências, anseios e dúvidas? De ser nos meus braços que ela encontrava alento? Tenho culpa de ser neles que ela chorava ou sorria? Eu sou mesmo culpado nessa porra? — lanço um sorriso sarcástico para Paolo.
— Quando Corrado soube que você gostava de Eloá, ele pensou em desistir dela, mas eles já estavam envolvidos demais para parar. Sabe aquela química, aquele desejo arrebatador de querer a presença da pessoa a qualquer momento? De não pensar em outra coisa a não ser no sorriso dela? Ou em fazê-la feliz? Quando estamos apaixonados, Dario, não somos racionais, só pensamos em ter mais um pouco daquele sentimento, daquela paz, daquela alegria momentânea e arrebatadora. O amor é uma loucura, cara, e não escolhemos. Às vezes, acho que ele nos escolhe. — eu só consigo pensar em Alana quando Paolo descreve esses sentimentos. Eu estou louco para ver Alana, para ouvir sua risada, ou para escutar as tiradas sem filtro dela. Como ela é espontânea e feliz, eu me afastei justamente por não aceitar que estou novamente caindo. Que novamente alguém está se tornando importante demais para mim, que a presença dela está ficando imprescindível na minha vida. Quando estamos longe, quando não posso vê-la, parece que falta algo importante, que estou só demais, que tudo está errado demais sem sua presença vibrante. Esse sentimento é devastador, eu não quero aceitar isso. Não posso. Passo as mãos por meus cabelos; estou confuso.
— Eu entendo. Não se manda no coração, não é mesmo? — fala Caetano, me observando.
— Não mesmo, Caetano. Eu só penso que esses dois se odeiam por pouca coisa. Ambos só querem o bem de Eloá, e sei que a relação de Dario com Eloá é totalmente platônica. — eu confirmo com a cabeça.
— Eu sou mais é ressentido com essa merda toda. Eu acho que não existe mais o mesmo amor de antes, entende? É mais uma fodida obsessão por ter sido enganado. Nem eu entendo o que eu sinto. Mas não a desejo, não sexualmente. Depois que ela se casou com meu irmão, eu me afastei justamente para isso. Mas o ódio, a mágoa, o rancor, esses sim me dominam, me prendem. — desabafo.
— Você deveria conversar com Eloá sobre esses sentimentos. Talvez o que falta é você desabafar. Botar pra fora. Explanar tudo que sente. Aliviar esse peito e assim seguir em frente.
— Aquele dia, a quase dois anos atrás, nós conversamos. — Paolo nega com a cabeça.
— Vocês se ofenderam, se magoaram, odiaram um ao outro, se machucaram, se perderam. Nunca conversaram. Você tentou fazê-la enxergar o seu ponto de vista, e ela foi dura e assertiva quanto aos sentimentos que possuía por Corrado. Ainda falta um acerto de contas, entre vocês três, e espero que tenham isso antes que seja tarde. — diz Paolo ao se levantar.
— Vou voltar pra dentro. Preciso ver minha princesa Nella, mas pense bem, Dario. Reflita. — ele se vira e vai. Caetano se senta ao meu lado, e compartilhamos o silêncio.
— Você ainda ama Eloá como antes, Dario? — não preciso nem pensar ao responder.
— Não.
— Então, por que não se liberta desse ódio todo? Por que não deixa ir? — sorrio de escárnio.
— Porque sou um Martinelli? — ele bufa.
— Vocês vão terminar se matando. Você lembra da merda que aconteceu, amigo. Não quero que esse ódio e amargura derrubem você de novo. Aquilo te levou para o fundo do poço, Dario. Me preocupo com você, cara. — eu encaro Caetano e engulo o nó que se formou em minha garganta. Eu não o respondo. Não posso. Não quando não sei como fazer. Eu fico ali até me cansar, até minha mãe fazer com que eu volte para dentro. Depois de um banho e de estar no meu quarto deitado, eu ligo para Thiago. Já é tarde. Ele me atende no terceiro toque.
— E aí, Dario, Alana te contou que não quer mais que eu fique na porta dela? — eu me sento na cama.
— Como?
— Isso mesmo que ouviu. Ela disse que não precisa de guarda-costas. Queria me entregar o celular que você deu a ela, dizendo que havia consertado o dela. A menina está furiosa. — mais uma para acabar de bagunçar o caos que já está instaurado em minha vida.
— E a mãe dela se recuperou e disse que você terminou com a filha dela e que iria se ver com ela. Disse que você não era homem. Eu não vou ficar lá amanhã não. — ele explicou.
— Está com medo da Alana?
— Medo? Do jeito que ela anda nervosa, ela vai furar meus pneus. Meu carro é muito precioso. — eu solto um suspiro alto.
— Certo. Está dispensado. Amanhã eu vou lá. — Respondo.
— Boa sorte! Algo me diz que não tem mais conchinha para você lá. — afirmou sorrindo.
— Vai se ferrar, Thiago! — ele continua a gargalhar.
— Vou aproveitar a deixa para ir ao clube. Não quer ir? Bianca está perguntando por você.
— Não, obrigado. Quero distância de Bianca. — Respondo ácido.
— Julgo que você quer distância de mulheres em geral. — eu tenho vontade de rir. Quem diria que eu negaria uma boa foda?
— Mais ou menos isso. Preciso que você entre em contato com Eduarda e peça a ela para levar alguns vestidos ao meu apartamento no sábado de manhã. — eu passo a numeração dos vestidos e mais algumas peças de roupas que acredito que Alana vá precisar. Se terei que enfrentar essa porra de festa, será acompanhado. E quem melhor que meu raio de sol? Sei que não a vi nenhum dia dessas duas semanas, mas não deixo de cuidar dela ou de pensar nela em momento algum, mesmo que eu tente de todas as formas, sempre terminava falhando...
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uma farsa com o milionário
Romance○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...