uma farsa com o milionário

CAPÍTULO 85

                  ALANA REIS

   ALGUMAS SEMANAS DEPOIS 

Minha vida tem sido como um sonho bom, algo como um desejo realizado na fonte da fazenda Martinelli, onde desejei ser completamente feliz ao lado de Dario. São aqueles sonhos de menina de viver um amor verdadeiro, daqueles contos de fadas onde o príncipe nos protege e nos ama verdadeiramente, mesmo conhecendo cada medo, trauma e sonho. Dario é meu príncipe. Mas não me iludo ao dizer que sofremos altos e baixos para estarmos vivendo essa fase maravilhosa juntos. Tenho certeza de que virão obstáculos e adversidades pelo caminho, mas estamos construindo um amor sólido e resistente, que não se abalará por qualquer ventania ou tempestade.

Paizinho e mãezinha fizeram questão que eu fizesse uma viagem ao Rio de Janeiro. A viagem durou sete dias, nos quais morri de saudades de Dario e das minhas amigas. Vivian foi conosco, e como sempre, ela e Marlon não se suportam. Conheci meu outro meio-irmão, Daniel. Ele é um rapaz de vinte e dois anos, sorridente e leve, e não é implicante como Marlon, que descobri, por meio de meu pai, que ameaçou Dario. Fiquei chateada com os dois. Expliquei a eles como Dario era não só especial, mas importante para mim. A cada dia tenho mais certeza de que nossa farsa foi a melhor coisa que nos aconteceu.

Meu pai mora em uma mansão reclusa no Rio. Ele possui alguns funcionários e seguranças de confiança. Paizinho é muito rico, chegando a ser assustador. Não me surpreendi muito, pois já convivi com a riqueza dos Martinelli, mas eles têm rivalidades entre si. Meu pai gosta de colecionar obras de arte e móveis vintage, então a mansão dele tem uma vibe mais retrô. Achei tudo incrível e encantador. Dormi em uma cama com dossel e até tinha cortinas rosas. Meu pai disse que o quarto sempre foi meu, e me senti como da realeza. Não compactuo com a vida que meu pai leva e pouco quis saber no que ele realmente está envolvido. Quando percebia que havia homens estranhos e armados, fugia para meu quarto. Mãezinha e Vivian vieram embora comigo, ela disse que não se acostumaria mais com aquela vida, mas paizinho a convenceu a comprar uma casa maior. Como tenho planos de morar com Dario, ela está pensando em comprar uma casa no Vale do Café, e eu não poderia ficar mais feliz. Estou aqui, olhando sonhadora para o espelho de corpo inteiro do guarda-roupa de Mãezinha.

— Como estou, filha? — Pergunta dona Regina, custei a me acostumar com o verdadeiro nome dela.
— Você está maravilhosa, Mãezinha. Esse vestido a deixou linda. — Elogio sorrindo. Mãezinha quase não tem mais recaídas da doença. Sabemos que infelizmente não tem cura, mas com os tratamentos e medicamentos corretos, ela está conseguindo uma qualidade de vida bem normal em vista do quanto sofria antes. Às vezes penso que minha mãe sofria com muitas dores por desgosto e tristeza. Acredito que a depressão agravou a situação da artrite reumatoide. Hoje, mãezinha só tem motivos para sorrir, e ouvi dizer que eles já deram umas namoradas.

— Vai ser a primeira vez que vou participar de um evento dos Martinelli. — Comenta entusiasmada. Dario nos chamou para irmos ao Rivera em um almoço para ele apresentar nossas famílias. Mãezinha não fala em outra coisa, está ansiosa.  

— Você vai amar, mãezinha. A família do Dario é incrível, são todas pessoas excelentes. — asseguro. Depois daquele desastre em que Carina desmascarou Dario, eu não tive contato com a família dele. Vai ser a primeira vez, e estou um tanto ansiosa também. Sei que Ana sempre aprovou meu relacionamento com Dario, mas o deixei mal, o abandonei quando mais precisava de mim, e não me orgulho do que fiz. Mas precisava de um tempo, precisava pensar, e me arrependi na mesma hora que saí de sua casa. Não tinha como correr atrás dele sem saber se ele me queria por perto, e isso ainda me consome, a culpa de ter deixado o amor da minha vida, quando ele nunca soltou minha mão quando precisei. Tenho medo de que a admiração que ela tinha por mim tenha passado.