ALANA REIS
ALGUNS DIAS DEPOIS
Quando as coisas parecem boas demais para serem verdades, algo desanda, será por que? Eu segui o conselho de Ana Martinelli, afinal, se estou na chuva é para me molhar. Mas do nada, Dario se afastou de mim, não fisicamente, mas mentalmente. Depois que ele me buscou do trabalho, chegamos em casa, tomei um banho e pensei que faríamos nossas brincadeirinhas de sempre, mas não rolou. Ele já estava dormindo quando cheguei ao quarto. No dia seguinte, maratonamos o desenho que eu queria, mas sem nenhum toque ou beijos. Foi apenas a companhia um do outro, onde Dario se distanciou emocionalmente. Depois, ele disse que eu poderia nadar na piscina se eu quisesse, mas eu neguei e fiquei assistindo várias séries, enquanto ele trabalhava. E então, dormimos novamente sem nos tocar, apenas alguns beijos contidos, e depois ele me trouxe para casa.
— Que cara é essa, Alana? — Indagou Fê.
— Dario está estranho. — Comento com Fê e Jessica. Estávamos em uma sorveteria próxima ao trabalho; era sexta, e saímos cedo, já que não pegamos o turno da noite essa semana.
— Você pelo menos chegou a deixá-lo tocá-la, Alana? — Jessica lançou a pergunta direta.
— Nos meus seios. Às vezes nos pegamos mais calorosamente. — Tento ser clara como posso.
— Sua aversão por toques masculinos diminuiu? — Fê quis saber preocupada.
— Eu não consigo sentir aversão aos toques de Dario, meninas. Ele é carinhoso e quente, ele é maravilhoso. — Suspiro.
— Mas? — Incentiva Fê.
— Tenho medo, meninas... Minha primeira vez foi tão traumática. — Reclamo ao lembrar da pior noite da minha vida.
— Eu já disse um milhão de vezes que aquilo não foi sexo, Alana. Aquilo que aconteceu com você tem um nome muito diferente, e aquele cara merecia uma surra. — Jessica altera a voz ao falar o que pensa de Matias.
— Mas todo mundo fala que sexo dói na primeira vez, Jéssica. — Tento de alguma forma argumentar.
— Claro, Alana. Pegar você por trás em um banheiro imundo de bar, sem nenhuma preliminar, nem mesmo ver se você está molhada, e enfiar um pau em você sem preparação alguma é normal. — Sentencia rudemente Fê.
— Me perdoa, Alana, mas aquilo não foi sexo. — Fê tem razão sobre isso.
— Vocês sabem... — Elas não deixam eu terminar.
— Pelo amor de qualquer coisa, Alana, não vai lá. — Implora Jessica em pânico. Todas ficamos em silêncio. Minha vida já foi tão complicada, eu já quis morrer tantas vezes, a dor já se tornou parte fiel do meu ser, e conhecer alguém que não me causa dor é assustador. Dario não exige nada, ele apenas me dá. Mas no fundo, eu sei que nada mudou, que eu não passo de um relacionamento falso. E isso me dói, pois para mim, ele se tornou tudo.
— Sabe qual é o meu maior medo, meninas? — Elas negam com a cabeça.
— É que quando tudo isso acabar, não vai sobrar nada de mim. — Algumas lágrimas deslizam dos meus olhos e caem livremente pela mesa.
— O pouco que eu tenho de fé, esperança, felicidade, o pouquinho que existe de força em mim, meninas... — Mais lágrimas descem. Elas levantam da cadeira e me abraçam, choramos juntas como sempre fazemos. Uma pela outra, sempre.
— Estaremos aqui como sempre, Alana. — Diz Jéssica.
— Vamos colar cada caquinho, amiga. No fim, dará tudo certo, e você será o que sempre é. — Evidencia Fernanda.
— Forte como uma rocha, resiliente, uma guerreira. — Falam as duas como se fosse um mantra. Mas dessa vez, elas estão erradas, pois Dario está com meu coração. E eu sei que ele vai quebrá-lo. E eu já posso sentir o quão doloroso será quando acontecer.
— Por que pensar no fim, Alana? — Pergunta Jéssica, e eu olho para ela.
— Conquiste ele. Faça ele amá-la. Você é cativante, Alana, e a vivacidade em pessoa. Roube o coração dele como ele roubou o seu.
— Jéssica tem razão, Alana. Se você gosta dele, se ele te faz bem, lute por ele, vá à guerra, esbofetee quem for, mas pegue aquele coração. — Eu observo o nada por um tempo, absorvendo o que as meninas disseram.
— Como farei isso, meninas? Como roubar o coração de um homem como Dario? Ele pode ter a mulher que ele quiser. — Esclareço entristecida.
— Mas quem é que dorme todos os fins de semana na cama dele? Com quem ele faz questão de passar todos os dias de folga? — Insiste Fernanda.
— E se for só sexo? E se depois ele desistir?
— Se você se empenhar em conquistar o coração do seu milionário, amiga, não será só sua “priquitinha” que ele vai desejar. Ele não vai querer mais desgrudar de você, ele não terá mais olhos para mulher alguma. Só existirá você. — Afirma Jessica.
— E como faço isso? Como faço um homem como Dario me desejar ao ponto de perder a cabeça e não querer mais me deixar? Como faço ele me amar? — Indago com as lágrimas de volta.
— Seduzindo ele, sendo ousada, um tantinho abusada, compreensiva, um pouquinho safada. Eu e Jessica podemos te dar algumas ideias, e você coloca em prática. Você disse que ele está se distanciando. — Ela me encara, e eu confirmo.
— Então faça ele retornar, Alana. Comece por comprar uma camisola sexy, pode ser até mesmo um baby-doll com rendas. Eu achei uns na Sheila, maravilhosos. Você pode vestir ele quando for dormir na casa dele. — Aconselha Fernanda. Me bombardear com conselhos, e eu prometo usar alguns e dizer se funcionou ou não.
— isso Alana mostre a ele que essa guerra já está ganha. — vibra Jéssica.
— faça com que essa farsa com o milionário se torne algo real. — incentiva Fernanda. Eu vou tentar, já não tenho nada a perde, o que vier será lucro. Passamos a tarde comprando algumas coisinhas para usar na minha mais nova tática de conquista. Depois que cheguei em casa Dario me ligou e disse que iria demorar um pouquinho a chegar, eu aproveite e organizei a casa e depois tomei um longo banho e coloquei uma das roupas novas que eu comprei. Estava no meu quarto quando Vivian me surpreendeu.
— hum, para que esse preparo todo em irmã. — pergunta ao pegar um pouco do meu hidratante e passar no corpo. Nos não somos amiga, ainda sou ressentida por tudo que Vivian me fez sofrer, apenas nos damos uma trégua não tocamos no nome do monstro que fez nos duas a ter essa convivência pacífica.
— Mãezinha e Jorge brigaram hoje. E ele saiu para beber. — a encaro e nos duas sabemos o que isso significa.
— Tome cuidado Alana, terei que sair por algumas horas. Não queria te deixar sozinha em casa, achei que Dario chegaria mais cedo.
— Ele disse que teve um imprevisto.
— Tome cuidado e qualquer coisa me ligue. — ela pede e está saindo do meu quarto.
– Por que Vivian? — indago de costa para ela.
— Por que o que Alana? — desconversa.
— Me ajudar agora? Você nunca me suportou, sempre me humilhou, nos nunca fomos amiga. — libero as perguntas que guardei por tanto tempo. Ela volta e olha para meu guarda roupa passando a mão pelo móvel procurando por poeira.
— Eu pensava que você gostava Alana, eu julguei que você queria aquela atenção indesejada. E eu odiava você por não tomar uma atitude, por permitir aquela monstruosidade, e sempre no outro dia acordava com um sorriso no rosto, como se não tivesse vivido um inferno, como se um monstro não tivesse fodido sua cabeça e violado seu corpo. Eu as vezes era obrigada a presenciar aquilo e sentia asco, repulsa, nojo e enjoos. Eu ficava me perguntando como você não ficava revoltada? Por que acordava feliz no outro dia? Por que não arrumava uma forma de castiga-lo? Por que não transformava a vida dele em um inferno? E isso me fazia desprezar você, me fazia abominar você ao ponto de te achar uma imunda. — com essas palavras Vivian se vai deixando meu mundo em pedaços. Eu poderia gostar de algo tão macabro e horripilante? Poderia agradar de algo que me trás pesadelos horríveis? Que me fez entregar minha virgindade a um bêbado a troca de afastar tudo aquilo de mim? Será mesmo que eu gostei? O choro sentindo irrompe por minha garganta tão profundo e doloroso como o sangrar do meu coração, o desespero vem forte, e eu tenho vontade de grita, de arrancar meus cabelos, de perfurar a dor que me invade de alguma forma, e então minha mãe entra em meu quarto e me olha assustada.
— Alana por Deus o que é isso filha? — eu não digo nada, a dor é agonizante demais para explicar a ela o que estou sentindo, por que é ela quem causo esse amargor esse sentimento profundo de ter falhado, de ter aceitado algo inaceitável, por ter me calado por tantos anos. Mãezinha, me abraça e chora comigo a dor que estou sentindo, e que ela nem sonha em saber quem foi o causador. Ou será que sabe? Será que a mãezinha nunca percebeu? Será que nunca viu os olhares dele, os toques íntimos demais? Nunca notou minhas roupas sujas? Meus medos, traumas e receios ao ficar no mesmo local que Jorge? Será mesmo que ela é tão inocente assim? E se for, quão ruim eu sou?
— Oh, querida, não chore assim. Por que você está sofrendo, Alana? O que fizeram com você, querida? — interrogou. Será que, se eu contasse tudo que passei, ela me perdoaria? Será que ela me culparia? Me rejeitaria como filha? Acreditaria em mim? Ou eu seria a culpada? Queria tanto libertar minha alma dessa dor, dessa prisão, do abismo em que me encontro. Queria tanto contar a ela e, de alguma forma, me curar. Como alguém consegue pensar que eu gostei daquilo, sendo que sou atormentada dia e noite por essas lembranças horríveis, sendo a causa de repudiar toques masculinos. Meu coração sangra tanto, e então ouço o barulho de passos e mais passos, e um Dario com a expressão assassina e olhar confuso aparece na porta do meu quarto.
Eu me solto da minha mãe e pulo em seus braços, e ele me ampara, me segura tão forte e tão reconfortante, era o que eu precisava, alguém que eu sei que não vai me repudiar. Ele entenderia, ele saberia que eu não gostei. Ele saberia que não era por querer que eu aceitei. Ele me pega em seus braços e diz algo para minha mãe que nos deixa a sós. Ele se recosta na cama comigo em seu colo e então beija meus cabelos. E eu fico ali chorando, sentindo seus dedos traçando desenhos complexos pelas minhas costas. O silêncio dele é respeitoso e cúmplice, é tudo que eu precisava e não sabia. Eu não preciso de palavras de consolo ou de promessas, eu só preciso de segurança, paz, de algum lugar em que posso me abrigar sem me preocupar em ser encurralada, apalpada ou molestada sem meu consentimento. Quando minha respiração se normaliza e as lágrimas secam, agradeço a ele.
— Muito obrigada! — ele deixa um beijo suave em minha cabeça.
— Não precisa agradecer, Alana. Eu ouvi seu choro tão doloroso que tive que entrar, fiquei preocupado. Alguém machucou você? Quem eu preciso caçar? — eu acabo sorrindo com sua frase e ele parece sentir um pouco de alívio.
— Você é um mercenário agora, Dario? — pergunto fungando e sorrindo.
— Não, mas não tenho objeção em virar um por você. — afirma tão convicto que, se ele não possuísse meu coração, seria dele agora mesmo.
— Isso é bom. — Respondo, e ficamos nos encarando pelo que parece horas, até ele deixar um beijinho no meu nariz.
— Você não me respondeu. — insistiu.
— Vivian me disse algo que me magoou, eu já não estou tão bem emocionalmente e então o que ela me disse me sobrecarregou, e o resultado foi essa crise de choro patética. — tento simplificar.
— Sua irmã é uma pirralha maldosa, não vou com a cara dela, muito menos com a do Claudio. — expressa sua aversão por Cláudio e Vivian. Eu não posso negar que também tenho aversão a algumas atitudes deles.
— Está melhor, Alana?
— Sim, obrigada. — ficamos ali em silêncio, e só então percebo que estou no colo de Dario, deitada com a cabeça no peito dele.
— Como foi seu dia? Trabalhou muito hoje? — perguntou curioso.
— Bastante, Dario. Mas saí um pouco com Jessica e Fernanda, fomos às compras. Há tantos anos não sabia o que era entrar em uma loja para comprar roupas, e hoje me esbaldei. — Tento descontrair o momento ruim de antes.
— Isso é muito bom, Alana. Você trabalha demais, merece um agrado. — Eu concordo com minha cabeça.
— E você fez o que hoje? — minha vez de querer saber.
— Eu estava no Vale do Café, hoje o dia foi puxado, e meu pai não queria que eu viesse, disse que precisaria de mim lá para uma reunião com meus irmãos e alguns empresários. — explica.
— Nossa, Dario, por que não ficou? —perguntei preocupada.
— Não poderia deixá-la sozinha, Alana, então a reunião foi marcada para o Executive Rivera Dining. E quero que você participe. — informa, e eu o encaro com certa tensão.
— Eu?zinha?
— Sim, vocêzinha. — eu gargalho.
— Essa palavra nem existe, Dario. — ele sorri contido.
— Agora existe. — eu reviro os olhos. E ele bate a pontinha do dedo dele no meu nariz, parece ser uma espécie de carinho que ele parece ter criado para nós dois.
— Vai ser quando? — ele me encara e sorri genuinamente.
— Amanhã às dezenove, então se prepare para me acompanhar, viu. — eu me acomodo em seu colo, e acho que não foi a melhor das ideias, já que minha bunda encaixou em seu membro e ele soltou um gemido dolorido.
— Oh, machuquei você? — coloco a mão na boca e já vou me levantando quando ele me segura no lugar. Ele não diz uma palavra, mas sua boca busca a minha com um desejo esmagador, eu solto um suspiro, e ele segura meus cabelos em punho e, com a outra mão, ele segura meu maxilar; o beijo é erótico e sexy e incrivelmente excitante. Eu me remexo em seu colo involuntariamente, e ele me aperta ainda mais contra seu corpo e sua ereção. Ficamos loucos de desejo, eu estava subindo pelas paredes, ele estava com uma de suas mãos em meu seio, o apertando entre os dedos, e isso me fazia gemer baixinho de prazer. Ele desce beijando meu pescoço com a boca aberta, a barba roçando, criando arrepios por partes inimagináveis. Eu continuo me esfregando nele, gostando do comprimento e grossura pressionando minha bunda, quando alguém bate a porta, e tivemos que parar nosso beijo, nossas respirações estavam alteradas, a nossa cara de tesão reprimido era visível. E então, mãezinha abre a porta, eu estava sentada ao lado de Dario, que estava com uma almofada no colo, fingindo mexer no celular.
— Eu fiquei preocupada com você, filha. Queria saber se está tudo bem? — pergunta carinhosamente.
— Estou... bem, mãezinha. Obrigada por se preocupar comigo. — vou até ela e a abraço apertado. E ela cochichou em meu ouvido.
— Usem camisinha! — eu fiquei roxa de vergonha e, para acabar de humilhar, Dario teve uma crise de riso e minha mãe se juntou a ele.
— Não façam nada que eu não faria, meninos. E juízo!
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uma farsa com o milionário
Romance○ Slow Burn ○ Friend To Love ○ Fake Date ○ Mocinho Protetor ○ Mocinho quebrado Dario Martinelli, aos 28 anos, é um homem de negócios bem-sucedido que acreditava ter toda sua vida planejada milimetricamente. Metódico, imaginava ter tudo sob controle...