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Depois de organizar todas as caixas com sua filha no quarto de Mavi, Vera sorriu para a jovem ao vê-la no sofá, apresentando uma feição de que nunca havia sido afetada.

— Se sente melhor, Mavi?

— Eu estou me sentindo muito bem sim, dona Vera. O Adam soube me ajudar de verdade e parece que eu nem desmaiei — sorriu.

— Ah, que maravilha! — ela se sentou lado de Mavi  — Está preparada para amanhã?

— Estou bem nervosa, na verdade — confessou — E se eu não souber dizer nada na hora? E seu eu gaguejar, e se eu fizer tudo der errado?

— Ah, não, minha princesa — a puxou para seu peito com um dos braços — Você vai se sair muito bem, e eles verão o quanto você é essa menina maravilhosa!

— Você me acha assim?

— É claro! — a apertou contra si — Na verdade, desde o primeiro momento eu que eu te conheci, Mavi. Eu senti que você era uma menina diferente.

— Diferente como?

— É difícil de explicar mas... eu não sei. Com o sorriso puro que você me deu, com esses olhinhos tão cintilantes. Eu soube no mesmo instante que eu nunca tinha visto ou conhecido alguém como você.

Vera permitiu fechar os seus olhos, e com Mavi tão perto do seu coração. Desejou por um momento que ela fosse a que ela fosse a bebezinha que sequer pôde carregar nos braços e ninar, que não pôde dar todos os brinquedos que pediu nos corredores das lojas, ou que a cobriu com todo o seu amor e conforto.

Todo o seu desejo lhe apertou a garganta e fez lágrimas caírem uma atrás da outra de seus olhos. Ela fungou, limpou o nariz e abriu os olhos. Porém, sentiu seu coração amolecer dentro do peito ao ver Mavi dormir como uma criancinha indefesa de qualquer mal, em seus braços. Sua mão escorregou afastando as mechas claras da jovem para trás, num sussurro a chamou mas sequer obteve resposta.

Vera chegou a rir baixo com a facilidade que a jovem tinha dormido em seus braços. Mas seu coração doeu ao pensar no quanto aquela jovem vinha lutando para sobreviver não só com aquela dor da perca de Genésio em sua vida, mas com tantas outras puderam aparecer.

Ramón surgiu lentamente com sua cabeça na porta do quarto.

— Eu estava te procurando pela casa toda.

Ela pediu silêncio fazendo um som com os lábios, Ramón suspendeu as sobrancelhas ao notar o motivo de sua irmã pedir o silêncio.

— Me ajude a levar para cama — pediu Vera, mesmo com o coração desejoso de permanecer com a menina em seuss braços.

— Tudo bem — murmurou Ramón, se aproximando e esticando os braços para envolver a garota com cuidado. — Pra o seu tamanho até que você é bem pesadinha, em.

Vera o olhou com reprovação.

Ele se virou indo em direção a cama, deitou Mavi com cuidado antes de Vera puxar o cobertor. Antes de deixar o quarto, a mulher fez questão de dar um beijo na cabeça de Mavi.

— Pelo visto, ela já encantou o seu coração, não é mesmo? — questionou Ramón, ao ver Vera fechar a porta do quarto.

— E tem como não se encantar por essa menina?  Ela tem um jeitinho tão doce, carente... e merece ser envolvida por todo o amor do mundo.

— É — deu de ombros — Isso eu não posso discordar de você, minha irmã... mesmo que Mavi diga tão bem de quem a criou e deu toda a assistência necessária para que tivesse pelo menos o básico do seu estudo, ela ainda carece de receber mais amor e atenção.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora